Arquivos Paulo Totti - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/paulo-totti/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Sat, 25 Jun 2022 13:11:01 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 E agora, José? Datafolha abala o bolsonarismo e sepulta a Terceira Via https://canalmynews.com.br/paulo-totti/e-agora-jose-datafolha-abala-o-bolsonarismo-e-sepulta-a-terceira-via/ Mon, 30 May 2022 14:25:17 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28791 Pesquisa Datafolha divulgada na quinta (26) abalou as ambições bolsonaristas e colocou em cheque o sucesso da Terceira Via com Simone Tabet.

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Muito se falou e escreveu depois do Datafolha da quinta-feira (26). Meu vizinho em frente comemorou. O da esquerda concluiu que não haverá segundo turno. O da esquina reagiu como Ciro Nogueira: “Acredito mais em Papai Noel”. E um colunista não sabe o que dizer, é só melancolia. A mim ocorreram os versos de Carlos Drummond de Andrade: “A festa acabou,/ a luz apagou/ o povo sumiu (…) sua incoerência,/seu ódio — e agora, José?”

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Lula (48% a 27% na pesquisa estimulada, 38% a 22% na espontânea, 58% a 33% no segundo turno) lidera em todas, ou quase todas, as categorias: mulheres, jovens, negros, negras, empregados, desempregados, nordeste, sudeste, ensino fundamental, superior. E empata tecnicamente entre evangélicos e empresários (nestes últimos não há só ricos, há empresários médios e pequenos). O atual presidente só lidera, e com folga, entre os rejeitados: Bolsonaro, 54%; Lula, 33%.

Estamos a quatro meses de 2 de outubro, a pesquisa é um retrato do momento. Ainda não se iniciou o período de campanha na TV e no rádio, a candidatura de Simone Tebet apenas estreou e muita coisa pode mudar, como afirmam os que torcem pela surpresa.

Mas é evidente que, se a eleição fosse no domingo que vem, a soma dos votos válidos (54% a 30%) garantiria a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno. A interrogação, porém, é que, cristalizadas como estão as candidaturas de Lula e de Jair Bolsonaro, haverá tempo para a simpática senadora do MDB conseguir espaço para crescer? Até agora, não saiu dos 2%. Dir-se-á que a performance é mais brilhante do que a de Luciano Bivar (União Brasil) que sequer pontuou.

Ambos decididamente não têm um bom desempenho. Certamente crescerão o suficiente para alcançar o encalhado Ciro Gomes (PDT), em improvável labuta para superar a falta de aceitação mais ampla. E continuarão distantes da vanguarda, numa disputa em que mais de 75% dos eleitores de Lula e Bolsonaro se declaram definitivamente decididos.

Daqui para a frente tudo indica que o Centrão vai concentrar, sem freios, sua campanha no antipetismo, corrupção na Petrobras, mensalão, triplex no Guarujá, e até a falta de um dedo na mão esquerda de Lula. É discurso canhestro e perigoso para ser utilizado por um partido como o PL, que tem Valdemar da Costa Neto na sua liderança ou num governo que tem Ciro Nogueira como chefe da Casa Civil.

Bolsonaro e os descerebrados da caserna e do cercadinho prosseguirão o combate ao comunismo (saber onde anda o comunismo é a batalha mais difícil) e continuarão em guerra contra a urna eletrônica, contra a turma do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Já o PT não parece disposto a limitar-se a temas como rachadinhas, intermediação de pastores no Ministério da Educação ou malfeitos no Ministério da Saúde A tendência de Lula é abordar cada vez mais a inflação, o desemprego, a inoperância de todos os ministérios.

As rachadinhas, os pastores despachantes do ministério da Educação, os malfeitores do Ministério da Saúde, ocuparão o segundo lugar na atenção preferencial dos, até agora, cinco ou seis partidos de oposição. Estes aproveitarão, ainda, os bons resultados de hoje para ampliar as alianças estaduais, como já aconteceu com o PSD de Gilberto Kassab em Minas Gerais. Fica mais forte a atração de partidos ou dissidências para quem está em vias de ganhar a eleição.

Ao PSDB, rachado desde as prévias do ano passado e completamente destroçado com a pressionada renúncia de João Doria à ambição presidencial, resta aderir a Simone Tebet e esperar que o MDB apoie no Rio Grande do Sul outro frustrado presidenciável, Eduardo Leite. Se nem isso acontecer e Simon Tebet, do MDB de Michel Temer, não conseguir musculatura eleitoral, só restará à Terceira Via o conselho de mais um poeta, Manuel Bandeira: “Tocar um tango argentino”. 

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No Massimo era o máximo: tempo em que prévias e convenções do PSDB eram num bom restaurante paulista https://canalmynews.com.br/paulo-totti/no-massimo-era-o-maximo-tempo-em-que-previas-e-convencoes-do-psdb-eram-num-bom-restaurante-paulista/ Fri, 20 May 2022 12:50:19 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28561 Felizes tempos aqueles em que Fernando Henrique Cardoso se reunia num restaurante de São Paulo (o Massimo, da Alameda Santos, era o preferido) com três ou quatro cartolas.

