Arquivos Deysi Cioccari - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/deysi-cioccari/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Thu, 24 Oct 2024 14:16:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 O desafio de Haddad para restaurar a confiança no Brasil https://canalmynews.com.br/outras-vozes/o-desafio-de-fernando-haddad-para-restaurar-a-confianca-no-brasil/ Tue, 24 Sep 2024 20:44:19 +0000 https://localhost:8000/?p=47038 Ministro da Fazenda propõe adotar medidas consistentes de responsabilidade fiscal e promover reformas que inspirem segurança nas agências de rating

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A perda do grau de investimento em 2015 pelo Brasil representou um retrocesso significativo na confiança do mercado internacional em sua capacidade de honrar dívidas e garantir estabilidade econômica. A perda de credibilidade de um governo pode levar a um aumento nos custos de financiamento do setor público, uma vez que os investidores passam a exigir taxas de juros mais elevadas para compensar o risco percebido.

Para reverter esse cenário, como propõe o ministro Fernando Haddad (que tem sido cobrado pelo presidente Lula), é necessário adotar medidas consistentes de responsabilidade fiscal e promover reformas que inspirem confiança nas agências de rating. Já começamos com um belo desafio visto que responsabilidade fiscal parece sem um palavrão aqui no Brasil.

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Fato é que nosso país entrou em uma espiral de desconfiança financeira após 2015 por  uma combinação de fatores, incluindo a crise política do governo Dilma Rousseff, o aumento expressivo do déficit fiscal e a recessão econômica. O sociólogo Carlos Melo analisa esse período como um “colapso da governança fiscal”, em que a incapacidade de controlar os gastos públicos gerou um quadro de incerteza econômica. Combinado à instabilidade política, o Brasil se tornou um risco elevado para os investidores internacionais, que exigiam garantias de que o país poderia voltar a crescer de forma sustentável.

A partir de 2016, com o impeachment de Dilma e a adoção de medidas de austeridade, houve uma tentativa de recuperar o equilíbrio fiscal, mas os desafios estruturais persistiram. O economista Marcos Lisboa argumenta que, embora o governo de Michel Temer tenha implementado medidas importantes, como o teto de gastos, o crescimento econômico foi fraco e insuficiente para restaurar a confiança plena no Brasil. Além disso, a instabilidade política continuou a ser um empecilho, com frequentes crises entre o Executivo e o Legislativo e uma sensação de paralisia no avanço de reformas necessárias.

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Entre 2019 e 2022, o governo Bolsonaro enfrentou novos obstáculos na tentativa de atrair investimentos internacionais, agravados pela pandemia da Covid-19. O aumento da dívida pública, combinado com a falta de coordenação política e o crescente populismo fiscal, enfraqueceu a posição do Brasil perante as agências de rating. Segundo Paul Krugman, políticas que priorizam estímulos econômicos de curto prazo em detrimento da responsabilidade fiscal de longo prazo podem ter efeitos adversos, como o aumento da inflação e a redução da confiança dos investidores, como foi observado durante o período.

Hoje, o esforço de Fernando Haddad para retomar o grau de investimento passa pela implementação de uma política econômica mais previsível e a reestruturação da dívida pública, de olho na importância de estabilizar as finanças públicas para garantir uma recuperação sustentável. A retomada do grau de investimento traria uma série de benefícios, incluindo a redução do custo da dívida e maior atração de capital estrangeiro, o que seria essencial para o crescimento econômico a longo prazo.

Para que o Brasil consiga recuperar sua credibilidade internacional, será necessário um compromisso político robusto com as reformas econômicas, como a reforma tributária e a reforma administrativa, além de políticas de longo prazo que controlem o déficit fiscal e estimulem a produtividade. Ao recuperar o grau de investimento, o país poderá não apenas reduzir os custos financeiros, mas também promover uma retomada econômica sustentada, com base em princípios de responsabilidade e transparência fiscal, que são a base para uma política econômica bem-sucedida, segundo o economista José Roberto Afonso. Será que o Brasil consegue?

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Brasil cresce em meio a juros altos e desafia a lógica econômica. Como? https://canalmynews.com.br/outras-vozes/brasil-cresce-em-meio-a-juros-altos-e-desafia-a-logica-economica-como/ Tue, 17 Sep 2024 19:24:18 +0000 https://localhost:8000/?p=46757 Fenômeno pode ser explicado por diversos fatores, entre eles o peso das exportações de commodities e o papel do setor agrícola e mineral

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A notícia intitulada “Impressiona o Brasil crescer com juros tão altos”, publicada no Estadão com a fala do economista global Robert Sockin, do Citigroup, levanta questões cruciais sobre a resiliência da economia brasileira frente a um cenário de política monetária apertada, com taxas de juros que se mantêm elevadas. No entanto, o Brasil continua a registrar crescimento, um fato que desafia o convencionalismo econômico. Isso pode ser explicado por diversas teorias econômicas, incluindo aquelas que exploram a interseção entre política monetária, expectativas de mercado e fatores estruturais da economia.

