Deputado Jonas Donizetti (PSB-SP), durante entrevista ao MyNews, em seu gabinete na Câmara | Foto: Evandro Éboli
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A poucos dias da Câmara decidir se equivale às ações das facções criminosas a atos terroristas, o deputado Jonas Donizetti (PSB-SP) comparou a atuação desses grupos nas comunidades do país, em especial do Rio, ao Hamas, a organização terrorista islâmica que atua na Faixa de Gaza.
O partido do parlamentar, o PSB, é o autor da chamada ADPF das Favelas. É uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, tipo de ação no STF para conter um ato inconstitucional. O tribunal a recebeu, em 2019, e desde então há regras para ações policiais nas comunidades do Rio: policiais são obrigados a usarem câmeras corporais, é obrigatório presença de ambulâncias nos locais dessas operações e locais de crime precisam ser preservados, entre outras previsões.
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O governador Cláudio Castro atribui a essa ADPF, por exemplo, a proliferação do Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Para ele, a ação colocou limitações para atuação das polícias contra faccionados, bandidos e milicianos.
Em entrevista ao MyNews, Donizetti, afirmou ser “parcialmente a favor” da ADPF de seu próprio partido. Ele entende que é preciso fazer o enfrentamento do crime organizado e que nem sempre essas regras previstas na ação podem ser cumpridas. Ele foi duas vezes prefeito de Campinas (SP) e presidente da Frente Nacional de Prefeitos. Ano que vem, assume a liderança do PSB na Câmara.
“Veja bem, 28% da população vive em área dominada pelo crime, pelo tráfico. São trabalhadores que se sentem inseguros e que tem suas vidas expostas todos os dias. Essa ADPF é do período da pandemia. O Rio tem circunstâncias próprias. Conheci outras cidades no mundo. No caso do Rio, são circunstâncias geográficas, o crescimento desordenado, a falta de políticas públicas. Tudo isso favorecer o crime organizado. Foi o caso de Medellin (Colômbia)”, disse Donizetti, que seguiu, e fez a citação do Hamas.
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“Sou parcialmente favorável a ADPF, mas não pode ser usada como instrumento que impeça o combate à criminalidade. É preciso haver entrosamento entre os poderes. Essa ação no Rio, pelo que vi, estava planejada há mais de um ano. Estavam mapeando o território. É uma facção com armamento poderoso e que age mais ou menos como o Hamas, usando a população como escudo. É preciso muto cuidado quando fazemos análise dessas ações. Não se podem morrer inocentes, quem não tenha ficha criminal”, afirmou.
Jonas Donizetti entende que a ação promovida pelo seu partido coloca o “cenário ideal”, mas que, se confrontado com a realidade das operações “algumas dessas coisas não são tão facilmente praticadas”.
“Esses criminosos usam essas famílias como escudo para se protegerem das forças policiais. Tem que se verificar tudo. É um caso de repercussão internacional. As cenas dos corpos nas ruas, mães chorando são dramáticas. Agora, é preciso também ver como foi o contexto, como tudo aconteceu. Não se pode sair culpando as forças policiais.
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