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Felizes tempos aqueles em que Fernando Henrique se reunia num restaurante de São Paulo (o Massimo, da Alameda Santos, era o preferido) com três ou quatro cartolas. Ali se realizavam na prática e em poucas horas, a prévia e a convenção dos tucanos.

Quando José Serra estava ausente, falava-se mal dele (FHC não o poupava). Com Mário Covas presente, ninguém se queixava da teimosa resistência dele a entendimentos com antigos militantes da ditadura (por isso, FHC não foi ministro de Fernando Collor).

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Mas tudo acabava como o previsto, circulava o cachimbo da paz, tão recorrido e harmonioso quanto o cointreau do fim da noite. O menino Aécio Neves (que quase não falava durante o jantar) partia feliz para Belo Horizonte e o promissor político nordestino Tasso Jereissati chegava a Fortaleza a tempo de impedir que o afilhado Ciro Gomes, um calouro, se atrevesse a ter ideias próprias sobre a sucessão no Planalto.

E assim se elegeram e reelegeram os governadores de São Paulo, Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, e foram candidatos pelo PSDB à presidência Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves. O país todo votava neles, ou, pelo menos, não deixava o partido ausentar-se de um segundo turno.

O partido que se iniciou de esquerda, foi aos poucos se adaptando à hegemonia financeira, não só brasileira, mas mundial, o rigor fiscal sufocou todas as outras prioridades – o discurso sobre desenvolvimento econômico e social foi abandonado.

Tantas foram as movimentações para o centro e daí para a direita, que a crise hodierna do PSDB tem muito a ver com isso: a agremiação de Mário Covas em nada difere hoje do União Brasil (UB), que veio da ditadura, da Arena, passou pelo PFL, pelo PSL e hoje, com o PSDB, também não consegue sequer apontar um dos seus para concorrer à presidência.

PSDB, seu federado Cidadania, e UB, não diferem na essência. Com o agravante de que a raposice, o mau-caratismo, a traição, parecem tão ou mais presentes no tucanismo do que na rotina do carlismo ou do caiadismo.

Do UB não se ouvirão veementes alertas sobre a ameaça que Bolsonaro representa à continuidade do processo democrático brasileiro. O mesmo ocorre com o PSDB. O pior é que também não se ouve um só corrupio tucano em defesa da urna eletrônica, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Supremo.

O PSDB não aproveita o prestígio que ainda tem entre os empresários, para estimulá-los a também se pronunciarem contra a preparação do golpe. Os bancos, por exemplo, que têm tantos executivos com passagem pelos governos tucanos, estão tão calados quanto Paulo Skaf, o arauto da indústria desindustrializada. De indiferentes passarão a cúmplices.

Enquanto o eleitor brasileiro se coloca já ao lado de Lula ou de Bolsonaro, a polaridade cada vez mais se cristaliza e o pleito se transforma em plebiscito, cristianiza-se o candidato que o PSDB escolheu em prévia que custou R$ 12 milhões. Os donos do partido não aceitaram o resultado da consulta, o PSDB debate-se numa crise interna que o condena ao definhamento. Fritado o ex-governador de São Paulo, prepara o PSDB para aderir a Simone Tebet e a evitar que Doria vá à justiça reclamar seus direitos.

Espera-se para segunda-feira, 23, a reunião em que a executiva tucana ouvirá de Doria novamente a afirmação de que não retira a candidatura e, na terça-feira, a reunião em que o partido mais o MDB e o que resta do Cidadania anunciarão o apoio à candidatura da senadora pelo Mato Grosso do Sul.

O pretexto para a tremenda puxada do tapete de Doria é de que a simpática ex-prefeita de Três Lagoas e competente senadora tem mais condições objetivas de disputar a eleição do que o ex-governador de São Paulo.

Duvido que em minha terra, Veranópolis, RS, com pouco mais de 25 mil habitantes, existam 50 eleitores que possam dizer duas frases sobre Simone Tebet. Aliás, também não saberiam em relação a João Doria.

E o Massimo fechou.

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Muito mais do mesmo: não há surpresas no governo de Jair Bolsonaro https://canalmynews.com.br/paulo-totti/muito-mais-do-mesmo-nao-ha-surpresas-no-governo-de-jair-bolsonaro/ Fri, 13 May 2022 13:48:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28405 Novas ações e estratégias do presidente já são velhas conhecidas da população. Só incautos e incrédulos se surpreendem com Jair Bolsonaro.

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Em 2003, da tribuna da Câmara, Jair Bolsonaro disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS): “Jamais eu iria estuprar você, porque você não merece (…) Você é feia”.

Em abril de 2016, ao microfone da mesma Câmara dos Deputados, votou a favor do impeachment e, veemente, homenageou o torturador de uma menina de 19 anos no Doi-Codi de São Paulo: “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de todos, o meu voto é sim”.

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Só incautos e incrédulos se surpreendem com Jair Bolsonaro. O mau-caráter, a sociopatia, são conhecidos desde antes da posse no Palácio do Planalto. Dir-se-ia que o único surpreso entre os bem informados é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Este tem sobressaltos até com a inflação.

