Arquivos João Bosco Rabello - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/joao-bosco-rabello/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Fri, 24 May 2024 14:43:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Um crime coletivo, liderado pelo Presidente https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/um-crime-coletivo-liderado-pelo-presidente/ Wed, 14 Feb 2024 03:32:42 +0000 https://localhost:8000/?p=42341 A diferença entre a realidade do golpe e a ficção da célebre escritora inglesa é que em nosso enredo, a vítima é atingida, mas não morre. A democracia sobreviveu, mas como nos gêneros policiais, tentativas de homicídios por ódio ou vingança, tendem a se repetir.

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O Golpe de estado frustrado do governo bolsonarista é muito mais que a minuta que estes usam para terceirizar a trama a um redator anônimo. Em vão: a minuta isolada não tem assinatura, mas a mesma operação que a apreendeu, trouxe o vídeo dos que a produziram.

À época do escândalo das joias, o jornalista Luiz Carlos Azedo, do Correio Braziliense, lembrou um dos contos da escritora inglesa Agatha Christie, uma lenda do romance policial, em que um assassinato é elucidado a partir de quatro relógios encontrados na residência da vítima.

Pois o vídeo da reunião ministerial em que o então presidente Bolsonaro lidera a discussão do golpe de Estado, remete a outro conto de Agatha Christie: a Morte no Expresso Oriente, em que todos os 12 passageiros de um trem tiveram participação no assassinato de um dos passageiros.

Assim é o enredo do golpe, uma trama coletiva do governo Bolsonaro, onde os que menos participaram foram omissos. Caso, por exemplo, do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, testemunha muda do vídeo da reunião ministerial em que, um a um, seus integrantes confessam o crime.

Mais que isso, cada um relata o que já fez e o que fará dentro de suas funções no governo. A de Paulo Guedes, manter silêncio. Como numa chamada escolar, onde cada citado diz “presente”, os ministros contaram o andamento da operação e o estágio da parte que lhes cabia.

Como em todo o trabalho de grupo, aquele que, por preguiça ou cautela, foi negligente, mas recebe a mesma nota dos que participaram, têm sua assinatura no conjunto da obra.

Naquela sala da reunião, há uma banca examinadora: Bolsonaro e seu candidato a vice, o então ministro do Gabinete Civil, general Braga Neto. Líder da trama, o presidente era o mais exaltado a cobrar resultados ante a perspectiva da derrota. Tinha seu diagnóstico e a pressentira.

A diferença entre a realidade do golpe e a ficção da célebre escritora inglesa é que em nosso enredo, a vítima é atingida, mas não morre. A democracia sobreviveu, mas como nos gêneros policiais, tentativas de homicídios por ódio ou vingança, tendem a se repetir.

Por isso, é indispensável que se feche não só o cerco aos envolvidos, mas também as brechas que permitiram a ousadia do golpe: o corte absoluto à participação militar na política, incluindo a inelegibilidade de membros das Forças Armadas, como também a limitação de participação em governos aos cargos restritos à função militar.

Por ora, até que o Legislativo decida enfrentar uma reforma que revise o papel constitucional das Forças Armadas.

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Partido Miliciano, o sujeito oculto da política nacional https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/partido-miliciano-o-sujeito-oculto-da-politica-nacional/ Mon, 29 Jan 2024 23:49:52 +0000 https://localhost:8000/?p=42221 Ao permitir a fusão de interesses distintos com uma pauta de valores comum apenas na aparência, a direita corre o risco de associar sua imagem – e suas biografias individuais – a temas que são caros apenas aos milicianos. E comprometer-se com uma associação criminosa infiltrada no parlamento

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Apenas 12 dos 28 partidos e federações que disputaram as eleições de 2022 conseguiram alcançar a cláusula de desempenho fixada pela Emenda Constitucional 97, de 2017. De lá para cá, somente essas 12 legendas têm acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita de rádio e televisão.

As novas regras em vigência desde 2018 impuseram às 16 legendas que não alcançaram o critério de desempenho três alternativas de sobrevivência – a fusão, incorporação ou federação com aquelas que obtiveram melhor desempenho nas urnas.

Bom para a política, esse enxugamento deu mais nitidez ideológica ao sistema partidário, com prevalência da corrente conservadora. Porém, nessa contabilidade partidária o sujeito oculto é o Partido Miliciano, infiltrado na direita como um cavalo de Tróia.

Camuflado em legendas majoritárias, serve-se do dinheiro público destinado ao desenvolvimento das atividades partidárias para alavancar sua estratégia de ampliação territorial. Como fez no Rio, a partir da Assembleia Legislativa.

Essa turma abraça as pautas conservadoras, embora pouco ou nada lhe importem os valores religiosos e morais da direita tradicional. O faz pela conveniência de atrair essa direita para temas próprios que aparentam similaridade ideológica.

Importa-lhes não aprimorar a política antidrogas e materializar um braço parlamentar do crime, blindando-se no bolsonarismo para impedir a ação dos poderes constituídos e consolidar-se como um poderoso grupo paramilitar a serviço de um estado paralelo, cujo comando divide com o tráfico.

Ao permitir a fusão de interesses distintos com uma pauta de valores comum apenas na aparência, a direita corre o risco de associar sua imagem – e suas biografias individuais – a temas que são caros apenas aos milicianos. E comprometer-se com uma associação criminosa infiltrada no parlamento.

É quando, por exemplo, a bancada do agronegócio defende a política bolsonarista de armar cada morador de Copacabana, quando o que lhe importa é garantir o direito de defender suas propriedades no campo.

Nesse contexto se inserem as recentes operações de busca e apreensão nos gabinetes parlamentares dos deputados Alexandre Ramagem e Carlos Jordy, cada um, a seu modo, flagrado em crimes contra o Estado.

Ambos são os únicos beneficiados , nesse momento, pela mobilização da direita contra o STF em decorrência do episódio. A soberania do Legislativo, nesse caso, é mero pretexto para acobertamento de ambos.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco, parecem já entender esses riscos. Evitaram dar repercussão às operações da PF contra Ramagem e Jordy. Mas se tornaram alvo indiscriminado da direita, novamente contaminada pelos interesses milicianos.

A carga sobre ambos para que comprem a briga contra o STF aumentou e levou Pacheco a abdicar de seu estilo mineiro e polido para desancar o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que o chamara publicamente de “frouxo” por não agir contra Alexandre de Moraes.

O que mobiliza a direita contra o STF não é a mesma causa que mobiliza a milícia. Esta pretende neutralizar o STF para escapar da prisão; aquela pretende limitá-lo à interpretação da Constituição e impedi-lo de ultrapassar a fronteira entre o intérprete da Constituição e o legislador.

Tem-se que o agronegócio não precisa dos milicianos para enfrentar sua batalha com o STF, como estes precisam da direita para materializar a guerra contra o Judiciário, em nome da liberdade para delinquir. A direita pode resolver suas contendas pela via política; as milícias, não.

O experiente advogado de muitos políticos, de diferentes matizes ideológicas, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, calcula em duas dezenas os parlamentares já alcançados pelas investigações que culminaram com o 8 de janeiro e que estão no mesmo roteiro de Jordy e Ramagem.

A ex-deputada Joice Hasselmann que, bem ou mal, transitou pela intimidade do bolsonarismo, concorda com esse cálculo, desde que ele se refira apenas aos ex-integrantes do PSL. “No macro, é bem mais”, diz ela. A tirar por ambos, vem mais encrenca aí no roteiro de operações judiciais contra parlamentares.

O STF dobrou a aposta e realizou uma operação de busca e apreensão contra o vereador Carlos Bolsonaro na extensão das investigações sobre a Abin paralela – a rede de espionagem política ilegal comandada por agentes de inteligência a serviço do governo Bolsonaro. Não daria esse bote se não estivesse já respaldado por informações seguras e ainda sigilosas.

Até 2019, a milícia era um fenômeno de alcance e ação estaduais. O ciclo Bolsonaro lhe deu escala nacional e se a direita conservadora, mas democrática, continuar a trata-la como igual, estará se associando à ideologia do crime e contribuindo decisivamente para que o Congresso Nacional se torne, em pouco tempo, uma Alerj federal.

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O golpe contra o Supremo https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/o-golpe-contra-o-supremo/ Thu, 23 Nov 2023 23:18:01 +0000 https://localhost:8000/?p=41428 Senado se associa a PEC de DNA golpista e abre crise entre poderes

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Ao dar seu voto favorável à PEC que limita os poderes do Supremo Tribunal Federal, o senador Jacques Wagner reconheceu no microfone que sua condição pessoal e a de líder “são indissociáveis”. Desnudou ali a dubiedade premeditada do governo em matéria cujo timing denuncia o revanchismo bolsonarista.

Wagner foi Lula – e a bancada do PT, mesmo dando seu voto contrário, também. A PEC só andou pela espúria combinação de revanchismo bolsonarista com o oportunismo político dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre empenhados em reproduzir a dobradinha que lhes garante o revezamento na presidência do Senado.

Foi uma grosseira peça política para iludir menores de 10 anos – e olhe lá! A proposta de reforma do Supremo tem a digital de Bolsonaro, que atribui corretamente à Corte a frustração de seu projeto golpista. O argumento dos cínicos é o de que o debate não começou agora.

De fato, ele é mais antigo, sem nunca ter prosperado. Seu último estímulo data de 2019, em sincronia com o início do mandato de Bolsonaro, cuja pauta prioritária foi contestar a Constituição de 88 por meio de uma campanha sem precedentes contra a Suprema Corte, que culminou com a invasão e depredação do prédio do tribunal.

Antes de entrar em campo, portanto, Bolsonaro já patrocinava o enfraquecimento do STF. Os operadores da PEC são seus fiéis discípulos. Eles têm identidade e domicílio político no Senado, somam 30 senadores, e tentam por meio da reforma “urgente” remover seu principal obstáculo.

