Jornalismo Independente
Ciro Gomes reapareceu no cenário nacional após a crise no INSS e o rompimento do PDT com governo ! Foto: Reprodução/MyNews
Eleições
Político atravessa um momento de alto valor qualitativo de audiência e raro alcance fora da bolha, impulsionado pela migração ao PSDB
A filiação de Ciro Gomes ao PSDB atraiu um novo público para suas redes sociais. O número de seguidores se manteve estável, sem sinal de impacto negativo imediato pela mudança partidária, aponta pesquisa da Ativaweb. Mas houve um aumento expressivo de likes de não seguidores. Esse movimento indica a chegada de um eleitorado novo (associado ao PSDB). Ciro está falando mais com não seguidores do que com a própria base, demonstrando rara capacidade de romper bolhas e gerar interesse imediato fora do próprio círculo, segundo a pesquisa.
A pesquisa revela que um novo público chegou às redes de Ciro após a mudança de partido. Indica também que suas redes, conhecida como “turma boa”, se mantém estável no total de seguidores e sugere neutralidade de curto prazo no saldo de percepção (sem fuga relevante). A alta de curtidas de não seguidores é consistente com a entrada de um segmento novo, o eleitorado tucano.
Ciro, hoje, conversa mais com quem não o segue do que com sua base orgânica, sinal de alcance fora da bolha, um ativo raro no ambiente político digital, como avalia Alek Maracajé, sócio da Ativaweb.
O diagnóstico do estudo exclusivo da Ativaweb, com base em dados do Modash e análise proprietária de big data, diz que Ciro mantém uma das audiências mais reais, qualificadas e masculinas da política nacional. No entanto, o estudo alerta também que o político perdeu tração de expansão e se concentrou em um bolsão regional de alta intensidade.
1) Audiência real e altamente qualificada – 92,3% dos perfis que interagem com ele são reais, índice raro até entre presidenciáveis.
2) Engajamento fora da bolha – 86,52% das curtidas vêm de não seguidores, sinal de ruptura de algoritmo e alcance além da base.
3) Domínio absoluto em Fortaleza – 13,67% das curtidas vêm da capital cearense — engajamento proporcionalmente sem paralelo entre políticos brasileiros.
4) Público masculino de altíssima intensidade – Homens de 25–44 anos são os mais reativos, politizados, opinativos e mobilizáveis.
5) Seguidores reais, consistentes, com forte afinidade cultural – Interesses: streaming, cultura pop, tecnologia e storytelling, perfil propenso a conteúdos opinativos e vídeos longos.
Os pontos de alerta onde Ciro desacelerou
1) Queda de engajamento na sua base fiel. Os likes da sua base caíram 6,28% no período analisado.
Engajamento total de 0,99%, abaixo do ideal para o tamanho do perfil.
2) Estagnação nacional. Crescimento de seguidores de apenas 0,54%, robusto em base, mas sem ganho de país.
3) Alinhamento majoritário à esquerda, Lookalike predominante: Lula, Boulos, Haddad, Gleisi, dificulta expansão para públicos de centro e direita.
4) Conteúdo institucional derruba alcance. As postagens de agenda, eventos e fotos protocolares performam pior. A reação cresce quando há crítica forte, emoção e indignação.
A mudança para o PSDB ampliou a audiência potencial de Ciro e aumentou a participação de não seguidores nas interações. O desafio, agora, é transformar esse interesse inicial em audiência recorrente, isto é, converter alcance em retenção e crescimento sustentável, sem perder a base que já o acompanha.
“Ciro ainda tem um dos públicos mais reais e mais intensos do Brasil, mas não está crescendo porque sua narrativa virou previsível. Impacta, mas não converte.”
A força atual das redes de Ciro é a credibilidade, público real e capacidade de romper bolhas. O gargalo, diz Maracajá, é a desaceleração no engajamento e estagnação do alcance nacional.
O ponto crítico é transformar o influxo de não seguidores (pós-PSDB) em relação contínua, mantendo diversidade de pauta e formatos que sustentem interesse além da base tradicional.
Ciro Gomes atravessa um momento de alto valor qualitativo de audiência e raro alcance fora da bolha, impulsionado pela migração ao PSDB. Contudo, os sinais de queda de engajamento e estagnação nacional sugerem um impasse: ele impacta, circula, desperta interesse, mas ainda não converte esse movimento em crescimento consistente. O próximo capítulo, segundo Marakajá, dependerá da capacidade de reter o novo público sem esvaziar a intensidade que o mantém relevante.
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