Caso ainda precisa ser apreciado no plenário, mas PSol anuncia que recorrerá ao STF; no colegiado, a perda do mandato se deu por 13 votos a favor e 5 contra
Depois de sete horas de sessão, bate-boca e confusão, o Conselho de Ética da Câmara aprovou a recomendação da cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSol-RJ), pelo placar de 13 votos a favor e 5 contra. Antes da divulgação do resultado, o parlamentar anunciou que irá fazer uma greve de fome em protesto ao que entende ser uma perseguição a seu mandato. Ele pretende permanecer nas instalações do plenário, onde aconteceu a reunião do conselho nesta quarta.
Durante todo o dia, foram várias as tentativas de acordo e conversas com o relator do caso, Paulo Magalhães (PSD-BA), para dirimi-lo da opção pela perda de mandato e substituir a pena por outra menos drástica, como a suspensão do parlamentar por alguns meses.
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A reunião do conselho só foi concluída porque o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), retardou e não chamou para a sessão do plenário, que tem iniciado antes das 17h. A votação da perda do mandato se deu às 18:30h. Caso Motta abrisse a sessão, a reunião do Conselho de Ética teria que ser suspensa.
No conselho, Glauber foi alvo de uma ação do partido Novo, acusado de quebra de decoro por ter reagido a provocação de um militante do MBL (Movimento Brasil Livre) e ter o colocado para fora das dependências da Câmara aos pontapés.
A líder do PSol, Talíria Petrone (RJ), ficou indignada com a decisão de Motta em atrasar o início dos trabalhos no plenário, que só começou por volta das 19h, e acusou o presidente da Câmara de assumir a “vingança” de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente e desafeto de Glauber.
“Hugo Motta decidiu seguir com a vingança de Arthur Lira. Isso vai ser um problema pro resto do ano”, disse Petrone.
Os deputados das bancadas do PSol e de outros partidos de esquerda, como o PT, tentaram obstruir, atrasar e adiar ao máximo a votação, mas em vão. Parlamentares desse espectro usaram a tática de usar a palavra ao máximo e de expedientes regimentais como verificação de quórum e questões de ordem, que são questionamento sobre o andamento do processo.
A maior parte dos deputados que votaram a favor da cassação sequer apareceram no conselho, e votaram remotamente. Próximo do momento de se conhecer o resultado, parlamentares bolsonaristas, quase todos do PL, compareceram no conselho e desejavam a cassação de Glauber, ainda que o líder do partido, Sóstentes Cavalcante (RJ), tenha se posicionado contra essa medida.
O ex-deputado Silvio Costa, tentou convencer Paulo Magalhães a mudar seu relatório, momento flagrado pelo Canal MyNews, mas o relator resistiu. Silvio é pai do ministro Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos.
O ator Marco Nanini acompanhou quase toda a sessão no plenário do conselho, em apoio a Glauber. Ele usava broche com a expressão “Glauber fica” e estava muito concentrado nos discursos de cada parlamentar.
Após o anúncio do resultado, Glauber afirmou que não iria aceitar ser derrotado por ter denunciado o esquema do orçamento secreto e responsabilizou Arthur Lira pelo processo que pode levá-lo a perda do mandato.
“O processo avançou após Lira deixar a presidência para ficar a impressão de que não tinha nada com isso. Para fingir não ser ele o responsável. Vamos até o limite, até as últimas consequências. Ao não chamar a sessão no plenário, Hugo Motta deixou que faz parte desse script. Está explícito”, afirmou o psolista.
O partido de Glauber irá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça e também ao Supremo Tribunal Federal (STF).