A reforma não aprimora nada, apenas subtrai poder ao Supremo, interfere na sua dinâmica interna, e por isso se traduz pela continuidade do golpe.

A justificativa por trás da decisão de Jacques Wagner é a da necessidade de garantir o apoio do Senado às matérias econômicas de interesse do governo em tramitação no Congresso. Ninguém desconhece que Pacheco retirou a fiança a Lula, agora exercida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, numa inversão de papéis que certamente também obedece a um script dos comandos das duas Casas.

De todas, essa é a chantagem a que o governo não poderia, sob nenhum pretexto, ceder. A garantia da ordem democrática, em todos os seus capítulos, se deve ao STF – e até isso Wagner ao justificar seu voto pretendeu negar, fazendo-a isonômica ao Legislativo. Logo o Legislativo que governou com Bolsonaro.

Lula deve ao STF não só o seu retorno ao Palácio do Planalto, com o resgate legítimo de sua elegibilidade, como a sua continuidade no cargo, ameaçado pela trama golpista. E, por extensão, uma dívida do país. Foram quatro anos de resistência ao golpe que tinha a interpretação da Constituição como única arma de defesa.

Foi o exercício, a um só tempo, da autoridade do Judiciário e de seu poder moderador, que as Forças Armadas continuam empenhadas em usurpar.

Ao exercer seu papel, o STF acumulou conscientemente um passivo político que não julgava ter que pagar a Lula, mas à democracia. O período de Bolsonaro ainda não é letra morta, a conspiração continua, as investigações do 8 de janeiro também, mas o presidente do Senado deu seu aval à PEC, indiferente às ponderações sobre seu desserviço à democracia.

O fez – e pior, com a omissão ativa do governo-, antes que o tempo desbotasse a fotografia histórica dos Três Poderes reunidos na praça de mesmo nome, em cenário de ruínas, no que parecia uma definitiva demonstração de unidade pela democracia.

O Senado abriu a porta, a Câmara deve mantê-la fechada, mas destrancada. Afinal, em tempos de vale tudo, sabe-se lá em que momento precisarão ameaçar o Judiciário outra vez.

O STF, passadas as primeiras reações ao episódio, deve fechar-se em copas, reforçar a unidade interna e traçar o percurso para o resto da viagem que ainda não acabou, mas ficou mais longa.

Vale lembrar que as investigações do golpe já chegaram a parlamentares de quase todas as legendas. É questão de tempo para que se materializem suas consequências. O que talvez explique, em parte, o DNA da PEC.

É o que se depreende da reação, em uma só voz, de seu presidente, Luís Roberto Barroso, e do decano, Gilmar Mendes. Que assim como o enfrentamento do golpe por Alexandre de Moraes, não representam um comportamento monocrático.

Lula não deveria ter pago esse preço. Está agora nas mãos de Lira e Alcolumbre, líderes de um Legislativo que se julga poderoso o suficiente para depor ministros da Suprema Corte – que dirá o governo da hora.

O Senado mostrou que o Legislativo quer mais que afirmar-se como poder político sobre o Executivo, pelo controle do Orçamento. Quer mesmo o poder absoluto, como lhe confere outra PEC, guardada na gaveta de Lira, a permitir simplesmente que o Legislativo revogue quaisquer decisões da Suprema Corte.

O governo não quis sair derrotado da votação, mas a guerra é mais que uma batalha. Como demonstrou o STF na paciente e metódica contenção de Bolsonaro.

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Aposta em Dino indica que o PT não sabe se terá Lula em 2026 https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/aposta-em-dino-indica-que-o-pt-nao-sabe-se-tera-lula-em-2026/ Thu, 21 Sep 2023 18:11:54 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39907 Partido faz movimento preventivo para garantir prioridade na hipótese de Lula não concorrer em 2026

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A entrelinha que chama a atenção no empenho do PT em isolar potenciais candidatos á sucessão de Lula é a de que o partido não aposta todas as fichas na sua candidatura à reeleição em 2026.

Lula é candidato vitalício do PT à presidência da República. Portanto, a única forma de isso mudar é por espontânea renúncia a essa condição (não há redundância na frase, porque na política não é rara a figura do renunciado).

Em algum momento na estrada do terceiro mandato, Lula disse que não seria candidato à reeleição, o que gerou um apelo para que voltasse atrás, porque a declaração deflagrou a disputa interna pelo seu substituto.

Lula aquiesceu e deu nova declaração em sentido contrário: seria candidato, sim, em 2026. Mas a que prevalece real no plano interno é a primeira. No xadrez político não sobrevive o dito pelo não dito. A disputa pelo seu lugar prossegue, ainda que em caráter preventivo.

A primeira preocupação manifesta foi a do veterano Rui Falcão, presidente da Comissão de Constituição e Justiça e quadro histórico do partido. Sem rodeios, ele acusou o problema e não escondeu que a preocupação imediata era com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

De centro-direita, capturado pelo presidente para um novo ciclo político aliado aos adversários de ontem, Alckmin era o perfil ideal para garantir a veracidade da frente ampla, decisiva para a vitória eleitoral, e para um governo compartilhado, abrindo as portas a uma aliança que isolasse a extrema-direita no parlamento.

Falcão não economizou elogios a Alckmin, inclusive quanto à sua honestidade de propósitos, mas ainda assim não seria justo que herdasse o lugar, mesmo de forma involuntária, dada a frustração no partido com tal cenário. Falta-lhe o DNA petista.

Com a eleição e a composição miscigenada do governo, outros nomes passaram a ser potenciais candidatos, como Simone Tebet, Fernando Haddad e, pelo seu desempenho essencial no combate ao golpe, o ministro da Justiça Flávio Dino. E Dino logo passou à condição de favorito de Lula à vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal.

Um movimento de aparente louvor ao miistro é, no entanto, uma forma de afastá-lo do páreo sucessório emprestando ao mérito inegável de sua atuação no governo, um lugar de honra no Olimpo do Judiciário – ele que conjuga em seu currículo a vivência múltipla de juiz federal, governador e, agora, senador.

Salvo engano, porém, Dino é o favorito do PT, sem qualquer indicação que o seja de Lula. Entre muitos outros, dois nomes permanecem na bolsa de apostas para além das fronteiras do partido: o presidente do Tribunal de
Contas da União, Bruno Dantas, e o Advogado-geral da União, Jorge Messias.

Como Dino, ainda no enredo especulativo, tem também as preferências dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, pode ser que o esforço do PT acabe gerando o fato que hoje é ainda versão.

É de Nelson Rodrigues a máxima de que se uns pudessem ler o pensamento dos outros, ninguém se cumprimentava. Conhecedor do que de mundano vai na alma humana, o dramaturgo sabia que o pensamento é indevassável e o único e verdadeiro nicho de liberdade individual.

E Lula ainda não revelou o que pensa.

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Morre Domenico de Masi, o visionário que defendia mais produção com menos trabalho https://canalmynews.com.br/brasil/morre-domenico-de-masi-o-visionario-que-defendia-mais-producao-com-menos-trabalho/ Sat, 09 Sep 2023 18:01:37 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39464 O sociólogo italiano Domenico de Masi morreu neste sábado, 9, aos 85 anos, na Itália. Autor de mais de uma dezena de obras, notabilizou-se por aquela que ficou conhecida como o “Ócio Criativo”

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O sociólogo italiano Domenico de Masi morreu neste sábado, 9, aos 85 anos, na Itália. Autor de mais de uma dezena de obras, notabilizou-se por aquela que ficou conhecida como o “Ócio Criativo”, que defende a equilibrada distribuição entre trabalho, estudo e lazer.

Pela sua teoria, que ganhou e encantou o mundo, a descompensação entre esses três fatores carrega o cérebro e o torna improdutivo a partir de certo ponto, pelo estresse gerado com o acúmulo de informações. Mais recentemente atualizou a teoria, aplicando-a ao mundo tecnológico.

Dessa adaptação, fez quase uma profecia, ao resumir três grandes transformações no mercado de trabalho até 2030: o aumento do uso da tecnologia, a feminilização e a globalização. “A tecnologia também mudará o mundo do trabalho: a engenharia genética curará muitas doenças, a inteligência artificial substituirá parte do trabalho intelectual”, afirmou em uma entrevista concedida ao Estadão em 2017.

Em análise coerente com sua obra mais conhecida, disse ser possível produzir mais, trabalhando menos. “Nos países avançados, 25% dos trabalhadores serão operários, 25% serão empregados e metade fará trabalhos criativos. É uma grande transformação.”

De fato, sua morte ocorre em plena discussão mundial sobre a carga e a forma de trabalho pós-pandemia que deixou como uma consequência a experiência bem-sucedida do home office. Agora se estuda um sistema híbrido que concilie a produção em ambiente doméstico com a presencial na empresa. E com redução de um dia na jornada de trabalho.

Por essa via, em 2019, afirmou que o desemprego é “uma construção social”. Se mais gente trabalhasse menos, a partir de uma carga ideal, não haveria desempregados.

“Por exemplo, um alemão trabalha 1.400 horas ao ano, em média. A ocupação é de 79%. O desemprego é de 3,8%. Na Itália trabalhamos 1.800 horas ao ano, veja que loucura! Os italianos trabalham 400 horas a mais que os alemães! E temos 58% de ocupação e 11% de desemprego. Se na Itália trabalhássemos 1.400 horas não existiria nenhum desempregado. O desemprego é uma construção social, não é uma fatalidade”, afirmou.

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De melancias a perucas, o Congresso ignora a conspiração contra a Política https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/de-melancias-a-perucas-o-congresso-ignora-a-conspiracao-contra-a-politica/ Wed, 06 Sep 2023 22:42:04 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39441 Sob a indiferença das presidências, o baixo-clero impõe ao Legislativo padrões de casa de tolerância

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Houve tempo em que o chamado baixo clero formava uma maioria silenciosa na Câmara dos Deputados, sem influência na condução dos trabalhos legislativos.

