Foto: © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Coluna do Prando no MyNews
A prisão do ex-Presidente Jair Bolsonaro suscita uma pergunta: Bolsonaro e o bolsonarismo conhecem seu ocaso? Líder e liderados estão nos estertores da vida política nacional? Vejamos.
O realismo político advindo de Maquiavel nos ensina que o governante deve conquistar, manter e ampliar sempre que possível o poder. Pois bem, Bolsonaro conquistou o poder político chegando à presidência da república (2018); não conseguiu manter o poder conquistado, pois foi derrotado por Lula (2022); e, finalmente, além da derrota eleitoral foi condenado à inelegibilidade pela Justiça Eleitoral e, ainda, foi julgado, condenado e preso por liderar o núcleo crucial do plano golpista (2025). Nada, até o momento, indica que Bolsonaro possa voltar ao poder no curto e médio prazo. Por precaução, deixo o longo prazo em aberto, pois muitos – eu inclusive – acreditaram que Lula após sua condenação e prisão estaria fora do jogo eleitoral.
Ao contrário de Lula, Bolsonaro construiu uma imagem que, nos dias que correm, se esboroa, se desfaz. Mito foi o epíteto comum ao se referir a Bolsonaro, guindado em programas de auditórios e, especialmente, nas redes sociais. Num discurso eleitoral de ataques à velha política e às instituições, Bolsonaro evoluiu, na condição de presidente, para um tipo de presidencialismo de confrontação. Sua retórica e suas ações foram de constante, quase cotidiano, confronto. Atacou políticos, partidos, governadores, a ciência, jornalistas, as urnas eletrônicas, o Supremo Tribunal Federal (a lista é grande). Oriundo da caserna, Bolsonaro não se deu conta (ou entendeu e quis dobrar aposta) que não se abre tantas frentes de batalha simuladamente.
Na pandemia, por exemplo, assumiu conduta negacionista e, não raro, construiu uma força surpreendente apresentando resiliência política mesmo com cerca de 700 mil mortos em nosso país. Bolsonaro, como poucos, entendeu a linguagem das redes sociais, dos algoritmos que impulsionam conteúdo alicerçado sobre o ódio, medo, angústia, euforia. Formou-se, em sua retórica e ação, um forte quadrilátero que espremeu a democracia e as instituições: fake news, pós-verdade, negacionismo e teorias da conspiração.
Os resultados aí estão. A conduta de Bolsonaro – e de muitos bolsonarista – encontrou a força das instituições que ele, com veemência, atacou. Sua prisão não fez o Brasil parar. Seus aliados – o Centrão e outros – já o consideram página virada. Bolsonaro conhece seu ocaso, mas, ao contrário, o bolsonarismo continua forte e à procura de novo líder, já que o poder não fica órfão.
A democracia foi tensionada, se esgarçou e não rompeu. O carisma de Bolsonaro perde, com a prisão, sua força propulsora: o confronto. Outros querem seu espólio eleitoral. Conseguirão? Quem se credencia a assumir a liderança do bolsonarismo tem os predicados que a militância se habituou ver em Bolsonaro?
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