O economista John Maynard Keynes (sempre ele!) propôs que, em situações em que a demanda agregada é baixa, o aumento dos juros tende a desestimular o investimento e o consumo. No caso do Brasil, porém, o efeito não tem sido tão claro.

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Um dos fatores que pode estar contribuindo para esse cenário paradoxal é o peso das exportações de commodities e o papel do setor agrícola e mineral, que continuam a impulsionar a economia brasileira, como argumenta Celso Furtado em estudos sobre o desenvolvimento econômico de base exportadora. O Brasil, ao manter uma balança comercial robusta e continuar exportando para mercados como a China, encontra na demanda externa um amortecedor contra os efeitos de juros altos.

A resiliência da economia brasileira pode estar associada também a uma estrutura financeira relativamente sólida. Nela, os bancos se mantêm capitalizados e o sistema bancário, como um todo, está preparado para lidar com choques de política monetária, algo que autores como Hyman Minsky estudaram em relação à estabilidade financeira. Mesmo com altos níveis de juros, o mercado financeiro brasileiro tem demonstrado adaptabilidade, utilizando instrumentos como o crédito subsidiado para segmentos estratégicos e programas de auxílio para pequenos empreendedores, que mantém o ciclo de negócios ativo.

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Há ainda uma explicação complementar, embasada a partir das ideias do economista Joseph Schumpeter. Segundo ele, mesmo em momentos de recessão ou desaceleração, economias que conseguem fomentar a inovação e a mudança tecnológica podem manter um ritmo de crescimento. No Brasil, há sinais de que setores como o de tecnologia da informação, fintechs e energias renováveis continuam a avançar, independentemente das dificuldades impostas pela política monetária.

Por fim, vale destacar que a trajetória de crescimento do Brasil com juros altos também revela limitações no curto prazo. De acordo com Milton Friedman, os efeitos plenos de uma política monetária podem levar tempo para se materializar.

Embora a economia esteja crescendo agora, as expectativas para 2025, como mencionado por Robert Sockin, apontam para uma possível desaceleração. Isso destaca a necessidade de ajustes nas políticas fiscais e monetárias para garantir um crescimento sustentável a longo prazo, sem que o país sofra os efeitos adversos de uma inflação persistente ou de uma retração severa do consumo e do investimento privado.

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Economia será tema central de debate decisivo entre Kamala Harris e Donald Trump https://canalmynews.com.br/outras-vozes/economia-sera-tema-central-de-debate-decisivo-entre-kamala-harris-e-donald-trump/ Tue, 10 Sep 2024 19:03:32 +0000 https://localhost:8000/?p=46554 Mais que políticas de aborto e imigração, eleitor americano quer saber como as propostas dos dois candidatos podem afetar o bolso nos próximos quatro anos

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O debate entre Kamala Harris e Donald Trump, que acontece nesta terça-feira (10), será um marco importante nas eleições dos Estados Unidos. Será possivelmente o único entre os dois candidatos, o que o torna ainda mais significativo. Embora temas como imigração e aborto sejam de grande relevância e devam aparecer no debate, é a economia que deve dominar as discussões.

It’s the economy, stupid” (“É a economia, idiota”), famoso slogan da campanha de Bill Clinton em 1992, ainda reverbera na sociedade americana e mostra uma nação que se preocupa com o que realmente deve se preocupar. Apesar das agressões por parte de um ou outro candidato, elas não são a regra. O eleitor tem outras preocupações. Kamala terá que defender o legado econômico da administração Biden, destacando conquistas como a criação de empregos e a redução da inflação, apesar das críticas ao aumento do custo de vida. Este será um ponto chave para seu discurso.

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A economia dos EUA enfrenta desafios complexos, desde a alta dos preços até as incertezas no mercado de trabalho. Kamala poderá argumentar que, sob o governo Biden, houve um esforço para estabilizar a economia após a pandemia, destacando a redução do desemprego e a recuperação gradual. O economista Paul Krugman sugere que as políticas fiscais e monetárias adotadas pelo governo Biden ajudaram a controlar a inflação, embora a percepção pública seja de que essas melhorias não foram amplamente distribuídas entre as diferentes classes sociais. Um desafio para Kamala, que precisa demonstrar ser uma liderança forte, principalmente dentro de seu partido.

Donald Trump, por outro lado, deve adotar um discurso focado em desregulamentação e cortes de impostos, uma abordagem que caracterizou seu primeiro mandato. Segundo o economista Joseph Stiglitz, embora essas políticas possam gerar crescimento econômico em curto prazo, elas também tendem a ampliar as desigualdades, favorecendo principalmente as grandes corporações. Trump provavelmente tentará atrair eleitores descontentes com o aumento dos custos de vida e os desafios econômicos imediatos, contrastando com o otimismo que Kamala buscará transmitir em relação ao futuro da economia americana.