A orientação política era formulada por um núcleo parlamentar estimado em menos de uma centena de deputados e senadores. O baixo clero era administrado na sua pauta essencialmente paroquial e fisiológica.

Por um momento chegou ao poder maior e presidiu a Câmara, a partir de um motim que elegeu o deputado pernambucano Severino Cavalcanti, cuja plataforma de campanha era a independência ou morte – prevalecendo esta última.

Severino não durou no cargo, defenestrado pela materialização daquilo que chamava de liberdade e autonomia parlamentar: flagrado na extorsão do concessionário da lanchonete da Câmara, que lhe garantia um complemento salarial, desabou do cargo.

Não sem antes protagonizar um episódio que ficou célebre ao negociar a participação de seu núcleo na estrutura da Petrobras. Indagado nos bastidores sobre o que desejava na empresa, respondeu em público: “Quero aquela diretoria que a gente fura poço e sai petróleo”.

Até aqui, qualquer livro sobre esse enredo poderia ter o título de “Ascensão e queda do baixo-clero”. Mas ainda viria a eleição de um dos seus mais autênticos representantes, Jair Bolsonaro, para a presidência da República.

O baixo clero se define como o extrato parlamentar que busca vantagens pessoais e provincianas, uma espécie de bancada de vereadores federais. Se caracteriza pela pouca e conveniente visibilidade. Atua nas sombras, vive do varejo e não influía no atacado.

O ex-presidente Bolsonaro era parte disso. Como Severino Cavalcanti, ascendeu ao poder no vácuo moral programado pela operação Lava Jato que associou ao combate à corrupção a criminalização da política. Chegou à presidência da República no figurino de um outsider, embora com 28 anos de mandato.

Com Bolsonaro, como se viu, a ascensão não foi breve, embora ele tenha se esforçado nesse sentido. Sua gestão despertou outro baixo clero – o de um eleitorado que se identificava com o sentimento de exclusão com origem na antítese democrática – o do manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Bolsonaro passa lentamente do topo da cadeia alimentar política para o ostracismo, uma transição impregnada de processos e ações, uma delas já responsável pela sua inelegibilidade.

Mas fica o bolsonarismo e, mais grave, a predominância do baixo clero no Legislativo, onde continua maioria, porém não mais silenciosa. E, diferentemente do passado, tolerada em todos os seus abusos e escândalos. É um permanente garimpo ilegal de vantagens que hoje alcançam o comércio de joalherias.

Em 2013, uma massa ainda não detectada pelos políticos ganhou as ruas com uma pauta inesperada e acuadora: a cobrança de correspondência entre a carga de impostos e o péssimo serviço entregue aos contribuintes – e mesmo a ausência dessa contrapartida.

O movimento logo ganhou um slogan, na esteira dos preparativos para a Copa do Mundo do ano seguinte, 2014: “Queremos o padrão Fifa”, numa alusão ao súbito up grade do Estado nos serviços necessários para sediar a Copa.

Numa analogia válida, instalou-se no Congresso o que se pode chamar de “Padrão Brunini”, extraído do comportamento do deputado Abílio Brunini, candidato à prefeitura de Cuiabá, que só não tirou ainda a roupa na CPMI do 8 de Janeiro, palco que escolheu para produzir vídeos e imagens para a sua campanha, mesmo não integrando a comissão.

Poderia também ser o “Padrão Nikolas”, deputado mineiro que conspira contra a sanidade da juventude brasileira. Nikolas, porém, perdeu para Brunini no volume de produção de fakes e molecagens. Poderia ainda ser o “padrão Malta”, que remete ao senador Magno Malta, de conhecido perfil baixo clero.

Há outros exemplos, como o do tenente Zucco, que preside a CPI do MST como se estivesse em um churrasco no quintal de sua casa e com padrão militar que trata parlamentares, sobretudo a bancada feminina, como subordinados da caserna.

A lista é grande, a confirmar que o baixo clero é que determina hoje o comportamento e os rumos (ou a falta de) do Legislativo instalando na casa de debates o não-debate.

O pior ainda não é isso: é a condescendência dos líderes parlamentares – os de partidos e os que presidem as duas casas, que fazem olhar de paisagem para toda essa ópera bufa.

Destaque para o presidente da CPMI do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia, que ao invés de enfrentar os atores desse processo de desmoralização do Legislativo, preferiu punir quem documenta esse caos, impedindo acesso de fotógrafos na sala de sessões e estabelecendo seu próprio AI-5 com atos de censura aos trabalhos da mídia.

Aos presidentes Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, fica o registro da indiferença a tudo isso, que se reflete na falência das comissões de ética das duas casas, que funcionam como tribunais de anistia a infratores contumazes, inclusive dos regimentos internos.

Hoje o Legislativo, no quesito comportamental, virou uma casa de tolerância, como se dizia antigamente dos bordéis mundanos.

O parlamento, que reivindica com êxito o protagonismo político, é uma casa, nesse momento, em que predomina a molecagem desabrida, com deputados e senadores comendo melancias, usando perucas, desrespeitando mulheres e representantes transgêneros eleitos, em uma orgia política que desafia a previsão de Ulysses Guimarães de que o próximo Congresso será sempre pior.

Ulysses, certamente, não imaginou que sua profecia chegaria a tanto, avalizando a variante de uma máxima conhecida, que passa agora a ser “o inferno é o limite”.

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O corporativismo militar desenha sua nova anistia  https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/o-corporativismo-militar-desenha-sua-nova-anistia/ Tue, 29 Aug 2023 12:06:54 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=39171 Pressões sobre CPMI para preservar oficiais revelam um recuo no compromisso de despolitizar quartéis.

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Ou nunca foi para valer, ou houve uma inflexão na retórica do comandante do Exército, general Tomás Paiva, desde que assumiu a função com postura legalista e compromisso com a punição dos militares envolvidos no enredo golpista.

O discurso do general, imediatamente anterior à sua posse, combinado com a nomeação de José Múcio Monteiro, parecia encerrar uma dúvida polêmica – se o momento pedia mais ordem unida que diplomacia, ou vice-versa, prevalecendo esta última como uma escolha pessoal do presidente Lula.

Com a CPMI orientada pelas investigações oficiais, depoimentos e quebras de sigilos requeridos pela base governista começaram a esbarrar na pressão do comandante Tomás, análoga ao bloqueio de tanques com a qual o Exército impediu o desmonte do acampamento à frente de seu QG, pela Polícia Militar do Distrito Federal.

A pretexto de preservar a imagem da instituição, o general de discurso legalista mostra que na prática tem dificuldades com a teoria, posta a serviço de uma diplomacia de ocasião que pretende consolidar agora, quem sabe investindo numa anistia a generais.

De fato, o Exército indica ter operado com o fator tempo, estratégia clássica, mas sempre eficiente, para preservar mais que a instituição – os intocáveis integrantes da família militar. Quando quis, ao longo da história, as Forças Armadas sempre souberam aplicar a seu modo o marketing do braço forte e mão amiga.

Não há razão politicamente honesta para se impedir a convocação do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, empenhado claramente em disseminar a suspeita sobre o sistema eleitoral brasileiro durante o exercício do cargo. Chegou a receber o hacker Walter Delgatti para esse objetivo, razão pertinente pela qual a CPMI quer ouvi-lo.

Nogueira parece ser o limite riscado no chão como fronteira intransponível para as investigações – pelo menos, as da CPMI. Afinal sua condição de ministro da Defesa foi precedida pela de comandante do Exército, posto ao qual chegou com a demissão do general Fernando Azevedo, defenestrado por não se alinhar à trama de Jair Bolsonaro. E, agora, ocupado Por Tomás Paiva.

A preocupação com a defesa da instituição é mero pretexto, impulsionado pelo temor do aprofundamento do desgaste de imagem revelado em pesquisas recentes. Ao invés de depurar o ambiente, Tomás acendeu o sinal vermelho para a CPMI.

Aqui se pode perceber a digital do líder maior, general Villas Boas, que anteriormente já divulgara um twitter de advertência ao Supremo Tribunal Federal para impedir a revisão do caso Lula. Uma senha também para o público interno e o eleitorado fanático.

Cuidadoso com as palavras, Tomás Paiva defendeu-se das desconfianças com novo discurso legalista em que reitera o compromisso de não compactuar com eventuais desvios de conduta, que terão seu “repúdio e correção”. Já punição é outra história.

O general Tomás não se manifesta sobre a prisão privilegiada do tenente-coronel Mauro Cid que lhe permite, longe das vistas de todos, receber visitas implicadas no mesmo delito que ele para combinar versões de depoimentos.

Foi preciso que o STF formalizasse a proibição para que Cid se reunisse com os cúmplices dos crimes pelos quais é acusado, motivo primeiro a determinar sua prisão preventiva. Entre esses, seu pai, o general Lourena Cid, outro que a CPMI não consegue convocar.

A prevalecer os critérios e as pressões do comandante Tomás Paiva, a instituição Forças Armadas sairão desse episódio como um clube militar preservado pelo poder que ainda infunde, pela chamada força dissuasória, e não pela confiança da sociedade.

Há velhos generais e generais velhos. O comandante Tomás Paiva parece traçar seu rumo de forma a perfilar-se entre esses últimos.

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Só retórica não absolve Exército dos desvios de Bolsonaro https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/so-retorica-nao-absolve-exercito-dos-desvios-de-bolsonaro/ Tue, 15 Aug 2023 12:54:11 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38852 A família Cid confunde sua imagem à da família militar, do acampamento no QG ao comércio de jóias

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Chavão em notas que tentam dissociar corporações do mau comportamento de seus integrantes, o clássico “não compactuamos com eventuais desvios de conduta” tem sido recorrente em manifestações das Forças Armadas. Notadamente do Exército.

