Escolhido relator no Senado, Renan tem dado declarações que vai alterar texto, aprovado por unanimidade na Câmara; Planalto não gostou
Depois da derrota do governo na medida provisória de aumento de impostos e tributação de bets e fintechs, que caducou, o Planalto focou suas atenções no projeto de isenção de imposto de renda, que está no Senado. Mas há uma preocupação, mesmo o texto tendo sido aprovado por unanimidade na Câmara.
Desde que foi escolhido relator do projeto da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) tem dado seguidas entrevistas que assustam o Palácio do Planalto. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o escolheu para a função por sua proximidade, mas despertou em cheio a rixa do alagoano com o conterrâneo e deputado Arthur Lira (PP-AL), que foi o relator da matéria na Câmara.
Os dois não se bicam, são adversários políticos figadais, como se diz. A ponto de Renan, quando se refere a Lira, diz assim: “o relator na Câmara”. Não cita o nome do desafeto. Lira já declarou que a tramitação do projeto não pode ser movido por picuinha política.
“Que no Senado o projeto do IR seja relatado de forma responsável. O texto que está pronto, foi construído com muito trabalho e diálogo, inclusive com o governo, e aprovado na Câmara por unanimidade dentro do prazo. Que não se faça politicagem com um assunto tão relevante”, se manifestou Lira.
Mesmo com a unanimidade de 493 votos, Renan acha que o texto precisa de mudanças. E quer fazer audiências públicas e anunciou um mês para ser votado. Renan garante que fará mudanças apenas de supressão do texto, o que evitaria que o projeto voltasse a ser votado na Câmara.
“O que tiver que ser modificado, vai ser modificado, sim. O Senado não vai abrir mão de cumprir seu papel”, disse Renan, para quem a proposta virou instrumento de chantagem na Câmara para se votar a anistia dos bolsonaristas, o que não vingou.
“Nós vamos fazer tudo, no entanto, para que a matéria não volte para a Câmara dos Deputados”, completou Renan, mas sem convencer plenamente o Planalto.
O governo está de olho, está em diálogo permanente com Renan e tem acalmado Lira. Os dois são aliados de Lula, que, nessa briga e disputa de Alagoas, não quer antecipar a peleja.