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Além das divergências sobre o papel do governo na economia, imigração e aborto também devem ser tópicos de destaque no debate. Kamala criticará as políticas rígidas de imigração de Trump, enquanto ele deve argumentar que as fronteiras precisam de controle mais rigoroso. No que diz respeito ao aborto, ela se posicionará contra as tentativas de limitar o direito ao aborto, especialmente após a revogação da decisão Roe vs. Wade, enquanto o adversário buscará agradar o eleitorado conservador.

Entretanto, reitero, é o impacto econômico que deve definir o tom da campanha de ambos os candidatos. O público americano está profundamente preocupado com a inflação, o custo de vida e o futuro do mercado de trabalho.  Trump tentará capitalizar essas preocupações, apresentando-se como o candidato que pode revitalizar a economia com sua experiência empresarial. Kamala, por sua vez, terá que convencer os eleitores de que as políticas econômicas de Biden foram eficazes e que a continuidade do trabalho trará estabilidade e crescimento sustentável.

Portanto, o debate entre Kamala Harris e Donald Trump será uma oportunidade crucial para ambos definirem suas plataformas econômicas em um cenário de incerteza. Com a economia no centro das atenções, os candidatos precisarão abordar de maneira clara como pretendem enfrentar os desafios que afetam diretamente a vida dos eleitores. A performance de cada um no debate poderá moldar a narrativa das eleições e influenciar decisivamente a escolha dos eleitores indecisos. O bom sinal no meio disso tudo é que os eleitores, que estão ditando os caminhos do embate, querem ouvir sobre propostas.

Entenda a mudança de apoiadores de Trump para Kamala em campanha intensa:

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Eleições em SP: a crise na representatividade e o declínio da política https://canalmynews.com.br/outras-vozes/eleicoes-em-sp-a-crise-na-representatividade-e-o-declinio-da-politica/ Tue, 03 Sep 2024 18:07:54 +0000 https://localhost:8000/?p=46358 Cenário reflete a complexidade e a fragmentação do eleitorado paulistano, que vem demonstrando uma crescente inclinação ao populismo

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A pesquisa de intenção de voto Real Big Data, divulgada nesta terça-feira (3), revela um cenário de empate triplo entre Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), que disputam a Prefeitura de São Paulo. O cenário reflete a complexidade e a fragmentação do eleitorado paulistano, que, em consonância com as tendências nacionais, demonstra uma crescente inclinação ao populismo.

O fenômeno do populismo, conforme analisado por autores como Cas Mudde e Cristóbal Rovira Kaltwasser, tem se consolidado como uma força política significativa no Brasil, representando uma resposta a sentimentos de exclusão e insatisfação com as elites políticas tradicionais. Ou seja, o velho antissistema com roupagem nova. Marçal, que emergiu como uma figura central nesse contexto, tem capitalizado sobre essas emoções de maneira eficaz, utilizando um discurso que mescla religião e crítica ao establishment, características típicas do populismo contemporâneo.

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Adepto de uma estratégia similar a que Jair Bolsonaro utilizou com sucesso em 2018, Pablo Marçal representa uma nova encarnação do populismo de direita no Brasil. Sua campanha, baseada em um discurso fortemente antissistema e com apelos religiosos, tem encontrado eco em uma parcela significativa do eleitorado paulistano, que se identifica com suas críticas às elites e às instituições tradicionais.

O populismo é frequentemente uma resposta à crise de representação e à incapacidade das instituições em responder às demandas populares. Marçal soube explorar esse vácuo político ao se posicionar como o “outsider” que promete romper com a velha política. Nada de novo, mas sempre novo.

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O cenário eleitoral em São Paulo também reflete a natureza plural e heterogênea da cidade, em que diferentes segmentos da população se identificam com propostas políticas diversas. Enquanto Boulos mobiliza uma base progressista e Nunes se apoia no pragmatismo da administração pública, Marçal atrai um eleitorado que busca renovação e mudança radical, mesmo que isso signifique abraçar um discurso polarizador. A ascensão de Marçal pode ser compreendida à luz do que Pierre Ostiguy define como “alto e baixo” na política, onde Marçal representa o “baixo”, caracterizado pelo apelo popular, emotivo e moralizador contra as elites representadas por seus adversários.

A persistência do empate nas pesquisas reflete, portanto, não apenas a competitividade da corrida eleitoral, mas também a falta de consenso entre os eleitores sobre qual direção a cidade deve seguir. A teoria da escolha racional, como discutida por Anthony Downs, sugere que os eleitores tomam decisões baseadas em uma avaliação calculada de benefícios e custos.