O problema é que os desvios de conduta são cada vez menos “eventuais” e as notas se sucedem no mesmo diapasão. Já há elementos suficientes para constatar criminosos fardados com as tradicionais cores verde-oliva.

O mais notório deles, tem o tenente-coronel Mauro Cid, fiel Ajudante de Ordens do ex-presidente Bolsonaro, que compareceu à CPMI do Golpe impecavelmente fardado, com aval do Exército. E, a partir dele, descobre-se um novelo sem fim, a desafiar o compromisso constitucional e os critérios de promoção e nomeações de altas patentes em um governo que se pretendia redentor.

O desenho cívico que orientava o marketing da volta dos militares ao poder pelo voto virou um garrancho sem precedentes. Em nome do mofado combate ao comunismo, a caserna escancarou uma face ideológica que em nada deve aos extremos que condena no espectro político.

A nódoa alcança a instituição, em que pesem os esforços de retórica para manter-se dissociada dos “eventuais” desvios de conduta. O escândalo comprovado do comércio de patrimônio nacional, entre outros, não envolve as tropas, mas oficiais de cúpula, de altas e diversas patentes, o mais recente um ex-integrante do alto-comando.

A aventura de enredar-se com um capitão reformado para reescrever a história de 64 tem seu gene no ex-comandante da Força, general Villas Boas, de biografia e ideário cultuados nas Três Armas. Inconformado com a permanência do que chama de a versão da esquerda para o golpe de 64, tornou-se obsessivo em demonstrar que era uma versão fake.

Arrastou consigo a instituição ao sequer hesitar em abraçar-se àquele que afrontou fundamentos básicos da vida militar, como a hierarquia, a disciplina e o compromisso de não atentar contra os seus. A mesma causa que usou como pretexto para sua subversão quando nos quartéis, Bolsonaro aplicou para cooptar biografias militares até aqui preservadas: os salários.

Foi um derrame de dinheiro, uma farta distribuição de remunerações que chegou a garantir ganhos de R$ 100 mil a oficiais de alta patente. Ninguém poderia imaginar que tal estratégia chegasse ao ponto de transformar oficiais em camelôs. Pior, sob o messiânico slogan de Deus, Pátria e Família.

Dinheiro fácil na veia vicia como qualquer droga, como ficou demonstrado no descaminho pelo qual enveredou o general Mauro César Lourena Cid, contemplado com um cargo civil na Apex, em Miami, onde a família fez fortuna.

Não bastava, e o general de biografia aparentemente irretocável, ex-integrante do Alto Comando, emplacou o filho na antessala do presidente da República de quem fora colega na meritória e louvada Academia Militar de Agulhas Negras, polo qualificado da formação da elite militar brasileira. Sabe-se agora com qual finalidade.

E onde ficou o ideário de 64, de pretensa reedição, é o que se deve perguntar agora o velho general que deu a senha com um twitter para uma campanha implacável contra o Supremo Tribunal Federal, símbolo maior do Poder Judiciário. Na prática, os militares confirmaram seus críticos de 64 ao tentarem governar com sua própria Constituição.

O escândalo em curso ainda promete muitas revelações, inclusive contra políticos adesistas, mas já expõe, para além de seus efeitos judiciais, a defasagem das Forças Armadas em relação à evolução dos conceitos de sociedade e de seu papel nesse universo.

A família Cid confunde sua imagem com a família militar, explica a proteção aos acampamentos em frente ao QG do Exército, sede dos atos golpistas, e desnuda o despreparo profissional de seus integrantes em contraste com a lendária qualidade da formação profissional e moral dos militares.

Desde Pazuello, o general da Saúde, até Mauro Cid e família, o elemento analógico-subversivo está presente. O caminho das investigações sobre a trama da ruptura constitucional denuncia um Exército seduzido pela permanente tentação de tutelar a sociedade civil.

Capturar e-mails e mensagens de Whatsapp deletadas de forma incompleta é tarefa fácil para qualquer criança recém-saída das fraldas. É o jardim de infância da era tecnológica, que derrotou oficiais encarregados da segurança presidencial, com formação na inteligência. Ainda bem, nesse caso.

Os segredos caem, um a um, como no sugestivo título da operação policial roubado á Bíblia: Lucas 12:2, traduzido no versículo “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido.” A ironia é o Sudário profano do general Lourena, sobretudo sob o lema oficial “Deus acima de todos”.

Oculto, por ora, resta o mistério por trás da célebre frase de Bolsonaro a Villas Boas, já como presidente da República. “General, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”.

Será preciso ir além da retórica, porque reputações, como os diamantes, são eternas. Falsos brilhantes reluzem, mas não brilham.

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Coaf revigora investigações e pode dar fôlego à CPMI https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/coaf-revigora-investigacoes-e-pode-dar-folego-a-cpmi/ Mon, 31 Jul 2023 21:48:56 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38680 Seguir o dinheiro, lição básica de investigação que demorou 5 anos, pode servir também à CPMI

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O avanço da Polícia Federal no caso Marielle reabilitou a eficiência do processo investigativo no Brasil, que andava em baixa desde a estagnação verificada nos cinco anos que nos distanciam do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

Esse revigoramento abranda a impaciência com as investigações dos atentados políticos que culminaram com o 8 de janeiro, pelo efeito renovador da confiança nas autoridades vinculadas à segurança pública. E pode ainda retirar a CPMI da cilada que motivou sua instalação pela oposição, determinada a transformar vítimas em culpados, buscando nos oito dias do governo eleito uma brecha para inverter o enredo.

Não conseguiu, até aqui, qualquer êxito nessa empreitada, mas parte do objetivo está sendo alcançado – o de tumultuar os trabalhos da comissão a partir dessa pauta fake.
Ao buscar o caminho do dinheiro, a Polícia Federal conseguiu ressuscitar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que monitora permanentemente movimentações bancárias atípicas e informa o Banco Central e outros órgãos de Estado.

Essa providência revelou movimentações bancárias do ex-ajudante-de-ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid Ferreira, incompatíveis com sua renda. Muitas delas em saques e depósitos em espécie. É um caminho novo para a CPMI, onde o militar permaneceu calado em relação até mesmo à sua data de nascimento. Os dados relativos à movimentação bancária inserem no contexto elementos concretos e subtrai a Mauro Cid os subterfúgios que alimentam as dúvidas.

Mais que isso, o Coaf mostra que o ex-presidente Bolsonaro arrecadou R$ 17 milhões via PIX de seus eleitores solidários e também de milionários e empresários de segmentos específicos como o agronegócio, mobilizados para pagar suas multas por deliberada desobediência legal na pandemia. Bolsonaro aplicou a quantia em ações o que gerou críticas. Debochou dizendo que dá para “um pastel com caldo de cana”. Mas o que o ex-presidente tem, de fato, é um fundo partidário para chamar de seu.

A campanha continua para chegar ao valor de R$ 22 milhões – o mesmo que o PL teve bloqueado pela justiça eleitoral por litigância de má fé ao entrar com ação pelo cancelamento de apenas um dos turnos eleitorais – o segundo – nas eleições passadas.

O êxito que passou a ser esperado do novo ciclo de investigações sobre o assassinato da vereadora carioca tem potencial de contaminar positivamente todo o ambiente político e serve de um sinal amarelo de alerta aos que se regozijam há anos pela impunidade.

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PF reabre o caminho para resgate de Marielle https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/pf-reabre-o-caminho-para-resgate-de-marielle/ Mon, 24 Jul 2023 20:16:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38587 Novas provas, delação premiada e buscas e apreensões devolvem esperança de solução para o crime

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A reabertura das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Torres pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, indica que a federalização do caso é uma providência tardia e sempre boicotada pelo Ministério público do Rio de Janeiro.

Por mais que o ministro tenha preservado o ministério público e a polícia civil carioca, o fato concreto é que a Polícia Federal em poucos meses produziu fatos novos a partir da revisão das investigações, novas provas e uma delação premiada.

É possível afirmar, sem risco de exagero, que em poucos meses a federalização avançou mais no caso Marielle do que cinco anos de investigações estaduais. É de se perguntar agora se o foco da resistência ao ingresso da Polícia Federal no caso não esteve sempre contaminado por interesses contrários a um desfecho do crime.

Desde a primeira reunião das forças de segurança no Rio, na semana seguinte ao crime, a então Procuradora Geral da República, Raquel Doge, propôs a federalização, com apoio do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Foram vencidos não só na ocasião, mas tempos depois quando nela insistiram e o Conselho Nacional do Ministério Público formalizou a recusa.

É preciso lembrar também que a intervenção federal no Rio, sob comando do general Braga Neto, que se deu essencialmente na segurança pública, pouco ou nada acrescentou às investigações. Mais que isso, parou de dar qualquer informação sobre as investigações, que caíram nos anos seguintes em um imenso vazio.

O governo Bolsonaro foi a pá de cal em qualquer empenho que ainda restara para desvendar o crime. A gestão de Sérgio Moro na Justiça e Segurança Pública esteve mais preocupada em consolidar a Lava Jato como braço político no Congresso do que em qualquer política de segurança efetiva. Esbarrou não só no próprio Legislativo, mas em Bolsonaro.

Moro não desenvolveu o Susp (Sistema Único de Segurança Pública) que Jungmann deixou consolidado e com um caixa de R$ 4 bilhões que Flávio Dino disse ter encontrado parados ao assumir a pasta.

Os desdobramentos dessa nova etapa, a partir da delação de Élcio Queiroz, se darão com as buscas e apreensões executadas ao mesmo tempo da prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões – o Suel -, que já aparecera no início das investigações, quando foi preso por obstrução da justiça e solto sem maiores explicações.

Suel apagou os rastros da operação, inclusive o carro de sua propriedade utilizado no assassinato da vereadora e de Anderson Gomes. Porque ganhou a liberdade é uma ponta solta dessa novela.