O que se pode acrescentar agora é que não se imaginava que a ruindade deste governo chegaria a tanto. À má intenção se adicionou a incompetência.

Nada no governo de Bolsonaro dá certo. Da educação à saúde, da indústria ao comércio e aos serviços, da infraestrutura à política externa, não há um só setor com indicador positivo, tudo foi sucateado, “desmantelado”, como observou a revista Time. A inflação, que acabou no governo de Itamar Franco sob a égide do plano real da equipe de Fernando Henrique Cardoso e foi controlada no governo Lula/Dilma, voltou na vigência de plano nenhum da dupla Bolsonaro/Paulo Guedes. Para encontrar índices similares de carestia aos de março e abril deste ano tem-se que voltar ao século passado.

O país acabou com a dívida externa, que parecia eterna, no governo Lula e na mesma época se tornou autossuficiente de petróleo com a descoberta do pré-sal. Continua a importar derivados, como o diesel, porque a Petrobras abandonou os projetos de ampliação de refinarias. Também sepultou as ideias de explorar os não fósseis. Não usa o exagero do grande lucro para a formação de um fundo que amortize o impacto da alta do preço internacional do óleo. Estes são os problemas da estatal. Privatizar às vezes é solução de governo preguiçoso.

Não bastam igualmente as iniciativas improvisadas, amadoras, transferir a responsabilidade para ministros, para empresas estatais, para governadores. Se subirem a gasolina, o diesel, o gás veicular e o de cozinha, muda-se o presidente da Petrobras; a luz, muda-se o ministro; a inflação, sobe-se o juro. Se a vida continuar complicada, se o Auxílio Brasil é corroído mês a mês pela queda do poder aquisitivo – que tal apagar do cartão do benefício o letreiro do Bolsa Família para ninguém lembrar que “isso aí é invenção de um petralha?”

Se se elimina o IPI de produtos da cesta básica para baixar os preços internos, a oposição e os empresários dizem que a providência não funciona, pois o Brasil só importa 0,05% do frango que consome, que o trigo já vem da Argentina com tarifa alfandegária reduzida (Mercosul), que o Brasil não importa carne e milho, todos sabemos que é exatamente o contrário.

Se as pesquisas eleitorais não melhoram, manda-se o novo ministro anunciar que se estuda a privatização da Petrobras. Assim se tira a ameaça de fracasso eleitoral do noticiário, e se esquece que o governo não conseguiu ainda privatizar a Eletrobrás como estava prometido desde o conselheiro ad hoc Michel Temer. (Como apontou Marcelo Lins, na Globonews, no setor hidrelétrico e outros, este governo é pródigo em cascatas).

Enfim, se está provado e mostrado que os votos não são apurados numa sala escura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seu presidente, Edson Fachin, adverte que quem trata de eleições “são as Forças Desarmadas”, revela-se que a cúpula do judiciário tem força moral para resistir ao jipe, ao cabo e a alguns soldados de prontidão para atacá-la. Recolhem-se os halves temporariamente e novas estratégias serão estudadas. Parar de conspirar, jamais. Talvez se volte a atacar o estado democrático de direito em data mais próxima da eleição. Ou durante. Ou depois dela.

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Por que tanta louvação? Uma semana de juras ao compromisso de defesa da nossa democracia https://canalmynews.com.br/paulo-totti/por-que-tanta-louvacao-uma-semana-de-juras-ao-compromisso-de-defesa-da-nossa-democracia/ Fri, 06 May 2022 14:41:12 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28174 Do descrédito ao sistema eleitoral brasileiro às recorrentes tentativas de reconstituição da confiança nas urnas eletrônicas.

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Os últimos dias de abril e os primeiros de maio têm sido pouco generosos com os adversários da candidatura de Lula à presidência da república.  Ventos contrários sopram não só das profundezas do país – o grande escândalo é o extermínio continuado da comunidade Yanomami em Roraima – como além das quatro linhas da pátria amada Brasil.

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Tudo começou quando o comitê de direitos humanos da ONU, depois de seis anos debruçado sobre o processo, chegou à conclusão de que o ex-presidente brasileiro foi condenado à prisão em 2017/18 por um juiz parcial e incompetente que lhe tirou o direito de voltar, na época, ao Palácio do Planalto. A adversidade, sem representar o fim do inferno astral, culminou com a notícia da agência Reuters de que a CIA recomendou ao presidente Bolsonaro a deixar de falar mal do sistema eleitoral brasileiro.

No intervalo, Lula virou capa da revista Time e Bolsonaro, na saída do palácio do Planalto, declarou guerra a Leonardo DiCaprio: “É bom o DiCaprio ficar de boca fechada em vez de ficar falando besteira por aí”, disse o presidente aos descerebrados do cercadinho. O ator, como se sabe, estimulou os adolescentes brasileiros a providenciarem o título de eleitor.

Segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachinentre janeiro a maio deste ano, 2.042.817 jovens de 16 a 18 anos inscreveram-se para votar. Em grande parte foram influenciados por artistas nacionais e estrangeiros que se juntaram ao TSE para aumentar o interesse dos adolescentes pelas eleições. 

Pesquisas indicam que nessa faixa etária, 51% dos eleitores pretendem votar em Lula. Cerca de 20% estão indecisos. Daí, certamente, surgiu a repentina aversão de Bolsonaro ao ex-namorado de Giselle Bündchen.

Lula estampa edição da revista Time. Foto: Reprodução

A capa da Time foi evidentemente simpática a Lula e não deixou de preocupar o governo Bolsonaro por mais uma boa acolhida que a candidatura petista encontra no âmbito internacional. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse que a revista americana menospreza a memória e a inteligência dos brasileiros de bem. “Lamento que enalteça e dê espaço a quem tanto mal fez ao Brasil e, com seu vice, canta o Hino da Internacional Socialista. Venceremos o mal!”, tuitou o ministro.

Lula recebeu críticas (corretas) por considerar Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky igualmente culpados pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Petistas, entretanto, afirmam que sobre esse tema Lula declarou também à revista: “Foi errado invadir.(…) Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz”. E incluiu na lista de responsáveis (corretamente) os Estados Unidos, a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Bolsonaro e CIA

O episódio da recomendação norte-americana a Bolsonaro sobre as recorrentes investidas de descrédito ao sistema eleitoral brasileiro ocorreu em julho de 2021, quando o diretor-geral da Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), Williams Burns, depois de encontro no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro,  jantou na residência do embaixador em Brasília com os ministros generais Augusto Heleno  e Luiz Eduardo Ramos.

Em nota, o chefe do GSI confirmou na quinta-feira (5) a realização do encontro, mas foi categórico: “não recebe recados de nenhum país do mundo, nem os transmite”.

Enquanto a Terceira Via implodia, como estava previsto, e o União Brasil desertava em busca de um voo solo (“chapa pura”), ouviu-se durante toda a semana o alarido de manifestações em favor da democracia e da segurança das urnas eletrônicas. Do ministro da Defesa ao presidente do Congresso, do comandante do Exército ao presidente da Câmara, houve juras de lealdade ao estado democrático de direito.

Até da Casa Branca, por intermédio da subsecretária de estado Victoria Nuland que visitava o Brasil, ouviu-se que os Estados Unidos confiam no sistema eleitoral brasileiro. “E os líderes brasileiros precisam expressar essa mesma confiança no sistema”, disse Nuland, numa subliminar reiteração de interferência.

Não vai bem a democracia de um país que necessita de tanta manifestação de confiança em seu sistema eleitoral.

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Brasil parou para apreciar o ofensivo show de um deputado inexpressivo https://canalmynews.com.br/paulo-totti/brasil-parou-para-apreciar-o-ofensivo-show-de-um-deputado-inexpressivo/ Mon, 02 May 2022 12:42:32 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28041 Mesmo após condenação do STF, deputado federal Daniel Silveira recebeu indicações na Câmara e disse desligar tornozeleira eletrônica.

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Desde a tarde em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu condenar Daniel Silveira (PTB) por graves crimes contra o estado democrático de direito e o presidente Jair Bolsonaro retaliou com a concessão de um indulto que livra o deputado da cumprir a pena de oito anos e nove meses de prisão, o país está parado, estupefato.

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A perplexidade se tornou sobressalto na semana seguinte, quando o político em questão foi homenageado em uma sessão solene no salão nobre do Palácio do Planalto e, numa provocação, o partido de Roberto Jeferson o indicava para cinco comissões permanentes, entre elas a mais importante da Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O escárnio ficou explícito quando se soube que sua excelência desde a Páscoa desligara a tornozeleira eletrônica que fora ordenado a usar pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes. E o descalabro se materializava em afronta quando o inquilino do Alvorada fazia mais um ataque às urnas eletrônicas e sugeria que as Forças Armadas realizem apuração paralela dos  votos na eleição presidencial, responsabilidade exclusiva e obrigatória do TSE, segundo a Constituição.

Para Bolsonaro, não é o Congresso, como disse na quinta-feira o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o guardião da democracia, mas sim as Forças Armadas.

O Executivo se posiciona ferrenhamente contra a Corte Suprema. O legislativo oficialmente se cala, mas a sua porção evangélica, a bancada da Bíblia, e sua porção policial, a bancada da Bala, se manifestam e, na falta de divergência explícita, posam elas próprias como porta-vozes da Câmara e até de todo o Congresso.

Enquanto isso ninguém se dedica ao debate sensato e necessário sobre a crise econômica (inflação e juros de volta aos dois dígitos), crise ambiental (o país que mais desmatou em 2021), crise educacional (cadê o plano federa para as escolas recuperarem os dois anos perdidos durante a pandemia?), crise laboral (a média salarial caiu 8% de março a março entre  2021 e 2022), as demarches sucessórias se sucediam, como se a realidade surrealista descrita acima não fosse diretamente ligada à eleição e também ao golpe que os mais atentos temem estar sendo tramado.

