Especialista em redes, Alek Maracajá diz que ministra sai fortalecida não por compaixão, mas por sua resiliência e que senadores vivem “julgamento digital”
A sequência de ataques e violência contra a Marina Silva na Comissão de Infraestrutura do Senado, ontem, gerou uma onda de solidariedade à ministra do Meio Ambiente. Em dez horas, das 13h às 23h, o nome Marina Silva gerou 5.213 postagens monitoradas, com uma estimativa de 11,2 milhões de pessoas diretamente impactadas.
O estudo é da empresa Ativaweb, de monitoramento digital, feito para o Canal MyNews. A análise de sentimento com base nos posts de maior alcance revelou 82% de apoio a ministra, 10% com tom neutro ou informativo e apenas 8% com críticas, concentradas em perfis ideologicamente adversários.
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O responsável pelo levantamento, o publicitário e pesquisador em redes sociais Alek Maracajá, registrou três frases mais replicantes: “Não merece respeito”, “Se coloque no seu lugar” e “Não é mulher submissa”. As duas primeiras se tratam de ataques, respectivamente, dos senadores Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO). Marina reagiu a ofensiva dizendo não ser submissa, quando tentaram lhe silenciar.
“A resposta de Marina, de não ser submissa, tornou-se um mantra digital, expressão utilizada para reafirmar a autonomia, firmeza e protagonismo da ministra diante de um ambiente considerado hostil e patriarcal. A frase ‘não é mulher submissa’ viralizou porque representa todas que se recusam a aceitar o silenciamento. Marina se tornou espelho e escudo”, entende Alek Maracajá, na imagem abaixo.
O publicitário e pesquisador digital Alek Maracajá, responsável pela Ativaweb, especialista em levantamento nas redes | Foto: Arquivo Pessoal
Para o estudioso em redes sociais, a audiência da ministra Marina Silva no Senado revelou muito mais do que uma troca de falas ríspidas. “Ela escancarou o quanto o espaço político ainda reproduz estruturas opressivas de gênero e raça – e o
quanto a sociedade civil conectada está disposta a reagir”.
E diz que o ambiente digital não é mais apenas um reflexo da política institucional, é um campo de embate legítimo, imediato e poderoso. “Marina saiu do episódio fortalecida. Não pela narrativa da dor, mas pela reafirmação de sua autoridade, coragem e resiliência”.
Senadores em julgamento digital
Os números, diz Maracajá, permitem e autorizam concluir que “os senadores envolvidos enfrentam agora um julgamento digital contínuo, que pode afetar diretamente suas imagens e confiança pública. Num tempo em que reputação é algoritmo, as
consequências não se limitam aos corredores do Congresso”.
No estudo, as hashtags dominantes do movimento foram: #solidariedade, #repúdio, #naopassarao, #alutacontinua, #violênciacontra mulher e #marinasilva.