O ministro Flávio Dino contou o que é possível nesse estágio das novas investigações. Mas deixou claro que o desfecho cobrado no Brasil e no exterior pela solução completa do caso está “muito próximo”.

Se ocorrer deverá contribuir muito também para clarear erros, omissões e boicotes que vestiram o brutal assassinato com um véu de mistério.

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Tática de guerrilha https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/tatica-de-guerrilha/ Mon, 17 Jul 2023 18:31:28 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38513 Radicalismo programado aumenta na proporção do avanço da aliança ao centro

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Na medida em que o governo avança nas negociações com vistas à consolidação de uma aliança ao centro e à direita, essencial para sua estabilidade parlamentar, aumenta a intolerância programada da extrema-direita.

Não há coincidência, mas uma clara relação de causa e efeito. A melhora da economia, a perspectiva de mais espaço às forças conservadoras no governo, e a percepção de alguma calmaria no ambiente político reduzem a visibilidade dos extremistas e radicais.

A reação é a produção de episódios, com aparência de confrontos pontuais, que em seu conjunto configura uma articulada busca pela continuidade da polarização ideológica que marcou a eleição de 2018 e permeou todo o governo Bolsonaro, sob a liderança pessoal do ex-presidente.

A CPMI dos atos de 8 de janeiro é a fonte das senhas para manter mobilizado o eleitorado absolutamente fiel ao ex-presidente, ainda estimado entre 12 e 15%, tarefa que conta com o estímulo do comando do PL, interessado no capital eleitoral do ex-presidente nas eleições municipais e, quem sabe, por mais tempo.

É na comissão que parlamentares, inclusive os que a ela não pertencem, exibem toda a capacidade de obstrução radical protagonizando escândalos de toda a sorte – de cenas de transfobia a choros convulsivos pelos presos por vandalismo, transformados em vítimas injustiçadas.

Fora da comissão, em declarações estudadas, como a do deputado Eduardo Bolsonaro comparando professores a traficantes, tenta-se reavivar a polarização. Nas ruas, em aeroportos e shoppings, em aeronaves, dentro e fora do país, sucedem-se ataques a juízes do Supremo Tribunal Federal, por ativistas órfãos desde a derrota eleitoral de outubro de 2022.

A lista é extensa – já foram alvos os ministros Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandovski e seu substituto, Cristiano Zanin e, mais recentemente, Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral.

Sem falar em mais de uma dezena de agressões ao da Justiça, Flávio Dino, eleito pelos bolsonaristas como inimigo número dois (o um é Moraes). Essa tática vem desde a derrota eleitoral e torna-se mais intensa pela frustração de o governo começar sua gestão, ainda na fase da transição, pela pauta econômica em detrimento da ideológica, uma possível surpresa para os extremistas.

O pouco barulho do governo com a inelegibilidade de Bolsonaro contribuiu favoravelmente para o avanço de um acordo político e para a maior intensidade da reação do ativismo como contraponto ao isolamento da extrema-direita.

“É um problema da Justiça”, disse Lula sobre a decisão do TSE que tira Bolsonaro das duas próximas disputas eleitorais, dando tratamento menor ao fato político mais significativo para a interrupção da polarização.

Há cálculo e certa dose de desespero na reação dos radicais. A perspectiva de a aliança em curso atrair parlamentares do PL e contribui para o isolamento ainda maior do núcleo do ex-presidente dentro da legenda.

É preciso, no entanto, atenção com um aspecto embutido nesses ataques a ministros: trata-se, antes de tudo, de um desafio ao Poder Judiciário quando ocorre na forma de agressão aos seus mais altos representantes na hierarquia da Justiça.

Um ataque solitário a um juiz, que se repete e ganha escala substantiva, multiplica o comportamento miliciano que se resume na prevalência da vontade individual sobre a coletiva, pela imposição da força sobre o direito, – na contramão da isonomia constitucional e democrática.

É preciso consequência para os infratores. Sem choro, nem vela.

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Aliança pela economia isola a extrema-direita https://canalmynews.com.br/politica/alianca-pela-economia-isola-a-extrema-direita/ Mon, 10 Jul 2023 17:22:51 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38424 Bolsonaro ficou preso à pauta ideológica e Lula controla reforma ministerial por aliança ao centro

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A aprovação da reforma tributária e do voto de qualidade no Carf, mais o arcabouço fiscal em fase final, mostram que o governo Lula começou antes de sua posse com a PEC da Transição e fechou com o tripé que devolve estabilidade à economia.

Mais que isso, a escolha da economia para a etapa iniciada no governo de transição foi decisiva para escantear a pauta ideológica e, assim, isolar os extremos, principalmente o bolsonarismo. Maior que o PT, Lula impediu que o partido caísse nessa cilada.

Bolsonaro, por sua vez, foi vítima de sua obsessão e se enfornou na corda esticada pelo adversário que combinou negociações objetivas no contexto econômico com falas ideológicas para mantê-lo preso à polarização. O ex-presidente não estava atento quando Lula mostrou indiferença a sua condenação à inelegibilidade.

Na reunião do PL em que pretendeu orientar a votação do partido contra a reforma tributária o ex-presidente despiu-se definitivamente da aura de poder que ainda o mantinha como uma possível liderança da direita e isolou-se no extremo, de onde não mais sairá.

Lula, enfim, deu o passo ao centro e à direita inaugurando a etapa da aliança pela qual foi intensamente cobrado desde a eleição em outubro. Conduziu o governo nessa direção desde que elegeu Arthur Lira para a primeira visita após a vitória e fez do Senado sua trincheira para conter a intensidade do presidente da Câmara, reeleito com apoio do PT.

Isso difere a entrada do Centrão neste governo da que a caracterizou no anterior. Bolsonaro se rendeu ao Centrão, entregou o governo e dedicou-se à campanha pela reeleição sob a pauta ideológica. Ciro Nogueira assumiu o coração do governo ao sentar-se na cadeira do ministro da Casa Civil, de onde só saiu a dois dias da posse de Lula.

O presidente administrou a liberação de emendas, delimitou as fronteiras do espaço ministerial a ser cedido nas negociações e, pelo menos por ora, mantém a integridade territorial da estrutura governamental. Saúde, Educação e as pastas de seu entorno no Palácio do Planalto permanecem sob controle seu.

De imediato, as mudanças deverão ocorrer nos ministérios da Agricultura, Esportes e Turismo – este incluindo a Embratur hoje dirigida pelo deputado Marcelo Freixo. O União Brasil quer o ministério com a Embratur porque os recursos estão nela. Com Daniela do Waguinho a convivência com Freixo parecia possível, mas o mesmo não ocorrerá com Celso Sabino já indicado para sucedê-la.

A agricultura entra no pacote porque a bancada do agronegócio está insatisfeita com Fávaro, apesar de ser um dos seus. Muitas queixas se acumularam contra ele e pode-se dizer que o “fogo amigo” tem no momento de mudanças uma oportunidade de acertar as contas com seu associado. A exigência teria sido feita para o apoio da bancada à aprovação do Carf.

A ministra Ana Mozer, por discrição ou inexperiência política não deu visibilidade e marca à sua gestão até aqui. Abriu assim a porta para a sua exoneração em favor do Republicanos, de Marco Pereira, vice-presidente da Câmara e candidato à sucessão de Lira. Os recursos e os programas são caros aos evangélicos pelos dividendos políticos que rendem, principalmente entre a juventude.

A especulação em torno do Ministério do Desenvolvimento Social, comandada pelo piauiense Wellington Dias, ex-governador e aliado próximo de Lula, a quem garantiu a vitória no seu Estado, deve ser vista com cuidado e uma boa dose de ceticismo.

Parece mais “fogo amigo” que algo palpável. É no MDS que repousa o programa mais caro e mais identificado com o PT – o bolsa-família, coração da legenda como a definiu a primeira-dama Janja.

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Bolsonaro inelegível está mais para Collor do que para líder https://canalmynews.com.br/politica/bolsonaro-inelegivel-esta-mais-para-collor-do-que-para-lider/ Mon, 03 Jul 2023 13:57:05 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38309 Ex-presidente não tinha Plano B para a derrota e só a reeleição poderia consolidar seu projeto

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Inelegibilidade consumada, discute-se agora o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua capacidade de consolidar-se como liderança política da extrema-direita – minoritária, porém influente e predominante nos últimos quatro anos.

O sufixo “ismo”, incorporado à corrente ideológica representada pelo seu principal líder, sugere que o ex-presidente tem a fidelidade da parcela do eleitorado do conservadorismo radical. Mas pode não ir além disso.

O contexto da polarização, do petismo versus o antipetismo, fez com que o eleitorado de centro e direita se unissem sob a plataforma da extrema-direita, cujo discurso de anticorrupção, nacionalismo e associação com militares tinha mais chances na disputa.

Mas, se Bolsonaro teve êxito como catalisador para a vitória eleitoral, nunca teve sofisticação para conduzir o movimento de ruptura ansiado por militares que o viram como um atalho para uma estratégia de retorno a 64 por uma paciente construção política, que se consolidaria com sua reeleição.

Também não tinha biografia que contribuísse para a tarefa. Vestiu-se mais tempo como paisano do que com a farda – esta, a serviço de um projeto que conspirou contra a hierarquia nos quartéis e planos de ações violentas.

Por isso, a aventura de marchar com o antigo subversivo custa caro hoje às Forças Armadas. A cúpula militar, em sua maioria, não quis o golpe mais ousado, menos por não o desejar e mais por não confiar. “Dar um golpe com Bolsonaro? Se tivéssemos um Castelo Branco…” reagiu, certa vez, uma alta patente, ao acalmar um interlocutor preocupado.