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No entanto, o voto em Marçal parece transcender essa lógica, sendo motivado por fatores emocionais e identitários, o que é típico do comportamento eleitoral em contextos de populismo. Marçal, ao se posicionar como a opção que desafia o status quo, conseguiu capturar a imaginação de uma parcela do eleitorado que está insatisfeita com as alternativas convencionais.

Finalmente, o cenário de empate triplo na disputa pela prefeitura de São Paulo destaca a volatilidade do voto paulistano e a complexidade das alianças políticas na cidade. A tendência crescente do populismo, tanto à esquerda quanto à direita, sugere que o eleitor paulistano está cada vez mais cético em relação às promessas da política tradicional e mais propenso a apoiar candidatos que oferecem visões de mudança radical.

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A habilidade de Marçal em se manter competitivo em um ambiente tão polarizado e fragmentado reflete não apenas a eficácia de sua estratégia populista, mas também uma mudança mais ampla na dinâmica política brasileira. É nítido que o populismo se tornou uma ferramenta poderosa para canalizar o descontentamento popular.

Apesar da intensa disputa entre os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, um ponto crucial que tem sido negligenciado é a apresentação de propostas concretas para enfrentar os desafios específicos da capital paulistana. Isso foi, infelizmente, visto mais uma vez no debate do MyNews e da TV Gazeta. Os candidatos distorcem análises e fatos para que seu ponto de vista seja corroborado, e a verdade virou questão de agenda política.

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A cidade, com sua complexidade econômica, social e cultural, demanda soluções que vão além de discursos populistas ou slogans de campanha. Mas não adianta. O debate público tem sido dominado por narrativas polarizadoras e ataques mútuos, sem que se estabeleça um diálogo profundo sobre as políticas necessárias para lidar com questões como a mobilidade urbana, a desigualdade social e a crise habitacional.

Esse vazio programático revela não apenas a superficialidade das campanhas, mas também uma crise de representatividade, em que os candidatos parecem mais interessados em capitalizar sobre as emoções e medos do eleitorado do que em oferecer visões sustentáveis para o futuro da cidade. E o eleitorado, como demonstram as pesquisas, adora.

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O complexo problema da representatividade em São Paulo é agravado pela ausência de diálogo entre os diferentes segmentos da sociedade e os candidatos. A cidade, marcada por uma diversidade extrema, exige que os candidatos estabeleçam pontes com comunidades variadas e que compreendam as necessidades de diferentes grupos sociais. No entanto, a falta de propostas claras e o foco em discursos simplistas têm alienado uma parte significativa do eleitorado, que não se sente representada por nenhum dos candidatos.

Essa desconexão reflete o que Pierre Rosanvallon descreve como uma crise da democracia representativa, em que a política deixa de ser um espaço de mediação entre as demandas populares e a ação governamental e se transforma em um campo de disputa de narrativas sem substância. A ausência de diálogo e de um verdadeiro compromisso com a resolução dos problemas da cidade coloca em risco a capacidade da próxima gestão de governar de maneira inclusiva e eficaz, perpetuando a insatisfação e o ceticismo do eleitorado.

Saiba o que ninguém viu no debate mais polêmico de SP com Marçal, Nunes, Boulos, Datena e Tabata:

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A busca pelo poder de Arthur Lira https://canalmynews.com.br/outras-vozes/a-busca-pelo-poder-de-arthur-lira/ Wed, 28 Aug 2024 00:05:23 +0000 https://localhost:8000/?p=46152 Presidente da Câmara dos Deputados confronta tanto o Judiciário quanto o Executivo, enquanto se esquece da agenda econômica

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem demonstrado uma busca incessante pelo poder, frequentemente confrontando tanto o Judiciário quanto o Executivo. Não há limites. Norberto Bobbio já alertava: “O objetivo é chegar ao poder, se manter no poder e tirar o inimigo do poder”. Pois bem. Suas ações recentes, como a suspensão das sessões presenciais da Câmara em plena semana de esforço concentrado, revelam um líder que não aceita ser contrariado. 

Para Lira, o poder é um fim em si mesmo, e ele não hesita em manobrar politicamente para assegurar sua posição, mesmo que isso implique em paralisar pautas importantes para o país. “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a letra dura da lei”. A agenda econômica, que deveria ser uma prioridade num momento de desafios econômicos, tem sido deixada em segundo plano. O foco de Lira em proposições que limitam a autonomia do Supremo Tribunal Federal (STF) e que ameaçam a estabilidade do Executivo demonstra como o interesse econômico da nação é sacrificado em prol de uma guerra institucional.

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Segundo o cientista político Giovanni Sartori, a fragmentação do poder sem um sistema de pesos e contrapesos eficiente leva a um governo disfuncional, algo que estamos presenciando no Brasil. Esta guerra entre os poderes, sobretudo entre o Congresso e o Judiciário, reflete o que o teórico Carl Schmitt descreveu como a “politização do poder”, em que o conflito entre facções políticas se sobrepõe às necessidades do Estado.

