Suplente de Boulos, desafeto de Bolsonaro, quer cientistas de volta ao país Ricardo Galvão, em agosto de cada 2019, num ato em seu apoio, após ter sido demitido do Inpe por Bolsonaro | Foto: Evandro Éboli/MyNews

Suplente de Boulos, desafeto de Bolsonaro, quer cientistas de volta ao país

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Ricardo Galvão irá assumir vaga na Câmara e quer priorizar recursos para a ciência, o PNE, de Educação, e “repatriar” cientistas brasileiros

Batido o martelo. O pesquisador Ricardo Galvão irá mesmo assumir a suplência de Guilherme Boulos, que virou ministro, na Câmara dos Deputados. Ele é filiado à Rede, partido coligado ao PSol em São Paulo. Sua definição se deu ontem, após conversa com a ministra Marina Silva e o próprio Boulos, em Brasília. Até agora presidente do CNPq, Galvão será suplente até abril, quando a própria Marina e a sua colega de Esplanada Sônia Guajajara irão voltar ao mandato de deputadas.

Galvão conversou com o MyNews sobre seus planos e prioridades como deputado. Suas bandeiras estão ligadas, claro, ao universo da ciência e tecnologia e também ao meio ambiente. Foi como presidente do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em  2019, que ele ganhou o noticiário por ter sido alvo do então presidente, Jair Bolsonaro, que se incomodava e discordava dos dados do órgão sobre as altas taxas de desmatamento no país. Bolsonaro o acusou de atuar como um dirigente de uma Ong (Organização não-governamental). Mas, para ele, é um episódio superado, que não deve voltar.

Leia Mais: Boulos vira ministro, e cientista demitido por Bolsonaro, deputado

Ricardo Galvão é do conselho da revista Legado, revista para qual faz textos também, editada pela jornalista Mara Luquet, diretora do MyNews.

“Aquela passagem foi bastante difícil para mim e meus colegas. Mas, realmente, está superada. De alguma certa forma, o Lula ao convidar-me para presidir o CNPq recuperou o prestígio da ciência, não só meu, mas de toda comunidade da academia brasileira. A ciência sentiu-se recompensada pelo que aconteceu”, disse ele , que afirmou não pensar mais naquela passagem.

O novo deputado quer trazer cientistas brasileiros, que estão no exterior, de volta ao Brasil. Adotou essa política quando, no início do governo Lula e como presidente do CNPq, e “repatriou” 500 desses profissionais.

“Foi um programa espetacular, de atração de cientistas brasileiros no exterior, com bolsas. Trouxemos mais de 5500 de volta e hoje segue muito aquém do necessário. Muitas unidades têm deficiência de cientistas, como o próprio CNPq, que presido. Essa recuperação é importantíssima”, disse Galvão à reportagem.

Galvão faz parte do grupo “Cientistas Engajados” e tem preocupação também com obtenção de mais recursos para as política de sua área, e ressalta que chega

“Naturalmente as bandeiras essenciais são as questões de fortalecer a política ambiental. Sou do movimento Cientistas Engajados e a minha atuação estará também na busca de recursos e de apoio ao progresso científico. Minha prioridade será buscar mais recursos para a ciência e tecnologia e também o Plano Nacional de Educação (PNE), coordenado pela deputada Tábata Amaral (PSB-RJ)”, afirmou.

Voltando ao assunto da sua relação, ou não-relação, com Bolsonaro, Galvão diz não pensar mais sobre isso.

“Não penso mais sobre isso. Mas, penso, sim em evitar que isso retorno no futuro. Estamos a ver o que está acontecendo terrivelmente nos Estados Unidos, com o corte substancial na Fundação Nacional da Ciência, similar ao nosso CNPq. E temos muita gente no Brasil simpática a esse movimento. A lição é que não podemos ser ingênuos e que isso não volte a acontecer”.

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