No campo político, aliados cumprem o script de defender o ex-presidente das consequências judiciais por avaliar que ainda tem capital eleitoral para influir nas eleições municipais. Porém, modos e falas em tom burocrático denunciam o pragmatismo dessa estratégia.

A inelegibilidade de Bolsonaro abre oportunidade para que a direita sóbria retome o espaço que a polarização lhe roubou, se junte ao centro e, mesmo, torne possível alianças à esquerda como obteve nos anos 90 com Fernando Henrique Cardoso.

O ex-presidente tem hoje a fidelidade do chamado bolsonarismo-raiz, estimado por experientes políticos entre 12 e 15% do eleitorado – a extrema-direita que engoliu a direita e o centro., o que agora se inverte.

Vale lembrar que o discurso anti-corrupção, na esteira da Lava Jato, não se sustenta mais desde a saída de Sérgio Moro do governo. E nem a operação, desmontada pacientemente pela cúpula do Judiciário.

Bolsonaro fez da reeleição sua aposta única e mostra que não estava preparado para a derrota. Sua cartada na mesa era o “tudo ou nada” com o blefe da intervenção militar.

Não é de se supor que fora do poder consiga manter uma liderança consistente e duradoura, até porque ainda tem um calvário de processos pela frente, inclusive na esfera penal.

O bolsonarismo, como força ideológica não morrerá, mas como corrente majoritária sob sua liderança é mais difícil. Mais provável que integre as forças conservadoras, em condição minoritária, e que a referência ao ex-presidente seja uma página da história política.

Bolsonaro está mais para um personagem a reproduzir o ex-presidente Collor do que para um líder nacional.

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Placar já indica maioria do TSE pela inelegibilidade de Bolsonaro https://canalmynews.com.br/politica/placar-ja-indica-maioria-do-tse-pela-inelegibilidade-de-bolsonaro/ Thu, 29 Jun 2023 17:27:44 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38289 A sessão de hoje (29) foi suspensa para ser retomada amanhã (30) com o placar de 3 a 1 desfavorável ao ex-presidente.

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A menos que se possa imaginar o ministro Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral, como um voto a favor de Jair Bolsonaro, a inelegibilidade do ex-presidente por oito anos pode ser considerada um fato consumado.

A sessão de hoje (29) foi suspensa para ser retomada amanhã (30) com o placar de 3 a 1 desfavorável ao ex-presidente. Faltam os votos do Supremo Tribunal Federal – Carmen Lúcia e Nunes Marques, além do próprio Moraes. Só o voto de Marques é admitido a favor de Bolsonaro.

Alexandre de Moraes é o principal algoz das práticas bolsonaristas, desde a cruzada contra as fake news até os inquéritos e punições por ataques e suspeitas contra o sistema eleitoral brasileiro, foco do julgamento. Dele se espera, por lógico, o voto com o relator, ministro Benedito Gonçalves.

A ministra Carmen Lúcia já indicou sua tendência na mesma direção quando interrompeu o único voto pró-Bolsonaro até aqui, o do ministro Raul Araújo, e o advertiu para a impropriedade de considerar a minuta do golpe encontrada com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, como prova e não conteúdo circunstanciado, para embasar seu voto contra a inelegibilidade.

É mais fácil admitir a possibilidade de um voto surpreendente de Nunes Marques, de quem se espera alinhamento a Bolsonaro, do que de Moraes e Carmen. Razões pelas quais há um placar final já desenhado de 5 a 2 contra o ex-presidente e uma hipótese menos provável de 5 a 1.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O voto mais importante até aqui foi o segundo, do ministro Floriano Marques, que fez um contraponto irrepreensível ao de Araújo, ao centrar seu voto na reunião do ex-presidente com embaixadores de 40 países.

Mostrou que Bolsonaro não se limitou a pôr sob suspeita o sistema eleitoral, mas fez um completo discurso de campanha em que definiu seu adversário como beneficiário da parcialidade dos juízes eleitorais, deslegitimando o sistema e a Justiça eleitorais mais uma vez.

Araújo preferiu embasar seu voto na tese de que a convocação da reunião e seu conteúdo, embora censuráveis, não afetaram o resultado eleitoral. Decidiu pela falta de consequência, o que é bastante refutável, e não pela ação concreta do então presidente e candidato.

De qualquer forma, o julgamento deve se encerrar nessa sexta-feira (30), com o voto divergente de Raul Araújo como matéria-prima para recurso de Bolsonaro ao STF, o que só protela a proclamação oficial do resultado para o mês de agosto.

Bolsonaro amanhã estará inelegível por oito anos a contar da data da publicação do acórdão da decisão no Diário Oficial. A tentativa anunciada da base bolsonarista de produzir um Decreto Legislativo anistiando o ex-presidente não tem a mínima chance de prosperar no Congresso.

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Um varejo de baixo-clero https://canalmynews.com.br/politica/um-varejo-de-baixo-clero/ Mon, 26 Jun 2023 18:58:15 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38259 O jogo paroquial reduz institucionalidade do Legislativo e dobra investigações sobe emenda

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O presidente da Câmara, Arthur Lira, opera com duas realidades objetivas – impor-se como líder nacional no contexto do chamado semipresidencialismo e vencer sua disputa regional com o rival Renan Calheiros, que tem ministério, governo estadual, apoio do governo e assento no Senado onde o presidente Lula tem o contraponto a uma Câmara hostil.

Para a primeira causa, Lira precisou investir contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que funciona como um muro de contenção contra seu estilo trator.

Perde essa batalha por ter escolhido o caminho inconstitucional de estender a tramitação direta das medidas provisórias em plenário, adotado durante a pandemia. Ceder a isso significaria Pacheco renunciar à prerrogativa do Senado de casa revisora.

Na paróquia, Alagoas, Lira perde terreno para Renan na pré-campanha das eleições municipais, o que tende a piorar com as investigações sobre desvios de recursos para levar tecnologia às escolas, que recai sobre seu entorno. O que o prejudica também no plano nacional.

O senador Davi Alcolumbre, do Amapá, é a eminência parda no Senado, uma sombra a Pacheco, que lhe deve a reeleição. Pragmático e determinado, e também dono de um estilo trator, Alcolumbre é o Lira do Senado, empenhado em voltar ao cargo.

Para essa meta, Alcolumbre não mede esforços em prestar serviços ao governo, como na remoção de obstáculos à aprovação do advogado Cristiano Zanin para o Supremo Tribunal Federal.

O preço desse e de outros serviços é fazer de Rodrigo Pacheco o próximo ministro da Suprema Corte, de forma a abrir caminho para seu retorno ao cargo. Curioso é que esse movimento entusiasma a oposição, certa de que de volta à cadeira, Alcolumbre será mais Lira do que nunca.

A Bahia está dentro do governo, na figura do ministro-chefe da Casa Civil, acusado, fora e dentro do Planalto, de exercer o cargo prioritariamente em favor dos seus interesses no Estado, na contramão do governo que tenta escapar desse varejo.

A Costa é atribuída parte das dificuldades na articulação política com a Câmara, embora seja grande a contribuição de Alcolumbre nesse campo, com as escolhas feitas em nome do União Brasil, não absorvidas pelo partido.

Nesse contexto em que lideranças de ponta utilizam o poder excepcional do Legislativo, o orçamento é peça-chave para a capacidade impositiva junto ao governo.

O problema é que emenda parlamentar é recurso federal e, portanto, sujeita como qualquer outra despesa a monitoramento para que cumpra sua finalidade. É dizer o óbvio, mas uma parcela de parlamentares parece considerar como um dinheiro corporativo de uso indiscutível.

O orçamento impositivo agravou essa situação levando à ilusão de que seu destino final, de livre escolha do patrocinador político, a torna isenta de investigações, um recurso público de gestão privatizada por uma rede de intermediários.

No entanto, desde o orçamento secreto, que abduziu os patrocinadores das emendas, esses recursos federais experimentaram uma espécie de upgrade na pauta da Polícia Federal e de outros núcleos de investigação. E as investigações chegaram a Lira, cada vez mais enredado no esquema de desvios de emendas destinadas às escolas alagoanas

Nessa toada, os personagens desse triângulo das Bermudas emprestam ao Legislativo e governo a imagem de um “baixo clero” no comando, como na época em que a Câmara foi presidida pelo inesquecível Severino Cavalcanti, cujo legado foi o de cobrar do governo um poço de petróleo e de explorar a lanchonete da Casa.

O comportamento provinciano, que caracteriza o baixo-clero está nas almas de Lira, Costa e Alcolumbre. E representa o maior obstáculo a um eventual parlamentarismo, cuja implantação dependerá essencialmente de um Legislativo respeitado.

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Sucessão de Lira já contamina comportamento dos partidos https://canalmynews.com.br/politica/sucessao-de-lira-ja-contamina-comportamento-dos-partidos/ Mon, 19 Jun 2023 13:04:05 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38110 Precipitação do processo de sucessão na Câmara afeta comportamento de partidos e aspirantes ao cargo

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Sucessões presidenciais no Brasil costumam ter início na posse mesmo do presidente eleito que, por sua vez, começa a governar com olho na reeleição. No curso do mandato seu desgaste produz os concorrentes.

Esse enredo começa na segunda metade dos anos 90, com a emenda de reeleição de Fernando Henrique Cardoso, que contribuiu para o desgaste acelerado do sistema presidencialista, com sérios danos à estabilidade política e econômica do país.

A resistência em revogar o princípio introduzido por uma emenda à Constituição, condenou o país à condição de voyeur da agonia do presidencialismo, que fez o striptease com o nome de coalizão e deitou com o semipresidencialismo.

É nesse contexto que outra sucessão, a da Câmara, é precipitada pelo desgaste precoce do segundo mandato de Arthur Lira, com enredo semelhante aos de presidentes da República empenhados na permanência no poder.