Lira, ao colocar em pauta propostas que visam minar a independência do STF, não apenas desvia a atenção das reformas essenciais, mas também coloca em risco o equilíbrio institucional que é fundamental para a democracia.  Essa é uma estratégia de maximização do poder pessoal que leva a um processo de desinstitucionalização, em que as regras e normas que deveriam guiar a política são subvertidas em favor de decisões arbitrárias e personalistas. Ao focar em propostas que aumentam a influência do Congresso sobre o Judiciário, está, na verdade, buscando consolidar seu controle sobre a Câmara, assegurando que qualquer decisão que ameace sua posição possa ser neutralizada.

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O interesse do Congresso em proteger seus próprios membros e prerrogativas, muitas vezes às custas do bem comum, é um fenômeno que Max Weber associaria ao patrimonialismo, em que o interesse pessoal dos líderes se confunde com o interesse do Estado. Ao focar em emendas que favorecem grupos específicos dentro do Legislativo, Lira e seus aliados deixam de lado as pautas que impactam diretamente a população, como as reformas tributária e administrativa, que permanecem emperradas.

 A busca incessante pelo poder por parte de Arthur Lira e a guerra que ele promove contra o Judiciário resultam num Congresso que, ao invés de servir ao povo, protege a si mesmo. Esse cenário, descrito por autores como Sartori e Schmitt, evidencia um sistema político onde o personalismo e os interesses individuais prevalecem sobre as reformas necessárias para o progresso do país. A sociedade brasileira, que deveria ser o foco das ações do Legislativo, acaba sendo a grande perdedora nesta disputa de poder.

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Próximo ano vem aí, e com ele o temor de um apagão orçamentário https://canalmynews.com.br/outras-vozes/proximo-ano-vem-ai-e-com-ele-o-temor-de-um-apagao-orcamentario/ Tue, 20 Aug 2024 18:06:54 +0000 https://localhost:8000/?p=45993 Ministro da Fazenda Fernando Haddad indicou que deve haver um corte de quase R$ 26 bilhões para o orçamento de 2025

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A paralisação da agenda fiscal no segundo semestre no Brasil não é novidade. Na verdade, é um clássico. Desde os tempos em que eu trabalhava em Brasília (e lá se vai tempo nisso), é esse mesmo imbróglio. É um processo caótico que parece não ter solução. Conversando sobre isso, se me permitem o parênteses, meu amigo Fernando Capez, procurador de Justiça aposentado e brilhante advogado, lembrou de uma frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Esqueçam meus livros de sociologia. Agora tenho que governar, é outra história.”

O Brasil não é fácil de lidar. O ministro da Fazenda, aquele que tem o pior emprego do mundo (leiam Thomas Traumann), indicou que deve haver um corte de quase R$ 26 bilhões para o orçamento de 2025, obviamente com base no orçamento de 2024. Detalhe: corte é diferente de contingenciamento. Para 2025, estamos falando em corte. Uma coisa é falar bonito em campanha eleitoral, outra coisa é governar. E Haddad sabe disso.

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Buscando priorizar os investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os ministérios vão sentir o baque. A Telebras terá orçamento de R$ 299 milhões e precisaria de R$ 1 bilhão. “Ah, Deysi, mas R$ 1 bilhão não é nada no orçamento público”. Concordo. Mas se fosse só isso o argumento seria razoável. Mas vamos sair dessa janela discreta e olhar para o todo.

O que está em jogo aqui são R$ 50 bilhões em emendas que o governo não consegue pagar. Some-se aos R$ 6 bilhões de santinhos e mais tantos supérfluos como mandar a primeira-dama (lembrem, ressignificando seu papel) e sua comitiva para a abertura das Olimpíadas em Paris custando R$ 200 mil aos cofres públicos. Não ficou convencido? Nós temos uma dívida que está em quase 100% do PIB. Enquanto o governo não cortar na própria carne e não der o exemplo, o Brasil estará sempre à espreita de um apagão orçamentário. 

Leia mais: Reforma tributária: entre a pressa do Planalto e as prioridades do Congresso

Nosso Estado é obeso, inchado e ineficiente. A ministra da Gestão e da Inovação Esther Dueck, para completar esse jogo indecoroso, publicou uma portaria no Diário Oficial da União no dia 14 de agosto, que só faltou pedir desculpas pela publicação. A portaria apresentou proposta de reestruturação, criação e racionalização de cargos e carreiras no serviço público, que poderia ter um potencial para ser uma reforma administrativa. Teria. Porque a portaria é um desastre e só tem a intenção de criar tempo diante da pressão do presidente da Câmara Arthur Lira em recriar a Proposta de Emenda à Constituição da reforma administrativa.

