Foto: Evandro Éboli/MyNews
Parlamentar faz duras críticas a megaoperação feita nos Complexos da Penha e do Alemão, que deixou um lastro de mortes e insegurança
O deputado federal pelo Rio de Janeiro, Otoni de Paula, dispensa apresentações. Se no passado ele foi considerado bolsonarista, hoje mudou bastante e chama atenção pela proximidade com Lula e por defender pautas consideravelmente mais chamativas à esquerda. Ele falou com exclusividade ao canal MyNews, em Brasília, durante entrevista ao nosso diretor de jornalismo, Evandro Éboli.
O assunto não poderia ser outro. O parlamentar do MDB, do Rio de Janeiro, não poupou críticas ao governador Cláudio Castro (PL), uma semana depois da megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão, que deixou mais de 121 mortos, a ação mais letal da história do Brasil e do estado. Pastor de origem, Otoni afirma que operações desse tipo não acontecem na zona sul.
“Você mata um traficante e já tem dez na fila para o lugar dele. Nada muda. Agora anunciaram mais dez operações. Se essa operação matou 121 traficantes, dez operações matariam 1.210 traficantes. Faleceram quatro policiais; em dez operações seriam 40 policiais mortos. Isso é tratado como efeito colateral. Resta saber qual policial vai morrer. Em cada uma dessas operações perdemos, em média, 48 horas de aulas e o comércio fica fechado. Multiplica isso por dez e veja quantas aulas e quanto comércio serão afetados. Tudo isso só vale porque acontece em comunidades pobres e periféricas. Não acredito que o governador tenha coragem de fazer essas megaoperações na Rocinha, onde mora gente influente: desembargadores, filhos de empresários que estudam em colégios internacionais. Basta uma bala perdida para atingir esses lugares. No Complexo da Penha não é assim: ali ficam Ramos e Olaria, bairros de população preta, pobre e sem voz”, disse Otoni de Paula.
Na mesma semana da megaoperação, Otoni e outros parlamentares do Rio de Janeiro foram até a Vila da Penha, acompanharam as famílias e observaram a situação dos locais após todo o ocorrido. Nas redes sociais, ele virou alvo de ataques por criticar a ação do estado nas comunidades.
Curtiu esse conteúdo? Tem muito mais esperando por você: entrevistas completas, livros eletrônicos e livros exclusivos para membros, a partir de R$ 7,99/mês.
Clique aqui e seja membro do MyNews — ser inscrito é bom, mas ser membro é exclusivo!