A diferença, para o bem, é que se trata de uma eleição do próprio parlamento, cujas crises decorrentes se encerram em seu próprio âmbito, ao contrário dos impeachments presidenciais que traumatizam o país pelos seus efeitos políticos e, principalmente, econômicos.

Mas nesse momento, no contexto de um semipresidencialismo informal, o desgaste de Lira e o consequente surgimento de candidatos à sua cadeira, apenas 4 meses após sua reeleição, criam problemas para o governo Lula, embora enfraqueçam seu principal oponente no Congresso.

Os problemas derivam do agravamento das dificuldades de formação de uma base minimamente confiável em meio a um processo sucessório em curso nos bastidores e que já contamina o movimento de partidos e candidatos potenciais.

Se trabalhar bem, Lula poderá tirar vantagem explorando o desgaste do presidente da Câmara e tentando alianças com prováveis candidatos, como Marco Pereira, do Republicanos, hoje vice de Lira.

O presidente da Câmara é vítima de sua própria natureza – rancorosa, avessa a revezes, mesmo pontuais, premido por investigações que chegam bem próximo de assessores especiais de longa data e mesmo de familiares.

Além disso, seu principal rival em Alagoas, o senador Renan Calheiros, tem um filho no governo, o governador do Estado, Paulo Dantas, seu aliado, e conquista significativa dianteira nas eleições municipais, nas quais deverá ter apoio explícito de Lula.

Rompido com o Senado, acuado por investigações, em desvantagem em seu Estado, Lira vê o presidente Lula cozinhar suas pretensões em banho-maria, em modo resistência que acompanha o desgaste do presidente da Câmara. Enquanto isso, vale-se do Senado para compensar a instabilidade decorrente do embate na Câmara.

Lira não controla mais a sua própria sucessão e passa recibo do seu desgaste político com idas e vindas em relação ao governo. Depois de acusar Lula de promover as investigações em seu Estado recuou e voltou a conversar com o presidente.

O cargo continua fonte de poder indiscutível, o que explica a discrição dos aspirantes ao cargo. Mas a liderança do presidente da Câmara desidrata com a corrida sucessória parlamentar. Alguém já disse que Lira não é uma liderança espontânea e que comanda a Casa com um porrete na mão.

Talvez isso explique a perda gradual dos 464 votos que lhe propiciaram uma reeleição com placar recorde. Hoje estima-se que tenha pouco mais que a metade. Menos, se testar esse capital político com votações de projetos que não tenham interesse corporativo.

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A bolha do PT https://canalmynews.com.br/politica/a-bolha-do-pt/ Mon, 12 Jun 2023 17:02:28 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38027 A luta sucessória interna impede que o governo capitalize a melhora da economia

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O conflito político interno leva o governo a subestimar o efeito positivo da melhora na economia, um grave erro de comunicação. Dólar abaixo de R$ 5, gasolina mais barata, inflação em baixa, PIB acima das expectativas – nada disso se sobrepõe à autofagia da ala puro sangue do ministério Lula.

O problema é que a melhora nos índices econômicos, que influi na previsão de uma iminente queda da taxa de juros, contempla personagens do governo potencialmente presidenciáveis – e que não estão na relação dos que interessam mais ao PT raiz.

Esses resultados fortalecem principalmente os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que também acumula a vice-presidência.

Na esfera essencialmente política, o outro nome que desponta, pela popularidade decorrente do enfrentamento do golpe de 8 de janeiro, é o do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, do PSB, não por acaso o alvo preferencial dos bolsonaristas, que já o convocaram seis vezes para depor no Congresso, onde seu desempenho lhe deu mais protagonismo ainda.

Nesse contexto há um teatro e uma certeza partilhada por todos os personagens envolvidos: Lula é candidato à reeleição e, como tal, o candidato oficial, acima de todos. Mas Lula não será candidato à reeleição, é no que todos acreditam.

O drama é que, até aqui, nenhum outro nome do PT, além de Haddad, reúne as condições dos aqui citados para uma candidatura com chances reais em 2026 – sobretudo quando se tem por irreversível a renovação de uma aliança eleitoral com a centro-direita que rompa com a polarização esquerda versus bolsonarismo.

Essa preocupação já fora manifestada pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rui Falcão, quadro histórico do PT, em entrevista ao MyNews. Disse ele que Lula voltou atrás em relação à primeira manifestação, após eleito, de que não disputaria em 2026, exatamente para conter a disputa sucessória interna.

Não foi suficiente, porém. Todos sabem que o fez com esse objetivo e que a declaração levada a sério é a original. Em 2026, Lula terá 81 anos e sua trajetória nesse início de terceiro mandato demonstra que, aos 77, já apresenta sinais de um vigor decrescente para entusiasmá-lo em relação ao quarto mandato.

Fora do âmbito do PT a avaliação é a mesma. Muitos atores experientes da cena política consideram que mesmo a disputa de2022 foi compulsória para o presidente Lula diante da polarização imposta pela vitória de Bolsonaro em 2018. Para derrotá-lo, diante do fracasso da chamada terceira via, não havia outro nome possível.

Com a derrota de Bolsonaro criou-se a expectativa do fim da polarização, uma vez constatado o seu esgotamento como ferramenta eleitoral e o fato de que sua continuidade só traz vantagem ao bolsonarismo.

Lula está exposto agora ao desgaste natural de quem é governo e precisa conquistar o centro e a direita para isolar a extrema-direita. Essa é a cobrança da maioria conservadora, na qual se insere a direita não bolsonarista, e a própria base aliada integrada por legendas que convivem hoje com o PT.

Não é um cenário fácil, principalmente se considerado o fortalecimento do Congresso, uma meta corporativa do Poder Legislativo, que pretende se impor – e já o faz -, como o condutor da política. O parlamento hoje diz ao governo que ou ele adere a uma parceria – que ainda está em oferta – ou será subjugado.

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O semipresidencialismo cobra a adesão de Lula https://canalmynews.com.br/politica/o-semipresidencialismo-cobra-a-adesao-de-lula/ Mon, 05 Jun 2023 13:34:29 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=37965 A previsão é aprovar PEC do novo regime em 2030, a menos que Lula não seja candidato em 2026. Ela já está pronta

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O problema do governo não é geográfico e nem o desconhecimento da indigência da vida periférica das cidades e capitais do país. É a condição minoritária da esquerda no Congresso e a recusa em negociar com a maioria parlamentar conservadora.

Por isso soa estranha e preocupante a declaração do chefe do gabinete civil, Rui Costa, que atribui os revezes do governo ao fato de estar sediado em Brasília. Em Itaberaba, ele sentiu-se à vontade para retomar a velha cantilena da “ilha da fantasia”, epíteto.

Tão simplória quanto irreal é a sua observação de que em Brasília os parlamentares de todas as regiões do país sofrem um apagão da realidade indigente de suas periferias eleitorais.

Ele próprio é o alvo preferencial interno e externo dos que procuram eleger um culpado para a insuficiência do governo no Congresso. Desagrada a gregos e troianos, ou seja, a petistas e conservadores, sintoma de que a desarticulação interna precede a externa.

A realidade é outra. O Congresso se antecipou ao governo na iniciativa da pauta política depois de perceber que não havia uma no Palácio do Planalto, além do arcabouço fiscal. O governo opera no varejo e o Legislativo tem estoque de mudanças para operar no atacado.

Vai-se consolidando o pragmatismo do Congresso para a implantação do chamado semipresidencialismo, um rótulo para um regime tropical que mescla presidencialismo e parlamentarismo, próximo do sistema vigente em Portugal e que, por lá, ganhou o apelido de geringonça”, mas que funciona bem.

O inspirador do modelo brasileiro, o ex-presidente Michel Temer, considera que o modelo se difere do parlamentarismo puro porque, entre outras coisas, não prevê um Chefe de Governo como rainha da Inglaterra, mas com alguns poderes, como os de sanções e vetos. No resto, é um chanceler de luxo.

Essa concessão se dá menos para criar facilidades parlamentares para a aprovação do sistema e mais para que a população o entenda melhor e não o veja como a eliminação da figura presidencial fortemente marcada na memória coletiva.

Temer considera que o presidencialismo de coalizão – aquele em que o governo coopta apoio em troca de emendas e cargos -, faliu, e a prova são dois impeachments, um dos quais o levou à Presidência, e a ingovernabilidade que a eles se seguiu, agora de forma aguda.

Atribui sua gestão reformista e a sua capacidade de resistir à queda do cargo ao fato de exercer já o semipresidencialismo, que traduz como governar com o Congresso.

Acha que o semipresidencialismo deve ser marcado para 2030, preservando o direito de reeleição a Lula, mas não crê que o presidente a deseje ou venha a tentar o quarto mandato. O que, se confirmado, poderá precipitar esse prazo.

A persistir a incapacidade de Lula em formar um consórcio entre esquerda e centro-direita, o que significa na prática uma adesão à implantação gradual do novo regime, o risco é de ser por ele atropelado. O Congresso não recuará de sua meta corporativa de governar.

O novo regime, em curso informal, não nasce de uma circunstância para interferir no governo Lula. Sua origem é anterior mesmo à perspectiva de seu terceiro mandato e apenas ganha mais nitidez neste pelas agendas ideologicamente antagônicas de um governo com pauta à esquerda e um Congresso conservador.

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Desenho parlamentarista submete governo em modo presidencialista https://canalmynews.com.br/politica/desenho-parlamentarista-submete-governo-em-modo-presidencialista/ Mon, 29 May 2023 10:00:25 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=37852 Congresso forte exigirá empenho em dobro de governo que hesita em negociar

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O foco quase absoluto na agenda externa pode ser indicativo de que o presidente Lula já absorveu a realidade de um Congresso Nacional em modo parlamentarista, com a iniciativa da pauta política e menos dependente de cargos e verbas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, cujo poder é derivado – e não próprio -, tem funcionado como eixo entre Executivo e Legislativo nessa transição para a consolidação do chamado semipresidencialismo. Lira sabe que não há uma linha direta entre os dois modelos e que o presidencialismo de coalizão ainda respira.