Nada nesse país é pensado com profundidade. Nada é posto na mesa com clareza. Tudo é utilizado como subterfúgio para manter as velhas estruturas de poder. Como disse certa vez Georges Balandier: “As manifestações de poder não se acomodam bem com a simplicidade”. É o poder sem controle.

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Reforma tributária: entre a pressa do Planalto e as prioridades do Congresso https://canalmynews.com.br/outras-vozes/reforma-tributaria-entre-a-pressa-do-planalto-e-as-prioridades-do-congresso/ Tue, 13 Aug 2024 15:05:20 +0000 https://localhost:8000/?p=45840 Pauta pode ser paralisada em detrimento das eleições municipais e da sucessão das mesas nas duas Casas, fato que não deveria ser ignorado pelo governo Lula

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Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre já decretaram: é muito difícil votar a regulamentação da reforma tributária em regime de urgência, ou seja, nos próximos 45 dias. A regulamentação está no Senado e tem até o final de setembro para ser votada. Caso não seja apreciada, deve trancar a pauta do Congresso. Tudo o que o Palácio do Planalto não quer.

Pensando nisso, o presidente Lula, se reuniu com ministros na segunda-feira (12) para pressionar a articulação política e destravar essa pauta econômica do governo. O objetivo do Palácio do Planalto foi tentar mostrar que tudo está bem, que as relações funcionam e que a economia só melhora.

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Mas o outro fato que o Palácio do Planalto não enxerga, ou finge não ver, é que o Senado é mais lento nos seus ritos. Mais conservador, se quiserem dizer. Vamos observar essa última oportunidade do Congresso em intermediar relações entre interesses distintos e o resultado da reforma. A resposta que queremos observar  é como os parlamentares irão tratar esses interesses. Do outro lado, fingindo não ver esses interesses todos, o governo segue propagandeando que tudo ocorrerá muito bem.

A possibilidade de uma paralisia nesse assunto em detrimento das eleições municipais e da sucessão das mesas nas duas Casas é um fato que não deveria ser ignorado por Lula nem por seus quarenta ministros.

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Óbvio que a reforma tributária é um ponto positivo. Mas como disse certa vez o ex-ministro Pedro Malan, no Brasil, até o passado é incerto. A reforma foi aprovada, mas a sua regulamentação ainda depende do entendimento do Congresso de que esse é um projeto de país, e não de partido político. Digo isso porque chegamos até aqui, mas nada parece apontar para o caminho da normalidade ou do percurso normal das coisas.

Perdoem meu pessimismo, mas o sistema caótico brasileiro não me deixa pensar de outra forma. A regulamentação da reforma tributária obviamente representa um passo significativo para melhorar o sistema tributário brasileiro, mas sua implementação exigirá um acompanhamento contínuo para resolver desafios e ajustar políticas conforme necessário. Não é como se você dissesse: “Pronto, regulamentamos e agora tudo vai funcionar.” Como eu disse nas primeiras linhas desse texto, entre a pressa do Palácio do Planalto em ter algo concreto para mostrar e as prioridades do Congresso Nacional, existe um Rodrigo Pacheco de olho na sucessão da mesa e um Alcolumbre ávido por retomar sua cadeira.

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Um abismo chamado Brasil: o rombo nas contas públicas e o mito do déficit zero https://canalmynews.com.br/opiniao/um-abismo-chamado-brasil-o-rombo-nas-contas-publicas-e-o-mito-do-deficit-zero/ Tue, 06 Aug 2024 15:59:30 +0000 https://localhost:8000/?p=45662 Governo ainda finge que tenta incorporar um grau de realismo na divulgação da fatura, mas isso fica na tentativa, ou apenas nos pensamentos

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Enquanto escrevo este texto sobre o rombo nas contas públicas, a ginasta Rebeca Andrade faz algo impensável para os padrões brasileiros: ganha o ouro no solo, deixando a americana Simone Biles, com toda a máquina dos Estados Unidos, em segundo lugar. Uma notícia positiva, finalmente, num país mergulhado no caos, na falta de incentivo e de prioridades. Me pergunto como essa atleta de Guarulhos consegue fazer milagre num país que parece fadado ao desfiladeiro. Fosse economista, mesmo com todo seu brilhantismo, acho que nem Rebeca teria a solução para as contas públicas do Brasil.

 E é nesse momento que deixo minha euforia de lado e volto ao tema desse texto: o abismo chamado Brasil. Caso você não esteja acompanhando o programa Além das  Manchetes, aqui mesmo no MyNews, você está perdendo informações fundamentais para entender o que está hoje nas capas dos jornais: o rombo das contas públicas, que deve chegar a R$ 28,8 bilhões em 2024. Como assim, num país que arrecada tanto?  Nunca foi uma situação boa, mas andamos a passos largos rumo ao desfiladeiro desde  o governo Dilma Rousseff. De lá para cá, só piorou. A coisa desandou feio com os últimos governos, e nenhum deles deve ser eximido de responsabilidade.

