Foto: © Valter Campanato/Agência Brasil
Coluna do Prando no MyNews
Em 22/11/2025, a Polícia Federal (PF) cumpriu o mandado de prisão preventiva expedido em desfavor do ex-presidente Jair Bolsonaro, que já se encontrava preso domiciliarmente. Os fatos, narrados pela mídia e confirmados na leitura da Petição 14.129, do Distrito Federal, indicam os elementos que levaram a decretação de prisão e permanência de Bolsonaro na Superintendência da PF, Brasília.
Em 21/11/25, o Senador Flávio Bolsonaro publicou, nas redes sociais, um chamamento de manifestantes para uma “vigília pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade do Brasil”. A referida vigília seria realizada no local de cumprimento de sua prisão domiciliar e, por isso, segundo a PF tal aglomeração poderia se desdobrar em ações condizentes com os acampamentos defrontes aos quarteis do Exército e até com manifestações similares às que desembocaram nos ataques de 08 de janeiro de 2023. Segundo a Petição 14.192, o vídeo de Flávio Bolsonaro é considerado “beligerante em relação ao Poder Judiciário, notadamente o Supremo Tribunal Federal, em reiteração da narrativa falsa no sentido de que a condenação do réu Jair Messias Bolsonaro seria consequência de uma “perseguição” e de uma “ditadura” desta Suprema Corte”. Contudo, não foi apenas esse episódio o determinante para a prisão. Vejamos.
Ainda de acordo com a ordem de prisão: “Além disso, o Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada pelo seu filho”.
Em síntese: a PF e o STF entenderam que há indícios suficientes de uma articulação que previa conjugar uma manifestação nas adjacências da residência de Bolsonaro com uma fuga com destino a alguma embaixada, já que estaria sem a tornozeleira eletrônica. Ressalte-se, ainda, que “um dos filhos do líder da organização criminosa e de maneira traiçoeira contra o próprio País, inclusive abandonando seu mandato parlamentar. Na sequência, o outro filho do líder da organização criminosa, Flávio Bolsonaro, insultando a Justiça de seu País, pretende reeditar acampamentos golpistas e causar caos social no Brasil, ignorando sua responsabilidade como Senador da República”.
A ordem de prisão, expedida pelo Ministro Alexandre de Moraes, destacou que se deveria resguardar e respeitar a dignidade do ex-presidente, sem o uso de algemas e sem qualquer exposição midiática. O fato, aqui, é incontornável e coloca em risco a estratégia da defesa de Bolsonaro de, ao fim e ao cabo, do julgamento, com o trânsito e julgado, o ex-presidente pudesse permanecer em prisão domiciliar. As ações de Flávio Bolsonaro e de Jair Bolsonaro, convocando manifestações e tentando romper a tornozeleira, respectivamente, colocam obstáculos à prisão domiciliar e complicam, jurídica e politicamente, a situação de Bolsonaro.
Politicamente, teremos, por certo, um aumento da temperatura e das tensões nos atores políticos, sejam os bolsonaristas, sejam os governistas. Já no sábado (22/11) e no domingo (23/11), as redes sociais, de um lado e de outro, serão mobilizadas e a repercussão, nacional e internacional, da prisão preventiva será intensa na mídia. Ademais, na segunda-feira (24/11), os bolsonaristas usaram, também, os espaços institucionais para defender Bolsonaro e atacar o STF (nada de novo). Duas hipóteses podem ser pensadas: 1) manifestações que podem tomar as ruas e até gerar episódios de violência e 2) com esse novo capítulo, a direita pode acelerar a virada de página e pensar no nome capaz de herdar o espólio político e eleitoral de Bolsonaro. Em relação às possíveis manifestações violentas, a memória recente estará na lembrança dos que foram julgados, presos e condenados no 08/01/23 e, também, nas condenações do núcleo crucial da trama golpista. As instituições – o STF à frente – não indicam tolerar novos atos de ataques à democracia e às decisões judiciais.
A vida de Bolsonaro está, doravante, mais complicada. As paixões afloram: uns brindam e comemoram; outros, por sua vez, gritam por entenderem que ocorre uma injustiça. O tabuleiro do xadrez político é movimentado com vistas às eleições de 2026.
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