Derrite recua, governo celebra e briga agora é a autoria do projeto Hugo Motta ao lado de Derrite, anuncia recuo no PL Antifacção, cercados por bolsonaristas | Foto: Evandro Éboli/MyNews

Derrite recua, governo celebra e briga agora é a autoria do projeto

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Derrite desiste de mexer na Lei Antiterrorismo, anuncia que Polícia Federal não perderá poder e que não foi procurado por ninguém do governo

Cercado de parlamentares da direita e do Centrão, sem presença de lideranças e parlamentares da base do governo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), “bancou” o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto da Antifacção, do Executivo, e anunciou que o texto deve ser votado amanhã, quarta-feira.

Derrite fez alterações no seu texto, mas negou se tratar de um “recuo”, e preferiu chamar as mudanças que promoveu de “estratégia”. O relator, ligado ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), desistiu da ideia de associar facções criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, a organizações terroristas, uma das críticas do governo.

Leia Mais: Governo faz ofensiva contra texto de Derrite: “presentão para facções”

O parlamentar não irá mais mexer no texto conhecido como Lei Antiterrorista. Agora, ele irá criar tipos novos para essas facções, como explosão de banco eletrônico, domínio de território e outros.

O outro aspecto que interessa ao governo, as prerrogativas da Polícia Federal, serão mantidas, garantiu Derrite, que ainda irá apresentar seu novo texto. Esse era o ponto principal, que levou o governo a reagir duramente desde que o relator apresentou seu primeiro relatório.

Na apresentação do novo texto, no Salão Verde no final da tarde desta terça, Derrite garantiu que a PF terá todo o poder de atuar nas investigações contra o crime organizado e até disse que a instituição é parceira em operações com a polícia de São Paulo, quando estava na Secretaria de Segurança Pública.

Motta mostrou distância do governo federal, apesar de dizer que conversou com o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça), com quem se reuniu hoje, e com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

“Tenho falado com o governo e estou aberto a conversas para acertamos o texto final até amanhã”, disse Motta.

Derrite afirmou que não foi procurado por ninguém do governo. Ele disse que o que está sendo construído agora é um novo texto, o Marco Legal do Combate ao Crime Organizado.

Ao lado de Motta e Derrite, muitos bolsonaristas, como Bia Kicis (PL-DF), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Mendonça Filho (União-PE), Aluísio Mendes (Republicanos-MA), entre outros. Fora desse grupo, estava apenas o deputado Mário Heringer (PDT-MG), líder do partido na Câmara.

GOVERNO SE MANIFESTA

O governo se manifestou na sequência, também no Salão Verde, mas com apenas quatro deputados do PT. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), disse se trata de um projeto de autoria do governo e comemorou o recuo de Derrite.

“É uma extraordinária e fenomenal vitória”, disse Guimarães.

Mais crítico ao texto, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), disse que foi muito importante essa alteração no texto, que o governo estava certo desde o início, mas afirmou preferir ainda aguardar o texto para ver se, de fato, o papel da Polícia Federal no combate às facções foi alterado.

“Isso, para nós, é inegociável. Queremos ver o texto final. O recuo precisa ser total: não aceitaremos qualquer tentativa de subordinar a atuação da PF à autorização ou comunicação prévia dos governos estaduais”, disse Lindbergh.

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