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E por quê falei no MyNews? Porque um dos maiores problemas é, justamente, o déficit da previdência que foi tema de um Além das Manchetes, com o economista Raul Velloso. Ele fez alertas importantes e fundamentados, com gráficos e gráficos sobre o estouro que isso vai dar em poucos anos.

Há também o fato de o teto de gastos ter sido revogado e substituído pelo arcabouço fiscal, que acabou sendo alterado, fazendo com que os gastos crescessem num ritmo acima do permitido e agora se tornando insustentável. Esse é o Brasil.

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O governo Lula se vangloriou de ter feito a economia apresentar uma leve melhora, que não chegava na população por um “erro de comunicação”, mas agora não há explicação que chegue a tempo.

O governo ainda finge que tenta incorporar um grau de realismo na divulgação das contas, mas isso fica na tentativa, ou apenas nos pensamentos. Já que falei tanto na Previdência, um pequeno exemplo é a estimativa do governo subestimada em relação aos gastos com a previdência: o número, segundo especialistas, está errado em mais de  R$ 10 bilhões.

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Some-se a isso falas desastradas do presidente como “o problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão”, declaração dada em entrevista ao UOL. O cenário perfeito para o caos está montado.

Vamos combinar que esse papo de déficit zero é “para inglês ver”. E com um Estado obeso, inchado, gastão e que nunca, nem em Lula 1, nem em 2, se preocupou com a meta fiscal, não vai ser agora que vai se endireitar. E por que sou tão pessimista? Pelos sinais. Por todos eles. Porque Lula ataca o mercado dia sim, dia não, como se fosse seu inimigo, ataca o Banco Central, não se preocupa com o impacto de suas falas e não demonstrou, até agora, quase dois anos depois da posse, qualquer sinal de mudança. Analistas indicam gastos subestimados, receitas superestimadas. Tudo isso somado aos bloqueios no orçamento, que nem é mais tão secreto. A história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. E, felizmente, com algumas Rebecas no meio.

Qual é o papel dos memes na política e como refletem no mercado?

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Fala de Lula aposta na máxima ‘o inferno são os outros’ https://canalmynews.com.br/outras-vozes/fala-de-lula-aposta-na-maxima-o-inferno-sao-os-outros/ Tue, 30 Jul 2024 20:25:00 +0000 https://localhost:8000/?p=45445 Pronunciamento do presidente à nação no último domingo (28) parece uma tentativa de arrumar sinais trocados que ele vem passando ao mercado nos últimos meses

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Lula fez um balanço dos 18 meses de governo na noite de domingo (28). Ou, uma peça publicitária foi exibida na televisão, porque o realismo passou longe das falas do presidente. Talvez tenha sido uma tentativa de arrumar os sinais trocados que ele vem passando ao mercado nos últimos meses. E uma segunda tentativa de falar com um eleitor que não entende as mensagens do governo. Vou explicar.

A relação de Lula 3 com o mercado não tem sido das melhores. Desde o dia 1 de seu governo, Lula ataca Campos Neto, presidente do Banco Central. Mas suas falas conseguem ser piores do que os ataques. O presidente chegou a declarar que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se tiver “coisas mais importantes para fazer”. Como se não bastasse, afirmou ainda que precisava ser convencido sobre corte de gastos em 2024.

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A história se repete e olhar para o passado nos faz ter uma noção de como será nosso futuro. O governo Lula 1 seguiu uma política econômica de FHC. Fato. Foi criticado, obviamente, principalmente pelo núcleo duro do partido, mas foi a garantia de que manteria os contratos que deram a eleição ao petista. Mas, em Lula 2, houve uma deterioração do regime fiscal que precisa ser mencionada.

O presidente usou a crise de 2008 como pretexto para o afrouxamento do compromisso fiscal. Se, por acaso, você não se lembra, foi com a posse de Guido Mantega na Fazenda, em 2006, que foi selado de vez o abandono do ajuste fiscal. E, em 2007, a pá de cal: a preocupação com o ajuste fiscal logo cedeu lugar à defesa ostensiva da expansão do gasto público, na esteira do espetacular desempenho de receita tributária, propiciado pela combinação da recuperação da economia com o aumento de eficiência da máquina arrecadadora.

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A preocupação com as contas da Previdência logo se converteu em negação peremptória da necessidade de reformas na área previdenciária, com base em cenários deturpados e apelo à contabilidade criativa. O resto é história. Isso seguiu no governo Dilma Rousseff, e voltou à tona em Lula 3. 

Por que fiz toda essa explicação? Porque, desde 2006, os governos petistas gastam mais do que arrecadam, superestimam receita e subestimam gastos. O compromisso com a responsabilidade fiscal é coisa de narrativa. Uma tentativa de conter a queda na popularidade.