Eduardo Leite anunciou o reconhecimento (mais ou menos) da vitória de João Doria nas prévias do PSDB, Simone Tebet (MDB) reafirmou que nasceu para ser presidente e não vice. Roberto Freire (Cidadania), dono de mais fluência verbal do que de votos, disse que votará em quem o PSDB indicar, pois para isso há décadas é da linha auxiliar do PSDB, Ciro Gomes (PDT) diz que conversar ele conversa com o que restar da Terceira Via, mas não desiste da candidatura, e o União Brasil dá sinais de pretender carreira solo para a presidência, com a promoção de Luciano Bivar, que antes se contentava com a vice-presidência.

Há muitas razões para a dissidência do UB. Mas a principal, a decisiva, é esta: Além do maior tempo de TV e rádio, a parte que cabe ao União Brasil no latifúndio de R$ 4,9 bilhões do Fundão eleitoral é de R$ 747,3 milhões.

O MDB tem R$ 362,4 milhões; o PSDB, R$ 319,7 milhões e o Cidadania, R$ 85,4 milhões.  O partido resultante da fusão PSL-DEM resolveu usar em casa sua fortuna em lugar de reparti-la com candidatos alheios e já derrotados. Espera-se para esta semana (2 a 7 de maio) o anúncio da retirada.  (Há observadores que acreditam numa repentina adesão do UB ao bolsonarismo).

De sua parte, Lula se fortalece. Passou o fim de semana em Brasília para receber, na companhia de Geraldo Alckmin, a confirmação do apoio da Rede Sustentabilidade e do PSB (este ao som da Internacional Socialista). E a ONU, por seu comitê de Justiça, considerou que o ex-presidente foi vítima de um julgamento parcial que o levou à prisão e o impediu de voltar à presidência já em 2018.

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Candidatos ao Congresso querem ‘fundão’ dos presidenciáveis https://canalmynews.com.br/paulo-totti/candidatos-ao-congresso-querem-fundao-dos-presidenciaveis/ Fri, 22 Apr 2022 17:00:09 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27823 É tudo uma questão de recursos.

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De repente, não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, numa semana em que aconteceu de tudo na vida brasileira – desde o general presidente do STM sentir-se feliz porque sua Páscoa não foi estragada por notícias sobre tortura de presos políticos durante a ditadura militar, até a polícia municipal de Goiânia premiar  com uma pistola semiautomática de 15 tiros o cidadão vencedor de uma  rifa  –  ganha corpo no PSDB a ideia de que é melhor não ter candidato do que ter João Doria na cabeça de chapa para presidente. O deputado Aécio Neves (MG) fez a revelação em entrevistas na quarta-feira (20).

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Estaria acontecendo com Doria no PSDB o que aconteceu com Sergio Moro no Podemos. Influentes membros de ambos os partidos passaram a defender que, em lugar do desperdício do Fundão Eleitoral numa campanha já perdida para o Planalto, seria “mais estratégico” investir nos candidatos a governador, senador e deputados. Moro foi procurar abrigo no União Brasil, onde não melhorou sua vida de calouro na política. E Dória permanece cada vez mais candidato de si próprio e cada vez menos do PSDB.

Concentrar os recursos na tentativa de reforçar sua bancada no Congresso e eleger governadores não deixa de ser uma solução pragmática, mas é a confissão da fragilidade eleitoral e a pobreza programática dos partidos alheios às alianças em torno de Lula e Bolsonaro. O petista e o presidente contribuem para a eleição de aliados em todo o país. Pesquisas apontam que o quase desconhecido aspirante a governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, aumenta as chances quando seu nome é associado ao de Lula. E o que seria de Tarcísio de Freitas em São Paulo, sem o apoio de Bolsonaro?

Rodrigo Garcia, substituto de Doria no governo de São Paulo, sabe que, se ultrapassar os 10% nas pesquisas, não creditará o sucesso à companhia de Doria. Rodrigo também não cresceria sob o guarda-chuva de Eduardo Leite, de acordo com as mesmas pesquisas.

E Bivar ajuda a reeleger-se um deputado estadual em Santa Catarina? Ciro, de tão empenhado na perseguição de um dígito, perde o conhecimento que tem das regras da economia brasileira e acusa Lula, se eleito, de manter Campos Neto na presidência do Banco Central. Esqueceu-se que essa é a lei, o mandato no BC vai até 2024.

Faltam candidatos e mensagem aos candidatáveis do Campo Democrático (cada vez que ouço falar em troca de nome da Terceira Via me vem à cabeça a mudança do sofá da sala).

Paulinho da Força, (Solidariedade, SP) cuja inconstância é uma das suas principais virtudes, andou em conversas com as lideranças dos principais adversários de Lula e voltou com mais informação de bastidores do que a repórter Andreia Sadi. Com Aécio, confirmou que a candidatura de Doria realmente derreteu. Com o senador Ciro Nogueira apurou que, com Lula eleito, o Centrão adere ao governo aos seis meses do novo mandato.

