Confira a Coluna do Aquiles Reis, nesta sexta-feira (28)
Hoje vamos de Refração, segundo álbum independente do coletivo Samba do Congo, formado por compositores da periferia de São Paulo.
Aliás, para contextualizar a ideologia musical e cultural do coletivo, compartilho algumas informações. A Frente de Resistência Samba do Congo – Arte, Cultura e Raiz foi criada em abril de 2011, no bairro da Morro Grande, distrito da Brasilândia, na capital paulista. Visando difundir, valorizar e incentivar a arte por meio da música, o Samba do Congo privilegia a raiz do samba paulistano e a cultura afro-brasileira.
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Desse modo, tendo como referência sua luta ancestral, o grupo promove a inserção social e cultural por meio da história desse gênero genuinamente brasileiro. O coletivo, portanto, já obteve reconhecimento do Estado de São Paulo como um importante movimento de incentivo, manutenção e pesquisa da cultura e da arte.
Refração traz dezenove composições, divididas em quinze faixas autorais, com obras de novos compositores da cena paulistana e composições da velha guarda do samba da cidade.
Contudo, a descarga emocional logo no início do álbum, com dois sambas de exaltação em tom menor – Refração (Nado Vila Maria, Fernando Ripol e Gordo Ferreira) e Hino do Samba do Congo (Wagner Loitero e Fernando Ripol) – explode diante do ouvinte, causando um impacto que gera verdadeira catarse. A pulsação da bateria cria um momento de emoção indescritível. As melodias puxadas pelo coro merecem ser listadas entre as mais belas que já ouvi. As harmonias revelam músicos que entendem do riscado e compõem como os bambas que são.
Seguem-se sambas cadenciados, com letras bem construídas e melodias em tom menor, como aqueles que antigamente eram chamados de sambas de “meio de ano”. Exemplos? Borboleta e a Flor, composição de Elisbão do Cavaco, Tadeu da Mazzei e Fabinho NT, integrantes da Velha Guarda; Dama Primeira, de Gustavo Bueno, Gabriel Enam e Fernando Ripol, da nova geração; e Teatro da Vida (Professor Délcio). Um repertório digno do samba de São Paulo.
Sugestão: além de ouvirem o álbum durante o Carnaval, recomendo aos foliões uma passada esperta no Cordão Carnavalesco do Congo, que percorre as ruas do bairro do Morro Grande. Evoé!
São onze arranjos de Fernando Ripol, sete de Fábio Mandika e um de Luan Charles, gravados e mixados entre junho e agosto de 2024 no Estúdio Casa da Lua – SP.
Direção e produção musical: Fernando Ripol
Repertório: Fernando Ripol e Alexandre Mandinho
Produção executiva: Lu Poesia e Fernando Ripol
Assistência de produção: Ligia Fernandes
Gravação: Gabriel Spazziani e Gabriel Leite
Mixagem: Gabriel Spazziani
Masterização: Maurício Gargel (Audio Mastering)
Fotos e projeto gráfico: Walter Antunes
Realização: Frente de Resistência Samba do Congo – Arte, Cultura e Raiz