Marina sobe, Haddad desce, mas ambos sem respaldo do Planalto Marina Silva e Fernando Haddad viveram momentos distintos na semana, mas suas "causas" seguem sem adesão por inteiro do presidente Lula ! Fotos: Marcelo Camargo e Lula Marques/Agência Brasl DURA SEMANA

Marina sobe, Haddad desce, mas ambos sem respaldo do Planalto

Personagens da semana, os dois ministros seguem sem ter suas políticas e demandas como prioridade no governo

Foi uma semana emblemática para entender os limites da autonomia ministerial no terceiro governo Lula. Enquanto Marina Silva saiu fortalecida de um episódio de ataque no Senado, Fernando Haddad enfrentou mais uma derrota política sem o respaldo do próprio Planalto. A conclusão é clara: os dois ministros mais estratégicos do governo caminham sob a sombra da incerteza sobre até onde o presidente está disposto a comprar suas brigas.

Marina, alvo de três senadores da Amazônia durante uma audiência no Senado, virou centro de uma onda de solidariedade nas redes sociais e entre ambientalistas. Ganhou respaldo institucional, visibilidade e um reforço simbólico num momento em que precisa defender sua posição contrária à liberação apressada da exploração da margem equatorial — projeto que interessa a parte da Esplanada e a investidores.

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Já Haddad viu evaporar o apoio para sua tentativa de elevar a alíquota do IOF. Pior: nem o núcleo político do governo se empenhou para defender a medida. O resultado foi uma nova demonstração de fraqueza do ministro da Fazenda no Congresso e, principalmente, dentro do próprio governo. O mesmo ocorreu com Marina, que ficou abandonada pela base governista na Comissão de Infraestrutura do Senado, e, apenas com a estrondosa repercussão negativa, o presidente, ministros e aliados se manifestaram, a grande maioria com notinha nas redes.

No fundo, o problema de ambos é o mesmo: Lula não comprou integralmente nem a agenda ambiental nem a fiscal. Com Haddad, a distância é mais evidente. O presidente nunca escondeu sua aversão a políticas de corte de gastos e vê com reservas o arcabouço fiscal — apesar de tê-lo sancionado. Para ele, meta fiscal se cumpre com crescimento da arrecadação via estímulo à demanda. Cortar gastos ou subir impostos sem ganho político direto é receita de desgaste, ainda mais às vésperas de 2026.

Com Marina, Lula é mais cauteloso. Reconhece sua força simbólica, mas age com pragmatismo diante de temas sensíveis como a exploração de petróleo. O presidente prefere medidas rápidas que atraiam investimentos e não quer travar disputas que exijam estudos mais longos ou aprofundados — o tempo da política, ele já sinalizou, é o da eleição que se aproxima.

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A situação de Lula, porém, está longe de ser confortável. Se optar por abraçar a agenda fiscalista, agrada ao chamado mercado e vê os preços dos ativos se moverem a seu favor: câmbio em queda, bolsa em alta e juros futuros provavelmente apontando para baixo. Mas, nesse caminho, precisa sancionar medidas impopulares, cortar gastos e subir impostos — um custo alto para um presidente cuja popularidade já dá sinais de desgaste.

Com Marina, a equação também é delicada. Ao dar respaldo à ministra, Lula se alinha ao discurso ambiental global e reforça seu compromisso com a emergência climática, o que lhe garante prestígio internacional. Mas, internamente, precisa enfrentar a fúria crescente da bancada do agronegócio e de parlamentares da Amazônia, que veem nas restrições ambientais um entrave ao desenvolvimento regional de curto prazo — a qualquer custo, de olho apenas nas eleições. Em tempos de pré-campanha, Lula parece hesitar entre a coerência e a conveniência.

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