Liminar de Gilmar da blindagem repercutiu mal nas redes O ministro do STF, Gilmar Mendes, durante sessão de encerramento do Ano Judiciário | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 19/12/2023 ATIVAWEB

Liminar de Gilmar da blindagem repercutiu mal nas redes

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Das 1,3 milhão de menções à sua decisão de limitar poderes do Senado contra ministros do STF, 989 mil foram negativas

A decisão desta semana de Gilmar Mendes em restringir a legitimidade para a abertura de processo de impeachment contra ministros do STF repercutiu mal nas redes sociais. Nas 48 horas posteriores à decisão de Gilmar, a internet reagia contra: a cada 10 menções ao tema, 7,4 eram negativas; 1,8 neutras e 0,7 positivas.

Nesse período, a Ativaweb – especialista em comportamento nas redes sociais – identificou 1.333.190 menções nas plataformas Facebook, Instagram, X, TikTok e YouTube.

Em números absolutos, foram 989.227 menções negativas, reforçando a dominância do frame emocional. Os temas mais presentes foram: “ditadura/autoritarismo”, “usurpação de poder”, “Senado omisso”, “inconstitucionalidade” e comparações internacionais alarmistas.

Gilmar Mendes foi alvo de críticas no Senado, de dezenas de senadores ao próprio presidente, Davi Alcolumbre. O ministro, num evento do Jota, chegou a associar sua medida às ameaças de bolsonaristas de elegerem o maior número de senadores em 2026 para terem força para afastar ministros da Corte.

Segundo a leitura técnica da Ativaweb, o debate deixou de ser jurídico nas primeiras horas e se transformou em uma arena de deslegitimação institucional, impulsionada pela circulação de vídeos curtos, cortes fora de contexto e posts de alto alcance.

O publicitário e responsável pela Ativaweb, Alek Maracajá, analisou o resultado:

“Os dados mostram que a discussão escapou totalmente do campo jurídico. O que vemos é uma batalha narrativa altamente emocional, onde a viralização se sobrepõe à precisão. Quando, em cada 10 menções, mais de 7 são negativas, não estamos diante de um debate estamos diante de um alerta. É o tipo de movimentação que corrói confiança, amplia ruído e pressiona o sistema político para respostas rápidas.”

Para ele, a liminar de Gilmar se tornou o gatilho, mas o fenômeno é muito maior: “É a criação de um ambiente onde cada corte de vídeo vira combustível. Nosso papel com a Ativaweb é medir, interpretar e antecipar o impacto dessas dinâmicas antes que elas transbordem para a vida real.”

Mas essa crise pareceu arrefecer de sexta para este final de semana. O relator do projeto sobre o assunto, Weverton Rocha (PDT-MA), concorda com Gilmar Mendes de que para se conseguir o afastamento de um ministro do STF são necessários dois terços dos votos dos senadores, ou seja, de 54. Pela atual lei, bastante a maioria simples de 41 presentes na sessão. Ou seja, de apenas 21 votos a favor.

 

 

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