Ex-ministro da Saúde foi ouvido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal como testemunha na ação penal da tentativa de golpe
O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse nesta segunda-feira, 26, que nunca viu o ex-presidente Jair Bolsonaro tratar de golpe de Estado. O médico relatou ter consolado o então mandatário, que estaria em um “quadro profundo de tristeza”, “cabisbaixo” e “só respondia monossilabicamente”.
Queiroga foi ouvido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal como testemunha de defesa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Souza Braga Netto, que foi candidato à vice na chapa derrotada de Bolsonaro, na ação penal da tentativa de golpe.
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“Ele estava triste, claro, como todos nós. Lembrei ao presidente exemplos como o Nixon e o Carter que não foram reeleitos e depois ganharam até mais protagonismo”, disse o ex-ministro. Ele também lembrou que Bolsonaro “teve um quadro de erisipela, entrou num quadro profundo de tristeza, só respondia monossilabicamente, muito cabisbaixo”.
Queiroga pontuou, que chegou até a se preocupar com o ex-presidente, “mas ele como um homem forte se recuperou”, disse o ex-ministro, que também declarou que o então mandatário orientou seus ministros a agirem de acordo com a Constituição e lembrou que realizou a transição de governo no Ministério da Saúde.
Questionado, Queiroga disse que na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, que embasou a investigação da Polícia Federal, Bolsonaro teria feito uma fala “assertiva” como uma “liderança política” ao pedir que a sua equipe ministerial agisse para não “permitir o retorno desse grupo que voltou ao governo”.
“Foi uma reunião em que Bolsonaro fez fala assertiva, dizendo que todos deveriam se empenhar dentro do projeto, não como ministros, mas como cidadãos, porque cada um estava ali porque acreditava no governo. Para nos empenharmos, porque não poderíamos, como brasileiros, permitir o retorno desse grupo que voltou ao governo”, declarou.
Pouco depois, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, interpelou Queiroga, questionado se ele tinha sido chamado a essa reunião na condição de cidadão, ou ministro. O médico reforçou que esteve presente na condição de ministro de Estado.