Enquanto isso, com o início da distribuição de mil reais aos mutuários do FGTS, Bolsonaro diminuía 6% no recordista índice de rejeição e a campanha de Lula ganhava um indireto “apoio crítico” de Armínio Fraga que se declarou a favor da revisão do teto de gastos (“zero investimento público não dá”) e de algum imposto sobre as grandes fortunas. Como diria Brizola, estará Armínio costeando o alambrado?

Obstrução de justiça – Menos de 24 horas após Daniel Silveira ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro decretou o indulto do deputado. É uma graça individual, constitucional. E também obstrução de justiça, na minha modesta e leiga opinião.

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Reflexões de Semana Santa: toda sexta da Paixão chega à Páscoa https://canalmynews.com.br/paulo-totti/reflexoes-de-semana-santa-toda-sexta-da-paixao-chega-a-pascoa/ Fri, 15 Apr 2022 13:21:04 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27711 Música de Chico Buarque e Gilberto Gil nos faz refletir sobre data.

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Foi na tarde de sexta-feira da Paixão, 1973. Estão reunidos Chico Buarque e Gilberto Gil.  Chico serve o Fernet, seu licor preferido na época. Gil trouxe para o apartamento de Chico, na Lagoa, o título e o refrão de Cálice. Juntos deram-nos para a eternidade uma canção triste, apropriada àquela santa semana, e talvez a mais linda e inconformada prece daqueles vinte e um anos de escuridão e de chumboPai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue”.

Ouço-a na voz de Milton Nascimento.  Encanta-me o simbolismo de toda a letra, mas o que comove e revolta é a atualidade noticiosa do 12º verso: “Tanta mentira, tanta força bruta”.

A fita acaba e parece que estou a revivê-la com o que ouço e leio na TV ou na internet nesta Quinta-Feira de Endoenças, 14 de abril de 2022. Os pastores que frequentavam o Alvorada e o Planalto (29 visitas em 19 dias) e também o ministério da Educação (incontáveis presenças, quase uma moradia), só iam para orar.  A Bíblia agora é ilustrada e na falta da imagem do Cristo que expulsava vendilhões do templo, aparecem fotos do conspícuo ministro e sua digna senhora esposa.

Ante a vida eterna ao lado do Senhor, de que vale o ouro impuro extraído do garimpo na terra dos índios? O que farão os índios com tanto ouro? E o mais cristão dos sentimentos: você me ajuda e eu lhe ajudo, pois uma mão lava a outra e com ambas podem-se recolher os dízimos? Querem investigar isso, como se um crente já não prestasse contas diretamente ao Senhor Deus por intermédio do ministro do seu templo. Como aconteceu com as calúnias assacadas contra o impoluto ministro da Saúde, general Pazuello, silêncio de cem anos, se o Juízo final não chegar antes, Aleluia!

Na pandemia, os infiéis se queixavam do abandono da ciência e, se, num gesto de cristã caridade, mandamos hoje milhões de kits de robótica para escolas da catinga – oferta de empresário amigo do valoroso irmão presidente da Câmara – a Globo Lixo e, vai ver, até o comunista Datena, inventam a narrativa de que no Sertão há escolas sem luz, sem água, sem banheiro, sem computador, sem teto. Pois bem, por módica e pública quantia, vamos ensinar as crianças a operar robôs que dispararão milhões de mensagens com a verdade dos justos. Não importa que os descrentes e três ministros da Suprema Corte as chamem de feique-níus.

Se o futuro vice-presidente diz que a redentora de 64 salvou o Brasil do inferno anticristão, a terrorista Miriam Leitão comete a heresia de afirmar que o general faltou com a verdade. Nosso  irmão Eduardo tem razão ao preocupar-se com a jibóia. Já dizia o senador José Agripino (PFL,RN) em 2008, Dilma Rousseff, como  Miriam agora, conspirava contra Cristo desde criancinha.

O reconfortante é que a semana da Paixão um dia chega à Páscoa, o domingo da Ressurreição. Ao final da década de 80, Chico Buarque compôs, com Francis Hime, outra reza profética e eterna, “Vai passar”:

 Meu Deus, vem olhar vem ver de perto uma cidade a cantar a evolução da liberdade até o dia clarear”.

É nesse samba-enredo que Chico lembra “uma página infeliz de nossa história” em que dormia “a nossa pátria-mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações”.

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Terceira via muda de nome: isto basta para a vida melhorar? https://canalmynews.com.br/paulo-totti/terceira-via-muda-de-nome-isto-basta-para-a-vida-melhorar/ Fri, 08 Apr 2022 14:23:27 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27372 Partidos da terceira via têm tentado se organizar para viabilizar nome forte para eleições presidenciais de 2022.

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Está tudo resolvido: no dia 14 de maio o União Brasil apresenta seu candidato a presidente. No dia 18, se reunem o União Brasil, o MDB, o PSDB, o Cidadania, e talvez também o Podemos. No dia seguinte começa a campanha em favor da chapa única escolhida. E no dia 2 de outubro a terceira via, ou “o campo democrático”, ganha a eleição, sem necessidade de um segundo turno. Como é encantadora e previsível a política brasileira!

