Bonecos hiper-realistas viraram febre entre adultos e viralizaram nas redes socias; preços variam entre R$ 200 e mais de R$ 9 mil reais
Feitos de forma artesanal, montados à mão, cabelo implantado fio a fio e pintados para simular texturas de pele e veias, os chamados “bebê reborn” (“renascido”, em inglês) são bonecas hiper-realistas que podem custar de R$ 200 a mais de R$ 9 mil, a depender dos acessórios e personalização.
Processo de fabricação de bonecas hiper-realistas pela loja Alana Babys | Foto: Reprodução/Instagram
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Os mais caros podem vir acompanhados de um “kit maternidade” com roupas, fraldas, chupeta, acessórios de cabelo e mamadeira. Uma das lojas especializadas na fabricação e comercialização dos “bebês reborn” chega a simular um hospital e os procedimentos do parto ao entregar a boneca com certidão de nascimento e cartão de vacina ao comprador.
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Os brinquedos repercutiram muito na internet e causaram debates nas redes sociais após internautas mostraram suas coleções e publicaram vídeos tratando os bonecos como “filhos de verdade”, alimentando, levando para passear, lidando com episódios de choro e consultas médicas.
No entanto, apesar de, em um primeiro momento, a temática se apresar como curiosa e inofensiva, os “bebês reborn” estão sendo alvo de três projetos de lei protocolados na Câmara dos Deputados nesta semana.
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O objetivo principal é proibir o atendimento dos bonecos em unidades de saúde e evitar que eles sejam utilizados para conseguir benefícios destinados a pessoas com crianças pequenas, como filas preferenciais, bem como assegurar o acolhimento psicossocial para quem desenvolve vínculo afetivo profundo com os “bebês”.
O PL 2320/2025, protocolado pelo deputado federal Zacharias Calil (União Brasil-GO), busca reconhecer como infração administrativa a utilização dos “bebês reborns” para usufruir de benefícios, prioridades, atendimentos ou facilidades assegurados a bebês de colo e seus responsáveis.
Segundo Calil, a conduta afronta a boa-fé das relações sociais e de consumo, sobrecarrega os serviços públicos e retarda “o atendimento de crianças que efetivamente demandam cuidado urgente”
A pena para os infratores seria uma multa que pode variar de R$ 7.500 a R$ 30 mil reais, podendo ser aplicada em dobro em caso de reincidência.
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Já o PL 2326/2025, do deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), propõe a proibição de atendimento aos bonecos hiper-realistas em unidade de saúde públicas e privadas, inclusive nas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O texto prevê, ainda, advertência e multa de R$ 50 mil para as instituições privadas que autorizarem ou permitirem os atendimentos. Em caso de reincidência, há também a previsão de suspensão ou descredenciamento da instituição junto ao SUS.
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Por outro lado, a deputada Rosangela Moro (União Brasil-GO) propôs o PL 2323/2025 voltado para a formulação e execução de atendimento psicossocial a pessoas que desenvolvam vínculos afetivos intensos com os bonecos.
Segundo Rosangela, a proposta não pretende ridicularizar ou considerar como doença a relação entre “bebês reborn” e colecionadores, mas sim ” criar mecanismos institucionais de acolhimento ético e não estigmatizante, capazes de identificar precocemente sinais de sofrimento emocional que, quando negligenciados, podem evoluir para situações de risco real”.