Boulos em ministério no Planalto traz a tona racha no PSOL outra vez

A divisão de grupos entre os parlamentares foi impulsionada pela demissão de um economista e assessor

As chances do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) ser convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser ministro da Secretaria-Geral da República, cargo de muita proximidade ao presidente, tornou evidente o racha na bancada do PSOL na Câmara dos Deputados e embates entre parlamentares do partido.

A divisão de grupos entre os parlamentares foi inicialmente definida pela demissão do economista e assessor David Deccache, que por encomenda das deputadas Sâmia Bomfim (PSOL/SP) e Fernanda Melchionna (PSOL/RS) questionou ao Tesouro Nacional o andamento das finanças estatais para os próximos anos e descobriu que em 2028, pode não haver dinheiro nem para pagar a conta de luz.

Em conversa com o MyNews em fevereiro deste ano, Deccache revelou que a bancada do partido na Casa Baixa “têm perspectivas diferentes em relação à autonomia do governo federal”. Segundo o economista, o grupo liderado por Boulos tem uma posição acrítica e de apoio às decisões do governo Lula. O deputado teria ficado incomodado com os estudos realizados pelo assessor porque “enfraqueceria a venda do novo arcabouço fiscal como uma solução definitiva para o problema fiscal brasileiro”, afirmou Deccache.

Do outro lado, há um grupo liderado pelo deputado Glauber Braga (PSOL/RJ), que defende a autonomia da bancada na Câmara em relação ao governo, mas que apoia o mesmo em relação a medidas importantes para redução das desigualdades sociais e ampliação de políticas públicas. No entanto, Deccache reitera que “denunciar e cobrar para que o programa eleito nas urnas seja cumprido à risca”, é a prioridade da ala minoritária em relação a Lula.

Ao canal, Braga revelou que acredita que pelo menos por enquanto, Boulos não será ministro e que a situação é apenas especulação. O deputado disse ainda discordar de Boulos de forma tática e estratégica. “A decisão sobre a demissão do David foi um desses episódios.”

A assessoria do deputado Guilherme Boulos preferiu não se manifestar.