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A única dificuldade era a marcação de datas e o local da reunião (um hotel possivelmente).  Superados esses pequenos detalhes, e, depois de três horas de “franca e transparente conversa”, quatro ilustres dirigentes partidários terão traçado os destinos do país e resolvidos todos os seus problemas (não deles, problemas do país, é claro).

Perto dali, na rodoviária de Brasília, por exemplo, se você for perguntar se alguém conhece Bruno Araújo (PSDB-SP), Baleia Rossi (MDB-SP), Luciano Bivar (UB-PE), Roberto Freire (Cidadania-PE), Renata Abreu (Podemos-SP), ninguém sacudiria a cabeça afirmativamente. Talvez um idoso, aposentado como servente da Câmara dos Deputados, responda: “Esse Freire conheço, era comunista e foi líder do Itamar”.

Pois é, a vida não é previsível; e nem sempre encantadora. Ninguém vai votar em A, B ou C, por indicação de Bruno  Araújo ou Baleia Rossi.  Escolher data, local e até um nome é mais fácil do que encontrar um discurso, uma mensagem, um slogan, capaz de tirar alguém da catacumba dos 3% das pesquisas e arremessá-lo à liderança das intenções de votos.

Comecemos pelo principal objetivo, perfurar a barreira da polarização de Lula e Bolsonaro. Até agora nenhum dos opositores à dupla disse algo que já não tenha sido dito. Ciro? Tudo o que diz, Lula já disse e fez, com muito mais votos.  Moro? Tudo o que representou, Bolsonaro continua representando, com mais votos, e, se estes faltarem, o general Walter Braga Neto dirá a que veio.

Atual presidente da república Jair Bolsonaro (PL). Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)

Outro problema: o PSDB. A existência de dois candidatos é a única coisa que abunda no PSDB.  O partido que há vinte anos elegia presidente e o reelegia em um único turno, perde agora lideranças, eleitores, eleitos, e a palavra empenhada (o que diria Mário Covas se lhe contassem que o partido que fundou não respeita o resultado de uma prévia do próprio partido? E a maioria de sua bancada na Câmara costuma votar a favor do herdeiro político do almirante Pena Boto?).

Escolhido o concorrente à presidência (por qual critério? liderança nas pesquisas, representar o maior estado do país, ter maior capilaridade, maior fundo partidário, maior fundão eleitoral?), quem será o vice? O UB não tem ninguém no partido com coragem de tentar a presidência, mas tem um presidente do partido, Luciano Bivar, que quer ser vice da república, a ser aceito pelos aliados se não não tem jogo nem aliança.

Eduardo Leite (PSDB) e Simone Tebet (MDB) andam conversando com base numa mesma e gentil oferta: “Te ofereço a minha vice-presidência”. Como cumprir a promessa, se o cargo de vice já tem dono?

E o que dizer de Simone Tebet, mulher decidida, senadora excelente, cujo partido, o MDB, tem metade, ou mais, de seus governadores já combinados de votar em Lula?

E o União Brasil, com próceres como ACM Neto e Ronaldo Caiado, cada um com musculatura para ser o candidato ao Planalto que falta ao partido, mas sem tesão para o debate nacional e apenas voltados para o pleito no próprio estado – o herdeiro de Antônio Carlos de olho em alguns votos de Lula na Bahia e o ex-líder da bancada ruralista no que sobrar de votos de Bolsonaro em Goiás.

E , de 18 de maio a 2 de outubro, haverá tempo para reunir o bloco, esquentar os tamborins, harmonizar o passo das alas com a cadência da bateria,  sair com samba-enredo repleto de novidades e brilhar na avenida, quando, segundo as atuais pesquisas, indecisos, brancos, nulos e “não sabem” somam apenas 10%?

Enquanto, na pesquisa da Quaest, patrocinada pela Genial Investimentos, a primeira após a suposta desistência de Sergio Moro, Lula e Bolsonaro alcançavam 44% e 29%, respectivamente, Ciro chegava a 6%; Leite a 2%; Doria e Simone a 1%. Os votos de Morro estão migrando para Bolsonaro.

 

SE COLAR, COLOU – Leio e ouço que Adriano Pires é o brasileiro que mais entende de petróleo, de gás e da legislação correspondente. Há mais de 20 anos está de plantão na defesa da privatização da Petrobras e aparece sempre que a mídia procura alguém contra o monopólio estatal. Só não entendo como, depois de convidado oficialmente pelo ministro da Minas e Energia e de três encontros com o presidente Jair Bolsonaro, levou duas semanas para lembrar que havia um impedimento legal para assumir.

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Muito barulho por nada: crise no PSDB acaba em abraços e beijos, mas acabou mesmo? https://canalmynews.com.br/paulo-totti/muito-barulho-por-nada-crise-no-psdb-acaba-em-abracos-e-beijos-mas-acabou-mesmo/ Tue, 05 Apr 2022 13:59:06 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=27233 João Doria (PSBD) acabou por deixar o governo de São Paulo para disputar as eleições presidenciais de 2022. Decisão foi precedida de crise dentro do partido tucano.

