Evento irá contar, entre outros convidados, com a participação da presidente do STM, Maria Elizabeth Teixeira Rocha, que considera a possibilidade de Bolsonaro responder também por incitação à tropa
Os 61 anos do golpe militar será lembrado na UnB (Universidade de Brasília), a partir desta segunda-feira, 31 de Março, com a “Semana do Nunca Mais”, que seguirá até 04 de abril e com uma agenda de palestras e debates. O nome escolhido do projeto é de uma reflexão permanente e alerta para que o país não viva jamais o período de terror, morte, desaparecimento e tortura, que durou 21 anos, de 1964 a 1985.
Entre os convidados para essa semana estão a presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Teixeira Rocha – que, na sua posse, declarou que Jair Bolsonaro pode vir a responder por incitação à tropa nessa Corte -; duas ex-sub-procuradoras-geral da República – Deborah Duprat e Ela Wiecko -; o historiador Carlos Fico e o Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, Nicolao Dino.
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Na organização do evento está também a professora Eneá Stutz, ex-presidente da Comissão de Anistia e que coordena o Grupo de Pesquisa Justiça de Transição. Eneá está entre quem irá palestrar sobre o tema. A “Semana do Nunca Mais” é uma parceria com o Programa de Pós Graduação em Direito da UnB e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.
A “Semana do Nunca Mais” estava programada para ocorrer durante os eventos dos 60 anos do golpe, no ano passado, no âmbito do governo federal, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou essas manifestações. Ao Canal MyNews, a professora afirmou da importância de se lembrar sempre os horrores da ditadura.
“O julgamento no STF, semana passada, que tornou réus aqueles que protagonizaram uma tentativa de golpe de estado no 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, demonstra como é importante a gente lembrar e manter a memória do que ocorreu naquele período de ditadura no Brasil. Inclusive, bom ressaltar, parte dos votos no Supremo fizeram essa reflexão, casos dos ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, que lembraram em seus votos que ditadura mata”, disse Eneá Stutz.
Governo Lula evitou o tema ditadura
A professora lembra que o país esteve muito perto de viver novo período de ditadura e citou uma fala de Cármen Lúcia de como é possível uma alegação de defesa da democracia se transformar em milhares de mortes, como ocorreu a partir de 1964.
“Por tudo isso é muito importante que a gente não esqueça que esse tipo de evento nunca mais aconteça. Ano passado o Brasil completo 60 anos do golpe e, por várias razões, não houve nenhuma série de eventos que deveriam ocorrer, como se faz na Argentina e no Chile”, afirmou Eneá Stutz.
Abaixo, toda a programação da “Semana do Nunca Mais”