Jornalismo Independente
Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, em entrevista ao programa De Frente com Blogueirinha | Foto: Reprodução/Instagram
Felipe Bressanim Pereira tem 27 anos e começou a produzir conteúdo de humor para internet em 2017
Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, é um youtuber e humorista que “quebrou a internet” e estampou os principais jornais do país nos últimos dias após publicar um vídeo, na última quarta-feira (6), denunciando o influenciador paraibano Hytalo Santos e outros criadores de conteúdo por exploração de menores.
Em menos de uma semana, o vídeo de denúncia, que possui quase 50 minutos de duração, já alcançou mais de 31 milhões de visualizações no YouTube. Na sexta-feira (8), o perfil de Hytalo Santos no Instagram, onde eram publicados alguns vídeos com menores de idade, saiu do ar.
Alternando entre sarcasmo e seriedade, Felca expôs não apenas a adultização infantil, impulsionada pela monetização e pelos algoritmos das plataformas, mas também a rede de criminosos ligados a pedofilia que se aproveita do ambiente digital para compartilhar conteúdo criminoso.
Segundo Felca, grande parte da pesquisa e monitoramento das contas denunciadas no vídeo, que levou quase um ano para ser produzido, foi feita por meio de suas contas pessoais nas redes sociais, o que levou pessoas a o acusarem de consumir conteúdo envolvendo menores. Ele afirmou que moveu mais de 200 processos por conta das acusações e que eventuais valores recebidos em decorrência das ações judiciais serão doados para caridade.
Em entrevista ao podcast PodDelas, o humorista revelou que passou a andar com carro blindado e segurança para se proteger de ameaças depois que começou a denunciar o envolvimento de influenciadores com as bets e, agora, com a exploração de crianças e jovens.
“[Estou recebendo] muitas [ameaças], de assuntos delicados. Muitas, muitas. Comecei a andar com carro blindado e segurança. Muitas ameaças, sim. A questão das bets, por exemplo, vieram muitas ameaças. A questão da adultização existe uma ameaça de processo. Provavelmente existe e a gente conta com isso, que vai existir alguns processos aí. Mas é o lado da verdade. Se ninguém fala, ninguém vai falar”, afirmou.
Felipe, ou Felca, é um criador de conteúdo de 27 anos nascido em Londrina, Paraná, mas que atualmente mora em São Paulo. Ele começou seu canal no YouTube em 2017, produzindo vídeos de humor e react, reagindo a conteúdo, produtos e serviços de terceiros.
Com mais de cinco milhões de inscritos no Youtube e 15 milhões e meio de seguidores no Instagram, Felca virou um dos assuntos mais falados na internet pela primeira vez ao publicar, em 2023, um vídeo humorístico testando a base para maquiagens da marca WePink, da influenciadora Virgínia Fonseca.
Em 2024, ele testou outro produto polêmico da marca, passando a ser considerado, pelos internautas, como “o maior pesadelo” da empresária, não só pelas críticas à WePink e pelas acusações de que Virgínia aplicaria “pequenos golpes e delitos” para pegar “dinheiro de trouxa”, mas por ser uma voz ativa contra as casas de aposta online.
Felca também foi um dos responsáveis por pressionar o Tik Tok a alterar os termos de monetização de criadores de conteúdo que faziam transmissões ao vivo na plataforma, as chamadas “lives de NPC”.
Esses criadores passavam horas se comportando como personagens não jogáveis (non-player character, NPC, em inglês) de vídeo games, imitando gestos, frases e maneirismos repetitivos em resposta a presentes virtuais, que são convertidos em dinheiro para criador, enviados pelos espectadores.
Para satirizar essas lives, que estavam se tornando cada vez mais comuns em vários aplicativos, o youtuber decidiu passar uma semana fazendo duas horas de “live de NPC” por dia. No entanto, em apenas uma semana, Felca conquistou mais de 1 milhão de seguidores no Tik Tok e arrecadou mais de R$ 30 mil em presentes virtuais enviados pelo público. Todo dinheiro foi doado a instituições de caridade.
Em entrevista ao podcast Flow, Felca afirmou que começou a produzir conteúdo para a internet para “ter voz” e “ser alguém”, pois era muito recluso e introspectivo quando mais novo.
