O impacto da cirurgia de Bolsonaro nas redes quando a saúde vira combustível digital
A internação de Jair Bolsonaro em Brasília, após passar mal na sexta-feira (11/abr), movimentou intensamente o ambiente digital. A notícia de uma cirurgia de grande porte reacendeu a memória do atentado de 2018, trazendo novamente à tona um dos episódios mais marcantes da política recente.
Segundo levantamento da Ativaweb, foram 20.867.041 menções e interações em todas as plataformas (com destaque para Instagram, Facebook e X/Twitter) até o dia seguinte à cirurgia. A análise automática de sentimento realizada por algoritmos próprios da Ativaweb com base em inteligência artificial apontou que 88% das menções foram positivas, 7% neutras e apenas 5% negativas.
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Esse não é um fenômeno novo. Toda vez que o atentado é relembrado, ele se transforma em um forte gatilho emocional que impulsiona engajamento, principalmente entre os seguidores fiéis de Bolsonaro. O digital funciona por narrativas que se repetem e se conectam com símbolos fortes — e o atentado é, sem dúvida, o maior deles.
Assim como o caso recente do vídeo “popcorn, ice cream”, no qual Bolsonaro aparece repetindo essas palavras ao lado de Donald Trump, o digital segue uma lógica própria: o que parece uma gafe ou um conteúdo sem sentido, pode, na verdade, ser o início de um viral.
O vídeo foi considerado por muitos inclusive por analistas como um erro de comunicação. Mas o resultado foi o oposto: virou meme, ganhou trilhas sonoras, dominou o TikTok e ultrapassou 8 milhões de visualizações apenas nos perfis da família Bolsonaro no Instagram. Quando somamos as demais plataformas, o impacto é ainda maior.
A força política dos memes: Os memes são, hoje, uma das ferramentas mais poderosas de construção e destruição de reputações no ambiente digital. Por meio do humor, da ironia e da repetição, eles fixam imagens simbólicas de figuras públicas no imaginário coletivo. O meme não apenas viraliza ele simplifica e molda a percepção pública de forma rápida e emocional.
No caso de Bolsonaro, os memes cumprem o papel de “blindagem simbólica”: humanizam, suavizam crises e reforçam uma conexão emocional com a base. Ao rir do absurdo, o público se aproxima não da figura institucional, mas do personagem popular. Esse tipo de conteúdo é capaz de tornar falhas em força, erros em identificação, e críticas em engajamento.
Memes, propaganda emocional
Mais do que entretenimento, os memes são hoje unidades de propaganda emocional. Eles condensam uma narrativa, reforçam valores e mais importante operam fora da lógica racional do debate político, o que os torna ainda mais potentes em tempos de polarização.
“Na era digital, o que parece um desastre pode ser só o início de um viral. O papel da boa gestão de crise é enxergar isso antes dos outros.” Alek Maracajá
No final, o algoritmo não mede coerência, mas emoção, conflito e identificação. E é isso que transforma crises em estratégias e dores em alcance.