Marivaldo Pereira, secretário do Ministério da Justiça, durante entrevista ao Jornal do MyNews | Foto: Evandro Éboli/MyNews
Planalto destacou uma equipe para rebater relatório de bolsonarista que alterou projeto antifacção do governo e enfraqueceu a Polícia Federal
O governo montou uma estratégia desde a manhã desta segunda-feira para enfrentar o relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto de lei Antifacção, enviado pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional. O texto do bolsonarista é considerado péssimo para o governo porque o relator tirou peso da Polícia Federal nas ações de combate ao crime organizado.
O Planalto “escalou” um time para rebater o texto do deputado paulista, que alterna o mandato de na Câmara com o comando da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Entre eles, nesse front governista, estão a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais); o deputado Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara; Mário Sarrubbo, Secretário Nacional de Segurança Pública e Marivaldo Pereira, Secretário de Assuntos Legislativos.
Na noite desta segunda, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que esteve tratando do assunto da segurança pública no STF, anunciou que fez a ponte para uma conversa entre Derrite e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Em entrevista ao Jornal do MyNews, Marivaldo Pereira foi duro na crítica ao relatório de Derrite, disse se tratar de um “presentão” ao crime organizado e afirmou ser um erro reduzir o papel da Polícia Federal no combate a essas facções. Como está no texto do relator, a PF só agiria se houver pedido dos governadores.
“O relatório vem com propósito assustadoramente político. Não há preocupação com a segurança pública, com o rigor do combate ao crime organizado. Apenas o objetivo claro de fazer disputa política para 2026. Está previsto, por exemplo, no texto, aquela ideia do Bolsonaro de equiparar organização criminosa a organização terrorista, visando fragilizar a nossa soberania. É o tarifaço 2 da família Bolsonaro, para prejudicar nosso país”, disse Marivaldo na entrevista ao jornal.
O secretário afirmou que o relatório faz muito mal no combate às facções criminosas e que esses grupos criminosos estão sendo “bindados” por esse parecer do relator.
“O relatório é um presente sem precedentes para os líderes dessas organizações criminosas. Ele tirou uma série de competências da Polícia Federal e jogou para os estados. Mas que é mais grave, é que uma série de investigações em curso na PF deverão ser interrompidas e encaminhadas à Justiça estadual, caso seja aprovado. Um verdadeiro desserviço ao combate à criminalidade”, disse.
“Com essa alteração, sobre a PF, os governadores vão fazer um crivo político sobre quem deve ou não deve ser investigado. O governo federal está mobilizado para impedir que a extrema-direita e a família Bolsonaro prejudiquem, com esse projeto, o combate ao crime organizado”.
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