Nesse contexto é possível enxergar desde já um desenho que deverá ganhar nitidez no curso do mandato presidencial de Lula – ele próprio em uma agenda de Chefe de Estado, com quem costuma ficar a política externa no modelo parlamentarista – e Lira como uma espécie de Primeiro-Ministro, tocando a pauta interna.

Por essa razão um equívoco recorrente é buscar identificar erros de articulação no governo atribuindo a operação impositiva do Legislativo a falhas de comunicação. O que na verdade passa essa ideia é a insistência do governo em uma pauta revisionista de caráter ideológico, que amplia os revezes naturais da mudança de modelo.

Uma causa perdida, pois além da barreira ideológica, a ideia de que é possível reverter decisões legislativas é ingênua e improdutiva. A melhor síntese dessa realidade é do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para quem não se deve criticar o exercício passado do Congresso.

Entre as pautas de reversão tentada pelo PT estão a privatização da Eletrobras; revogação, ainda que parcial, da reforma trabalhista adotada pelo governo Temer; volta do imposto sindical; e retorno da proibição de terceirização das atividades-fim.

O Congresso hoje é autossuficiente, embora ainda lute pelo controle da parte do orçamento que ficou com o governo, referente às emendas que têm caráter impositivo.

O governo começou a liberar essas emendas, mas áreas como o ministério da Saúde trabalham com o direcionamento das verbas, enquanto os parlamentares querem ter essa prerrogativa.

Ficou claro até aqui que Lula tentou segurar a liberação desses recursos, administrando os empenhos e estabelecendo um processo a conta-gotas para garantir a contrapartida dos parlamentares, mas não funcionou porque esse é um mecanismo do presidencialismo de coalizão.

Quem parece ter entendido a mudança, em comparação com os dois mandatos anteriores de Lula, foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cuidou de negociar pacientemente seu arcabouço fiscal, finalmente aprovado, mas não sem modificações substantivas.

O Congresso estabeleceu mais limites de gastos, reduziu o número de exceções às despesas, restabeleceu o contingenciamento obrigatório, acrescentou sanções para eventuais infrações, mostrando que a rotina não terá o governo no comando. Mesmo suas iniciativas serão discutidas e negociadas.

Esse processo de controle político pelo Congresso parece irreversível, não começou no governo Lula e nem tem origem em qualquer tipo de reforma preventiva para a circunstância de um governo do PT.

Ele vem de mais longe, teve seu ápice no governo Dilma, impôs-se de forma natural no curto mandato de Michel Temer e foi pleno no governo Bolsonaro pela rendição que significou sua aliança com o Centrão.

O próximo estágio poderá ser a votação da PEC que instala o semipresidencialismo, do ex-deputado Samuel Moreira, que aguarda a melhor oportunidade de ser posto em tramitação por Lira.

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Em banho-maria https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/em-banho-maria/ Mon, 15 May 2023 20:02:47 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=37690 Investigações oficiais tendem a atropelar CPMI sobre o golpe

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Como era de se prever, as investigações oficiais sobre o 8 de janeiro estão avançadas e produzindo fatos diários, impondo-se como obstáculo a transformá-la em realidade paralela como idealizado pela oposição na tentativa de envolver o governo nas conspirações.

Trata-se de uma CPMI de mão invertida na medida em que sua motivação político-eleitoral subestimou as apurações em andamento mesmo antes das invasões de 8 de janeiro e que remontam aos acampamentos às portas do QG do Exército em Brasília e nas vilas militares em diversos pontos do país.

As invasões foram o epílogo mal construído de uma trama que já estava sob investigação. Ao contrário de outras CPIs, que fornecem matéria-prima para as investigações do Estado, esta começará a partir delas, com o risco de por elas serem atropeladas.

Esse temor ronda a oposição, principalmente a bancada bolsonarista, após as seguidas frustrações em testar o método de interrogatório com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que conseguiu neutralizar a produção de fakes news em seus depoimentos.

A urgência deixou de existir e deu lugar a um banho-maria nas indicações de parlamentares para integrar as bancadas, etapa essencial do rito de instalação de comissões. O governo ajustou-se a esse ritmo porque também para ele a CPMI é inconveniente – menos pela perspectiva de sair-se mal e mais pelo seu poder de obstrução dos trabalhos legislativos.

Não é casual a redução na velocidade da instalação da CPMI. A cada dia as investigações expõem mais o ex-presidente Bolsonaro, o que se agrava a partir da prisão do seu ex-ajudante-de-ordens, tenente-coronel Mauro Cid, cujos áudios trocados com interlocutores, inclusive militares da ativa, põem o golpe na antessala presidencial.

A inelegibilidade iminente do ex-presidente retira-lhe uma das principais molas propulsoras na política, que é a expectativa de poder. Com isso, herdeiros naturais de seu ativo eleitoral surgem na cena e torna-se menos decisivo seu destino.

Aprovada a nova regra fiscal, mesmo com a versão original alterada pelo Legislativo, o clima desfavorece mais ainda a CPMI. O resto está nas mãos do governo: usar seu arsenal de recursos para construir outro arcabouço – o político.

Uma expectativa alimentada pela extrema-direita, a de reação das Forças Armadas à punição de oficiais, parece exorcizada, como demonstram sucessivas manifestações de comandos em favor da despolitização dos quartéis.

Ao contrário, as Forças Armadas estão imersas no exercício de sua própria desintoxicação, desde que áudios e provas diversas indicam que uma parcela amotinada comprometeu a linha mestra da instituição de submissão constitucional.

Alguns generais, como Luis Ramos e Braga Neto já vivem a desconfiança, e até hostilidade no meio militar, especialmente após o envolvimento na trama conspiratória do coronel Élcio Álvares, que serviu a Braga Neto na Casa Civil, depois de deixar o ministério da Saúde, na gestão Pazuello, sob suspeita.

Por isso, a inclusão do ex-juiz Sérgio Moro entre os integrantes da CPMI sugere que a oposição tente desviá-la de seu objeto específico para entrar na seara retrospectiva e passar a uma pauta paralela de contestação da absolvição de Lula, a partir de sua condenação pela Lava Jato.

Desistir da CPMI não é opção política para os bolsonaristas, pelos danos eleitorais que causaria a fuga. O que se pode dizer é que o entusiasmo já não é o mesmo de antes.

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Derrota anunciada repõe governo no caminho da aliança de frente ampla https://canalmynews.com.br/politica/politica-com-bosco/derrota-anunciada-repoe-governo-no-caminho-da-alianca-de-frente-ampla/ Mon, 08 May 2023 19:48:09 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=37510 A experiência chilena, em que direita e extrema-direita se uniram contra a reforma constitucional, é didática e indica que o governo deve somar ao empenho de Lira e Pacheco pelo isolamento do bolsonarismo.

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Ulysses Guimarães dizia que em política, por vezes, até a raiva é combinada. Referia-se ao teatro da política que se socorre com frequência da dissimulação para alcançar propósitos, eliminar resistências e desobstruir caminhos.

A reflexão vem a propósito da recente votação que derrubou trechos de projeto do governo suspendendo pontos da regulamentação do marco legal do saneamento. O resultado serviu para exibir o tamanho do governo na Câmara: 136 votos.

Como nas investigações de crimes, a primeira pergunta a ser feita é a quem serve o ato. No caso, a derrota é mais aparência que realidade definitiva para o governo: ela serve também ao presidente Lula como instrumento para quebrar resistências de aliados à consolidação parlamentar da aliança que o elegeu.

O exemplo chileno, que juntou a direita e a extrema-direita contra a reforma constitucional, é didático para que o PT se alinhe ao isolamento do bolsonarismo em sintonia com os presidentes da Câmara e Senado, como sinaliza Lula. Para isso, a aliança ao centro e à direita é fundamental.

É oportuno lembrar que Lula soube da derrota na sua véspera, quando se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para aparar as arestas que ainda impedem a retomada da rotina legislativa. Lira cobrou a liberação das emendas devidas pelo governo e alertou que não poderia mais evitar uma sinalização mais dura dos deputados.

O parlamento tem seus meios de mandar recados ao governo e um deles é a imposição de revezes, o que faz de forma proporcional à insatisfação e ao grau de percepção quanto as intenções do Executivo. No caso, o recado foi brando. Uma espécie de alerta amarelo.

A reação de Lula após a derrota deixou entrever que já a esperava a partir da conversa com o presidente da Câmara. Não a construiu, mas demonstrou que a usará a seu favor no ambiente interno. Seu papel na ópera foi o de “assumir” a articulação política, não sem antes elogiar o titular dessa missão, o ministro Alexandre Padilha.

Padilha vinha sendo alvo do fogo amigo que debitara em sua conta o saldo negativo da articulação. Lula desagravou o seu ministro e pessoalmente cuidou de iniciar o processo de liberação das emendas, medida essencial para reverter o humor dos deputados.

A liberação das emendas abre passagem para a tramitação do arcabouço fiscal, de importância vital para o governo. Mas não só: tenta remover passivo de maior gravidade que se junta à insuficiência de votos estampada na derrota de alerta.

O governo chega ao seu quinto mês com 20 medidas provisórias editadas – e nenhuma aprovada – e quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) criadas. Em um mês, ou menos, as principais MPs irão caducar, inclusive a mais básica que reorganiza a Esplanada dos Ministérios.

A morte por inação das medidas provisórias é a derrota que não pode acontecer de forma ampla e integral. Elas representam a largada do governo e foram editadas na sequência da posse de Lula, refletindo parte do arcabouço social do governo, em contraponto ao fiscal.

Lá estão, entre outras, as MPs da retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, o Novo Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), além do voto de qualidade a favor da União em caso de empate em julgamentos Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

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