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A peça de campanha exibida domingo precisa ser convincente, ainda mais quando o presidente não consegue convencer a população de que a economia “apresenta sinais de melhora”. Por isso, Lula fala em vagas nas creches e nas universidades para acenar a um eleitorado que não vê o governo cumprindo o que prometeu.

Ao mercado, uma sinalização de que “não somos mais o mesmos nem vivemos como nossos pais”. No caso, “nossos pais” entenda-se por Lula 1 e 2 e Dilma. Fato é que o mercado continua desconfiado, e a população não engole muito bem essa história de “economia melhorando”. Então apostar no quê? Na polarização. E foi isso que Lula fez.

Diante de um governo gastão que, dia sim, dia não, bate de frente com a equipe econômica, vamos na velha máxima que funciona no Brasil: eles são muito piores. Como disse Napoleão Bonaparte: “Na política todos os amigos são falsos. Os inimigos, verdadeiros”. O inferno são os outros.

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Haddad além do memes: e a economia com isso? https://canalmynews.com.br/outras-vozes/haddad-alem-do-memes-e-a-economia-com-isso/ Tue, 23 Jul 2024 21:00:32 +0000 https://localhost:8000/?p=45147 Responsável pela pasta da economia está muito longe de ser 'o melhor ministro que esse país já viu', mas tem conseguido alçar bons voos, apesar do núcleo duro petista

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Um brinde à balbúrdia nossa de cada dia. Assim Viktor Chagas, estudioso sobre memes na política, começa sua explicação sociológica sobre esse fenômeno. Estudiosos do mundo inteiro chegam ao consenso de que memes podem ter uma cultura provocativa, mas também polifônica. Eles afirmam que memes são uma nota de pé de página para o debate a ser travado. Ou seja, caros amigos, não são o todo. São selecionados naturalmente de forma que a crença mais adaptável ao que eu acredito, sobrevive. Nesse sentido, memes podem ser compreendidos como rumores.

No vídeo para o MyNews Investe (assista abaixo), citei brevemente a biologia. Num apreço ao querido Edgar Morin, que afirma que nada pode ser citado isoladamente, é na biologia que os estudiosos encontram explicações para os memes colarem tão fácil: são as leis da repetição que dão conta da interação social aliadas à diferenciação e competitividade que fazem esse fenômeno ser o que é.

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E, como expliquei no vídeo, isso tem tudo a ver com o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Apesar de ser taxado (não pude evitar) como o grande mal da economia, foi de Haddad que vieram algumas vitórias desse governo. Foi ele quem conseguiu fazer, num governo petista, com que a carga tributária caísse no primeiro ano de governo.

Sim, os impostos caíram 0,64% em, relação a 2022. E, por mais que muitos critiquem, e eu critico muito, a relação de Lula com o mercado, fato é que quando se observa a decomposição de tributos pagos em 2023, o Imposto de Renda das empresas foi o item que mais colaborou com a queda. Empresas pagaram o equivalente a 2,34% do PIB em IR, valor 0,45 ponto menor que um ano antes.

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Haddad está muito longe de ser “o melhor ministro que esse país já viu” (adoro ironias), mas tem conseguido alçar bons voos, apesar do núcleo duro petista.

Mas também não podemos ignorar solavancos desse governo, que ainda não se entende e, vez ou outra, parece não saber que direção seguir. Por exemplo, os ajustes fiscais que vêm sendo feitos são essenciais, mas a verdade é que a gente ainda não viu uma política objetiva de crescimento sendo proposta pelo governo. Até hoje a discussão séria sobre a implantação de uma política de avaliação das despesas públicas e renúncias fiscais não foi debatida.

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Mas vamos falar de outra coisa que os memes não contam. Na quinta-feira (18), o dólar fechou em US$ 5.58. Para evitar mais desespero ainda o governo antecipou um a núncio que seria feito na segunda (22). Finalmente, afirmou que fará um corte de gastos de R$ 15 bilhões  no orçamento de 2024. São insuficientes? Sim. Mas qual a representação disso? De que há um esforço para  mostrar que o governo está em direção ao cumprimento da meta do equilíbrio das contas públicas. Depois de uma semana em que Lula disse que a meta não era prioridade, levando insegurança ao mercado, Haddad, o dos memes, de novo apaga o fogo.

O ministro antecipou o anúncio percebendo que precisava entregar alguma coisa, mesmo no meio da bagunça que se formou, e já prevendo turbulência por causa das falas de Lula. E não sei se vocês prestaram atenção, mas havia ali, naquele anúncio, um esforço das alas políticas e econômica. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e a  ministra da Gestão, Esther Dueck, juntos, dando suporte ao ministro. Um retrato da boa vontade em se fazer alguma coisa diante das falas desastrosas do presidente. Haddad 1, memes 0.

Assista abaixo à analise completa de Deysi Cioccari:

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