Economista alerta para estagflação, cenário de inflação alta com desemprego

Rodrigo Simões diz que estimativa é que empresas perderam entre 4 a 6 trilhões de dólares

O choque tarifário promovido por Donald Trump gerou uma perspectiva negativa e de incertezas na economia mundial. No Brasil, o dólar disparou, a Bolsa despencou, a Europa anuncia retaliação aos Estados Unidos e o presidente norte-americano ameaça a China com uma tarifa adicional de 50%. O economista Rodrigo Simões conversou com o MyNews Investe sobre essa segunda-feira, cuja estimativa é que as empresas de capital aberto perderam entre 4 a 6 trilhões de dólares.

“A condução da política econômica norte-americana desestabilizou o mundo. O preço das ações das empresas caíram. E esse cenário continua amanhã por causa dessa guerra de tarifaço com Trump com o resto do mundo. O mercado quer estabilidade e previsibilidade, para poder ter confiança e gerar negócios e capital, que busca os melhores locais de investimentos”, disse Simões.

O economista citou o fato de os Estados Unidos serem grande país consumidor de produtos do mundo inteiro, mas, por importar muito, torna deficitária sua balança comercial com vários países.

“A questão é que os Estados Unidos estão com déficit da balança comercial com diversos países, compram muito. A população americana consome produtos de todo o planeta. Quando um país importa muito, sai muito mais dinheiro do que entra. Isso faz com que a balança comercial americana se torne cada vez mais negativa e a indústria americana foi minguando. Muitas empresas americanas foram produzir na Ásia”.

“Estagflação pode ser o próximo passo”

Rodrigo Simões diz que as medidas de Trump, tensas, não condizem com uma política econômica saudável e que irá prejudicar parte do mundo, além dos próprios Estados Unidos.

O economista alerta que uma estagflação pode ser o próximo passo. É quando falta emprego e os preços estão nas alturas. É uma combinação inviável para qualquer economia, além do desalento para a população que viver esse cenário.

VEJA: Crime organizado desce para Balneário Camboriú

“Esse conceito é importante. A estagflação poderia e poderá ser o próximo passo. Primeiro, vamos entrar num processo inflacionário, com a diminuição de empregos. Com as empresas diminuindo suas produções, vai fazer corte de mão-de-obra. Gera desemprego com aumento de produtos ao mesmo tempo. É algo contra qualquer teoria econômica. O natural é, se tem desemprego, os preços caem porque não tem ninguém para comprar. Nesse caso, desse mundo novo, está tudo ao contrário”.