Retrospectiva política de 2025: uma síntese panorâmica Foto: © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Retrospectiva política de 2025: uma síntese panorâmica

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Coluna do Rodrigo Augusto Prando no site do MyNews

O artigo se propõe a uma retrospectiva política do ano de 2025. Uma certeza faz-se presente: há muito mais eventos e personagens do que esse escrito pode abarcar. Assim, a intenção é indicar personagens centrais e aspectos institucionais e sociais mais relevantes do ano que se finda. Uma síntese, portanto, provisória e panorâmica.

Politicamente, é inescapável trazer à tona o julgamento, condenação e prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um marco histórico.  Junto ao núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro e tantos outros poderosos, incluindo generais de quatro estrelas, foram julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e todos condenados por cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito, organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado com uso de violência e grave ameaça. Objetivando pressionar o STF e suspender o julgamento em curso, a família Bolsonaro enviou o Deputado Eduardo Bolsonaro aos EUA e, de lá, num raro caso de ataque à soberania brasileira, arquitetou e incentivou junto ao Governo Trump um tarifaço a produtos brasileiros e, ainda, a aplicação da Lei Magnitsky ao Ministro Alexandre de Moraes do STF e outras sanções contra atores políticos e institucionais brasileiros. O plano desenhado não obteve êxito e, como dito, Bolsonaro e os demais condenados cumprem pena de prisão.

O presidente Lula teve em 2025 dois momentos distintos: um primeiro semestre bem ruim e uma melhora na passagem do ano e no segundo semestre. As pesquisas, na primeira metade do ano, apontaram Lula e seu Governo mal avaliados e, não raro, indicativos que seria difícil uma disputa à reeleição com aquele quadro avaliativo. Contudo, houve reação e dois fatores se conjugaram: os “inimigos” internos e externos. Internamente, a derrota do governo no IOF permitiu a formulação da narrativa “Congresso inimigo do povo brasileiro” com a lógica de que o Legislativo defendia os banqueiros, bilionário e a bets (super ricos) em detrimento do povo. Deu certo, pois a comunicação do governo e do campo progressista deixou de ser reativa e passou a proativa. O tarifaço de Trump e os ataques dos Bolsonaro constituíram-se num presente para Lula e a personificação do “inimigo externo” e a retórica da defesa da soberania, das instituições e da democracia permitiu uma melhora na avaliação de Lula.

Institucionalmente, as crises se avolumaram no ano. Rusgas do STF com o Congresso e do Executivo com Câmara dos Deputados e Senado da República. Embora Bolsonaro tenha sido condenado e preso, a bancada bolsonarista e o Centrão continuam fortes e com capacidade de pautar o debate, movimentar as redes sociais e obstruir a pauta da Câmara. O Deputado Hugo Motta teve o primeiro ano de sua presidência avaliado como fraca e errática. Bolsonaristas queriam anistia e terminam o ano com a aprovação, no Senado, do PL da dosimetria que visa reduzir as penas dos condenados pelo 08 de janeiro e, também, do núcleo crucial da trama golpista. É cedo para afirmar, mas já há questionamentos da legalidade/constitucionalidade deste PL da dosimetria. Davi Alcolumbre, Presidente do Senado, tinha boas relações com o governo e termina o ano tensionado e afastado, pois não teve sua indicação para o STF avalizada por Lula.

Nos estertores do ano, Bolsonaro indica seu filho, o Senador Flávio Bolsonaro, como seu candidato. O campo da direita se alvoroça e fica em compasso de espera. Lula declarou-se candidato à reeleição. Que venha 2026 e suas perspectivas políticas e eleitorais. No Brasil, o tédio não se instala e as emoções ganham relevância no cotidiano de nossa sociedade.

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