Entre os parlamentares que julgarão destino do mandato de Eduardo Bolsonaro e votaram a favor dessas matérias têm base do governo.
O Conselho de Ética da Câmara que irá julgar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por sua conspiração contra o país e autoridades do Judiciário é um colegiado pela blindagem aos parlamentares enroscados com a Justiça e a favor da anistia aos golpistas do 8 de janeiro. A relação completa dos titulares do conselho que votaram a favor dessas matérias estão destacados na imagem que ilustra acima essa reportagem.
Levantamento feito pelo canal MyNews revela que a maioria dos 20 deputados titulares do conselho votaram a favor da PEC da Blindagem há menos de duas semanas, no plenário da Câmara: 14 dos 20 foram a favor dessa emenda constitucional, derrubada de forma unânime na semana que passou pelo Senado. Eles estavam entre os parlamentares que deram 353 votos pró-blindagem (primeiro turno) e 344 (segundo turno).
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O conselho, ao todo, tem 21 titulares, mas a federação PSDB-Cidadania ainda não indicou seu titular para a vaga.
Essa maioria entre os conselheiros voltou a se formar na apreciação da urgência para a anistia aos golpistas do 8 de janeiro. Dos 20 titulares do colegiado, 11 foram favoráveis a perdoar as condenações dos bolsonaristas que tentaram derrubar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Estes engrossam a lista dos 311 deputados que, no plenário, endossaram a urgência em se votar o perdão aos golpistas.
É esse conselho, com esse perfil de direita, que irá selar o destino de Eduardo Bolsonaro, alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República por coação no processo, referente à sua atuação a favor de tarifaço contra o Brasil, promovido pelo governo dos Estados Unidos, e ameaças às autoridades.
No levantamento do MyNews, ficou patente que mesmo deputados que integram o conselho e são de partidos que integram a base do governo – casos de Republicanos, MDB e PSD – deram votos a favor da blindagem e da anistia. Veja a lista completa abaixo. Já estão excluídos os parlamentares do União e do PP, também do colegiado, que votaram a favor desses dois temas.
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Nessa relação, a favor da PEC da Blindagem, está o deputado Josenildo Abrantes (PDT-AP), legenda que dá apoio ao governo, ainda que tenha se declarado independente. Josenildo votou a favor da emenda constitucional no primeiro turno e esteve ausente no segundo.
Dos 20 titulares do Conselho de Ética, apenas 5 não votaram nem a favor da blindagem nem a favor da anistia aos bolsonaristas golpistas. São os casos de Chico Alencar (PSol-RJ) e os petistas Dimas Gadelha (RJ), Maria do Rosário (RS) e João Daniel (SE). Todos esses quatro votaram “não” nos dois casos. João Leão (PP-BA) se ausentou nas duas votações da PEC e não votou na anistia.
O presidente do Conselho de Ética, Fabio Schiochet (União-SC) votou a favor da PEC da Blindagem, nos dois turnos, e também foi favorável à urgência da anistia. Para relatar o caso, ele escolheu seu correligionário Delegado Marcelo Freitas (União-MG), que igualmente votou “sim” nas duas matérias controversas no plenário da Câmara.
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Schiochet diz apostar na imparcialidade do relator, que já postou vídeo com Eduardo Bolsonaro o chamando de amigo, pregou pela anistia dos golpistas e atacou o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal golpista no STF.
A relação dos 14 titulares do Conselho de Ética que se manifestaram a favor da PEC da Blindagem no plenário: Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Domingos Sávio (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Marcos Pollon (PL-MS), Delegado Marcelo Freitas (União-MG), Fabio Schiochet (União-SC), Julio Arcoverde (PP-PI), Acácio Favacho (MDB-AP), Ricardo Maia (MDB-BA), Castro Neto (PSD-PI), Albuquerque (Republicanos-RR), Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), Nely Aquino (Podemos-MG) e Josenildo (PDT-AP).
A relação dos 11 titulares do Conselho de Ética que foram a favor da urgência da anistia aos golpistas: Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Domingos Sávio (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Marcos Pollon (PL-MS), Delegado Marcelo Freitas (União-MG), Fabio Schiochet (União-SC), Julio Arcoverde (PP-PI), Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), Albuquerque (Republicanos-RR), Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE) e Nely Aquino (Podemos-MG)