Ricardo Galvão irá assumir vaga na Câmara e quer priorizar recursos para a ciência, o PNE, de Educação, e “repatriar” cientistas brasileiros
Batido o martelo. O pesquisador Ricardo Galvão irá mesmo assumir a suplência de Guilherme Boulos, que virou ministro, na Câmara dos Deputados. Ele é filiado à Rede, partido coligado ao PSol em São Paulo. Sua definição se deu ontem, após conversa com a ministra Marina Silva e o próprio Boulos, em Brasília. Até agora presidente do CNPq, Galvão será suplente até abril, quando a própria Marina e a sua colega de Esplanada Sônia Guajajara irão voltar ao mandato de deputadas.
Galvão conversou com o MyNews sobre seus planos e prioridades como deputado. Suas bandeiras estão ligadas, claro, ao universo da ciência e tecnologia e também ao meio ambiente. Foi como presidente do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em 2019, que ele ganhou o noticiário por ter sido alvo do então presidente, Jair Bolsonaro, que se incomodava e discordava dos dados do órgão sobre as altas taxas de desmatamento no país. Bolsonaro o acusou de atuar como um dirigente de uma Ong (Organização não-governamental). Mas, para ele, é um episódio superado, que não deve voltar.
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Ricardo Galvão é do conselho da revista Legado, revista para qual faz textos também, editada pela jornalista Mara Luquet, diretora do MyNews.
“Aquela passagem foi bastante difícil para mim e meus colegas. Mas, realmente, está superada. De alguma certa forma, o Lula ao convidar-me para presidir o CNPq recuperou o prestígio da ciência, não só meu, mas de toda comunidade da academia brasileira. A ciência sentiu-se recompensada pelo que aconteceu”, disse ele , que afirmou não pensar mais naquela passagem.
O novo deputado quer trazer cientistas brasileiros, que estão no exterior, de volta ao Brasil. Adotou essa política quando, no início do governo Lula e como presidente do CNPq, e “repatriou” 500 desses profissionais.
“Foi um programa espetacular, de atração de cientistas brasileiros no exterior, com bolsas. Trouxemos mais de 5500 de volta e hoje segue muito aquém do necessário. Muitas unidades têm deficiência de cientistas, como o próprio CNPq, que presido. Essa recuperação é importantíssima”, disse Galvão à reportagem.
Galvão faz parte do grupo “Cientistas Engajados” e tem preocupação também com obtenção de mais recursos para as política de sua área, e ressalta que chega
“Naturalmente as bandeiras essenciais são as questões de fortalecer a política ambiental. Sou do movimento Cientistas Engajados e a minha atuação estará também na busca de recursos e de apoio ao progresso científico. Minha prioridade será buscar mais recursos para a ciência e tecnologia e também o Plano Nacional de Educação (PNE), coordenado pela deputada Tábata Amaral (PSB-RJ)”, afirmou.
Voltando ao assunto da sua relação, ou não-relação, com Bolsonaro, Galvão diz não pensar mais sobre isso.
“Não penso mais sobre isso. Mas, penso, sim em evitar que isso retorno no futuro. Estamos a ver o que está acontecendo terrivelmente nos Estados Unidos, com o corte substancial na Fundação Nacional da Ciência, similar ao nosso CNPq. E temos muita gente no Brasil simpática a esse movimento. A lição é que não podemos ser ingênuos e que isso não volte a acontecer”.
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