Polarização recorde em outubro
A polaridade geral do mês foi predominantemente negativa, registrando 54,7% de sentimento negativo (contra 31,6% positivo e 13,7% neutro). Isso fez de outubro o mês mais polarizado de 2025.
Entre os principais temas, a fala do presidente Lula sobre traficantes liderou o volume de menções, com 15,6 milhões em apenas 10 horas. Já o encontro entre Lula e Donald Trump surpreendeu pelo resultado positivo: 41,3% das interações favoráveis ao presidente brasileiro, refletindo uma percepção de protagonismo diplomático e prestígio internacional.
Já a megaoperação no Rio de Janeiro (5,3 milhões de menções) e o caso “BET da Caixa” (4,1 milhões) dominaram o eixo das crises, com forte carga negativa e reação emocional nas redes.
Essa predominância do discurso crítico foi diretamente influenciada por crises de imagem e temas de segurança pública, que funcionaram como verdadeiros catalisadores de indignação e desconfiança.
Crises de imagem e impacto na polaridade
As crises de imagem foram responsáveis por gerar os maiores picos de rejeição e indignação, contribuindo significativamente para o alto Índice de Sentimento Negativo Geral (ISA).
Contexto: A frase de Lula em Jacarta, dizendo que “traficantes são vítimas dos usuários”, foi descontextualizada e reacendeu o debate sobre segurança, expondo a vulnerabilidade da figura política a engajamentos afetivos e descontextualizações, elevando a polaridade geral.
2. Influência das figuras políticas: vetores de polarização
As figuras políticas atuaram como “vetores” que mobilizaram os espectros ideológicos e confirmaram que a polarização segue como o principal ativo emocional das redes.
A. Consolidação da Direita Digital por Nikolas Ferreira
- Protagonismo: firmou-se como o principal nome da nova direita digital, com discurso moral, religioso e linguagem direta.
- Engajamento: superou figuras como Tarcísio e Michelle Bolsonaro.
- Crescimento (ICP): aumento de 4,3% de seguidores em 96 horas.
- Efeito: reforçou o ambiente digital como binário e emocional, mobilizando picos de audiência e engajamento para a direita.
B. Volatilidade institucional de Lula
- Vulnerabilidade: o evento da “fala dos traficantes” (69,8% negativo) expôs a vulnerabilidade do presidente a descontextualizações.
- Contraponto positivo: o encontro entre Lula e Trump gerou pico de 3,5 milhões de menções e demonstrou o efeito de recontextualização midiática — 41,3% positivo nas primeiras horas (contra 38,7% negativo).
C. Fechamento da bolha ideológica de Eduardo Bolsonaro
- Polaridade intensa: 69,2% negativo no ISA; discurso restrito à própria bolha.
- Limitação: repercussão concentrada em públicos já convertidos; 78% das menções vieram do Sul e Sudeste, com retração de 23% em alcance externo.
Lula e Janja mantiveram protagonismo institucional, combinando momentos de crise com picos de aprovação espontânea e engajamento positivo.
O tiroteio digital abastecido pela indignação
As crises de imagem, como a da “Caixa BET” e, principalmente, a “fala dos traficantes”, funcionaram como gatilhos de indignação e desconfiança, elevando o ISA geral para 54,7%. Enquanto isso, figuras políticas como Nikolas Ferreira e Lula mantiveram a polaridade alta.
O debate sobre segurança pública e a megaoperação se inseriu neste contexto de hiperexposição e polaridade máxima. A questão, portanto, não é a ausência de debate, mas sua conversão em um tiroteio digital puramente emocional e ideológico, onde a busca por culpados e o reforço das próprias bolhas superaram o espaço para consensos e políticas públicas complexas.
“O ambiente digital brasileiro continua profundamente emocional. As redes já não reagem apenas a fatos, mas à forma como cada tema é narrado. Emoção, símbolo e discurso são hoje os motores da percepção pública.” — Alek Maracajá
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