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POLÍTICA

Coaf revigora investigações e pode dar fôlego à CPMI

Seguir o dinheiro, lição básica de investigação que demorou 5 anos, pode servir também à CPMI

Em 31/07/23 18:56
por Política com Bosco

João Bosco Rabello traz uma bagagem acumulada em mais de 45 anos de profissão, em grandes veículos nacionais como O Globo e O Estado de S.Paulo. Sua coluna, agora no MyNews, traz insights valiosos e análises aprofundadas do cenário político direto de Brasília para os leitores.

O avanço da Polícia Federal no caso Marielle reabilitou a eficiência do processo investigativo no Brasil, que andava em baixa desde a estagnação verificada nos cinco anos que nos distanciam do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

Esse revigoramento abranda a impaciência com as investigações dos atentados políticos que culminaram com o 8 de janeiro, pelo efeito renovador da confiança nas autoridades vinculadas à segurança pública. E pode ainda retirar a CPMI da cilada que motivou sua instalação pela oposição, determinada a transformar vítimas em culpados, buscando nos oito dias do governo eleito uma brecha para inverter o enredo.

Não conseguiu, até aqui, qualquer êxito nessa empreitada, mas parte do objetivo está sendo alcançado – o de tumultuar os trabalhos da comissão a partir dessa pauta fake.
Ao buscar o caminho do dinheiro, a Polícia Federal conseguiu ressuscitar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que monitora permanentemente movimentações bancárias atípicas e informa o Banco Central e outros órgãos de Estado.

Essa providência revelou movimentações bancárias do ex-ajudante-de-ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid Ferreira, incompatíveis com sua renda. Muitas delas em saques e depósitos em espécie. É um caminho novo para a CPMI, onde o militar permaneceu calado em relação até mesmo à sua data de nascimento. Os dados relativos à movimentação bancária inserem no contexto elementos concretos e subtrai a Mauro Cid os subterfúgios que alimentam as dúvidas.

Mais que isso, o Coaf mostra que o ex-presidente Bolsonaro arrecadou R$ 17 milhões via PIX de seus eleitores solidários e também de milionários e empresários de segmentos específicos como o agronegócio, mobilizados para pagar suas multas por deliberada desobediência legal na pandemia. Bolsonaro aplicou a quantia em ações o que gerou críticas. Debochou dizendo que dá para “um pastel com caldo de cana”. Mas o que o ex-presidente tem, de fato, é um fundo partidário para chamar de seu.

A campanha continua para chegar ao valor de R$ 22 milhões – o mesmo que o PL teve bloqueado pela justiça eleitoral por litigância de má fé ao entrar com ação pelo cancelamento de apenas um dos turnos eleitorais – o segundo – nas eleições passadas.

O êxito que passou a ser esperado do novo ciclo de investigações sobre o assassinato da vereadora carioca tem potencial de contaminar positivamente todo o ambiente político e serve de um sinal amarelo de alerta aos que se regozijam há anos pela impunidade.

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