O “Estado de Guerra” no Rio e a paralisia da cidade Foto: Fernando Frazão, Agência Brasil CRIME ORGANIZADO

 O “Estado de Guerra” no Rio e a paralisia da cidade

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Para políticos uma armadilha do governador Castro para o governo federal, para policiais resposta a ADPF 635 que criou feudos de facções.

O Rio de Janeiro mergulha em um cenário de confronto sem precedentes.  O uso de armamento de guerra por facções criminosas elevou a crise de segurança a um novo patamar, forçando o fechamento do espaço aéreo em áreas conflagradas e levando à recomendação de que a população não saia de casa.

Armamento de guerra e risco aéreo: ameaça com fuzis

A escalada da violência atinge um nível tático perigoso. O crime organizado portando fuzis de alto calibre, muitos deles de origem internacional, representam uma ameaça real a aeronaves.

  • Risco a Helicópteros: A presença desse armamento pesado coloca em risco helicópteros policiais. Eles são essenciais para o patrulhamento e apoio em operações. Há relatos e apreensões de fuzis com capacidade até de perfurar blindados.
  • Fechamento do Espaço Aéreo: A gravidade da situação levou ao fechamento do espaço aéreo em regiões de intenso confronto. Esta medida drástica que evidencia o poder de fogo dos criminosos e a ameaça que representam à segurança aeronáutica. O Estado de Guerra não se restringe mais ao solo, mas se projeta para o ar.

 

Recomendação de permanência em casa: a cidade em caos

Diante da intensa troca de tiros, barricadas e sequestro de veículos ordenados pelas facções em represália, a recomendação para a população é de não sair de casa.

  • Paralisação da cidade: As ações criminosas, incluindo roubos e bloqueios de mais de 50 ônibus em vias importantes, paralisaram o transporte e o comércio. Vias expressas foram interditadas, escolas e universidades suspenderam aulas, e órgãos públicos liberaram servidores mais cedo.
  • “O Estado Encontra-se em Guerra”: A declaração oficial de “Estado de Guerra” reflete o clima de terror e a necessidade de a população buscar abrigo, reforçando a percepção de que a atuação das forças de segurança excede a simples segurança pública, configurando um cenário de defesa contra uma ameaça de nível bélico.

A leitura política: armadilha de “nitroglicerina pura”

Nos bastidores da política, a leitura é unânime: a operação, a  ênfase no “Estado de Guerra” e o clamor por auxílio federal, seguido pela declaração de que a ajuda teria sido negada, representam uma armadilha política de Cláudio Castro para o governo do Presidente Lula.

A situação é descrita como “nitroglicerina pura” para o Planalto. Depois de declarações recentes do Presidente sobre traficantes que geraram forte controvérsia, ser publicamente acusado de negar apoio federal em um momento de extrema letalidade no Rio coloca o Governo Federal em uma posição delicada e de grande desgaste na opinião pública, que elege a segurança como uma das principais preocupações.

O Governador Castro tem sido incisivo ao lamentar a falta de apoio de blindados e agentes das forças federais, transformando a crise de segurança em um campo de batalha política e midiática, cobrando a atuação da União.

A interpretação policial: o efeito devastador da ADPF 635

Para as forças de segurança estaduais, a situação crítica é vista como um resultado direto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, popularmente conhecida como a ADPF das Favelas.

  • “Reserva de mercado” para o crime: A interpretação é de que a limitação imposta pela ADPF 635, que restringiu as operações policiais nas comunidades e estabeleceu diversas regras, atingiu de forma drástica a segurança pública do Rio. O resultado, segundo essa visão, foi que as facções criminosas ocuparam uma área enorme, se entrincheiraram e transformaram essas comunidades em verdadeiros feudos do crime organizado.
  • Dificuldade de desalojamento: O governador Castro chegou a se referir à ADPF como uma “herança maldita” e “maldita” ao citar obstáculos da ação. Os criminosos estariam utilizando armamentos de guerra, como fuzis e drones com bombas, dificultando enormemente a tarefa de desalojar esses bandidos de suas áreas de domínio.

Previsão sombria e o vazio estatal

A previsão no cenário de segurança é de que, infelizmente, muitos mortos ainda devem ser contabilizados. A intensidade dos confrontos e o nível de organização e armamento dos criminosos tornam cada operação um cenário de guerra de alta periculosidade.

No entanto, o maior dilema é a falta de continuidade. Especialistas e agentes de segurança pública alertam que, se essas áreas não forem ocupadas de forma permanente pelo Estado, todo o sacrifício e as mortes registradas nesta “guerra” não resultarão em mudanças duradouras. O grande problema é o vazio estatal que se instala: “Amanhã o estado sai e não tem mais nem policial na área e nem serviços públicos.”

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