Nascido no dia do AI-5, Moraes apoiou as vítimas da ditadura Moraes nasceu em 13 de dezembro de 1968, dia do AI-5, conduziu a condenação de Bolsonaro e foi ovacionado em show de Alcione: "sem anistia" | Fotos: Arquivo Nacional e STF

Nascido no dia do AI-5, Moraes apoiou as vítimas da ditadura

Em show de Alcione, em Brasília, o ministro do STF, presente, foi anunciado pela cantora e ovacionado com o grito de “sem anistia”

Num show de Alcione, em Brasília, no último final de semana, o ministro Alexandre de Moraes teve sua presença anunciada pela cantora e foi muito aplaudido e ovacionado pelo público aos gritos de “sem anistia”. É a palavra de ordem entoada pelos opositores de Jair Bolsonaro e seu grupo político que tentaram dar um golpe no país e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Num camarote, Moraes retribuiu com acenos.

A defesa da normalidade institucional, o rechaço às ameaças ao estado democrático de direito e a intransigência contra tentativas de golpe de Estado acompanham o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), desde algum tempo. No julgamento de Jair Bolsonaro e seus oficiais, que tentaram impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, ficou clara a postura de Moraes sobre esse tema.

Leia Mais: Moraes vota por condenar Bolsonaro por golpe de estado

O acaso, a natureza e a fortuidade colocaram ainda um tempero nisso: Moraes nasceu no dia 13 de dezembro de 1968, dia em que os militares da ditadura endureceram ainda mais o regime. É a data de “aniversário” também do famigerado AI-5 (Ato Institucional número 5), considerado o golpe dentro do golpe: o Congresso foi fechado, opositores do regime foram perseguidos, mortos e desaparecidos, a censura foi adotada como método contra a imprensa.

Moraes foi ministro da Justiça por nove meses, entre maio de 2016 a fevereiro de 2017, no governo de Michel Temer, quando foi indicado para o STF, após a morte do ministro Teori Zavascki. Sob seu guarda-chuva, na pasta, estava a Comissão de Anistia, que julga a perseguição da ditadura a opositores do regime.

Eneá Stutz, Alexandre de Moraes e Almino Afonso, em reunião da Comissão de Anistia, em 2016 | Foto: Arquivo pessoal

Para presidir essa importante comissão, Moraes nomeou Almino Afonso, um nome histórico da esquerda, que foi ministro de João Goulart e, perseguido pela ditadura, viveu no exílio. O então ministro da Justiça se dedicou de forma interessada pela comissão, participou de reuniões e apoiou a concessão de anistia, com reparação econômica, às vítimas do regime. Poucos ministros deram tanta atenção ao tema.

Depoimentos colhidos pelo MyNews lembram da participação de Moraes nesses encontros, como num que ocorreu na Faculdade Direito no Largo do Machado.

“O ministro era muito interessado no assunto, fazia questões de participar das reuniões, apoiava a causa dos  anistiados e, com frequência, contava que havia nascido no dia do AI-5. Sempre repetia isso. Como se fosse uma coincidência necessária. Nasceu naquele dia para depois combater o que esse ato pregava, como o golpe e a derrubada da democracia, como vimos no julgamento do Bolsonaro no STF”, disse a anistiada Rosa Cimiana, que acompanha o assunto da anistia política desde a redemocratização e é das mais assíduas nas reuniões dessa comissão.

“E, agora, o vemos sendo recebido pelo púbico do show aos gritos de ‘sem anistia’. Não nasceu à toa em 13 de dezembro de 1968. É um predestinado”, completou Cimiana.

Clique neste link e seja membro do MyNews — ser inscrito é bom, mas ser membro é exclusivo!

Relacionados