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Na mais bem humorada de suas peças, “Much ado about nothing”, William Shakespeare conta a história de amor e intriga, de Claudio, Hero, Beatriz, Dom Pedro e Dom João, que depois de tantas paixões, mentiras e traições, acaba tudo bem e a vida recomeça sem mais novidades como dantes, em Messina, na Sicília de 1599.  Se o bardo vivesse em nossos dias e estivesse em São Paulo, poderia escrever para o Netflix “Muito barulho por nada II”, uma série baseada no que viu e ouviu no auditório do Palácio do Morumbi.

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A quinta-feira (1°), antepenúltimo dia para se fechar a janela partidária e encerrar-se o prazo das desincompatibilizações, começou com previsões de tormentas políticas capazes de provocar mudanças no panorama eleitoral do país e implodir de vez o partido que desde 1995 monopoliza o poder na pauliceia, o PSDB.

Já pela madrugada noticia-se que João Dória desiste de ser candidato à presidência da república e pretende continuar governador até o final de seu mandato, em janeiro de 2023. O vice-governador Rodrigo Garcia considera-se traído pois tinha a promessa de assumir agora o governo e candidatar-se à reeleição em 2 de outubro. Garcia, pede demissão do cargo de secretário de Governo, que teria mesmo que abandonar dois dias depois, e anuncia que vai se mudar para o União Brasil.

Ao meio-dia a crise está instalada. Dória é que se sente vítima de uma traição generalizada: o governador gaúcho, Eduardo Leite, a quem Dória derrotou (54% x 44%) em prévia realizada em 2021, declara que o resultado da consulta que custou R$ 10 milhões ao fundo partidário, não é uma corrente que amarra o partido ante novos  desafios e soluções.

O senador Tasso Jereissati e o deputado Aécio Neves aconselham Leite a recusar o convite de Gilberto Kassab para ser presidenciável pelo PSD e continuar tucano, pois até a convenção o PSDB perceberá que Dória não cresce nas pesquisas.  O presidente do partido, deputado Bruno Araújo, dá entrevista em que subscreve que o resultado da consulta de 27 de novembro do ano passado pode ser revogado pela convenção em julho.

Governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que decidiu ficar no PSDB. Crédito: Itamar Aguiar (Palácio Piratini)

O vice-governador Rodrigo Garcia, que Dória trouxe do DEM para ser candidato à sua sucessão pelo PSDB, dá sinais de que, empossado no Morumbi, vai cuidar de sua própria candidatura e deixar Dória sozinho (Dória fez isso com Geraldo Alckmin na eleição de 2018, uma traição que o levou a apoiar Jair Bolsonaro). Candidatos do PSDB ao governo em outros estados não se entusiasmam com a candidatura presidencial de Dória e a Globonews informa que Raquel Lyra, de Pernambuco, recusa aparecer em fotos ao lado do governador paulista.

Pouco depois do meio-dia, o presidente do PSDB distribui nota de dois parágrafos em que afirma ser Dória o candidato do partido e que a consulta será respeitada, como convém a uma agremiação política que se preza e com lideranças de moral ilibada.

O governador e o vice se reúnem, a sós, por três horas e reaparecem aos abraços – houve beijos também – no auditório do palácio quase às 17 horas.  Segundo Dória, estão presentes 619 prefeitos dos 645 municípios de São Paulo. Dória discursa, lembra o pai, perseguido e exilado pela ditadura militar, faz um balanço (bom, reconheça-se) do seu governo, ergue o braço de Bruno Araújo (constrangido, percebe-se), e  brada à multidão de  funcionários do palácio e assessores de João e Rodrigo que a luta continua e que ambos vão ganhar as eleições que se avizinham. Tudo acaba em roda de samba e Dória sai nos ombros de assessores entusiasmados.

No mesmo dia, enquanto Jair Bolsonaro fazia seu comício na despedida dos ministros e secretários que disputarão eleição, e as forças armadas divulgavam manifesto que atribui propósitos democráticos e civilizatórios ao golpe civil-militar de 1964, Sérgio Moro desiste da candidatura presidencial pelo Podemos, muda de domicílio eleitoral para São Paulo e se declara soldado do União Brasil, o partido saído da fusão do DEM com o PSL. ACM Neto e Ronaldo Caiado declaram em nota que o ex-juiz é bem-vindo mas, como diria Romário, não dá para entrar no ônibus e querer, de cara, lugar na janelinha.

Cai a noite e a impressão que deixou entre os  observadores é que convém aguardar o próximo Datafolha para saber se Dória aparece com mais de 3%. E Eduardo Leite, mantido na lista por precaução, com mais de 2%.

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De janelas e desincompatibilização: PL de Bolsonaro é o partido que mais cresce https://canalmynews.com.br/paulo-totti/de-janelas-e-desincompatibilizacao-pl-de-bolsonaro-e-o-partido-que-mais-cresce/ Fri, 25 Mar 2022 14:43:40 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=26911 Por outro lado, União Brasil perdeu tamanho e peso ao nascer. PL, atual partido de Bolsonaro, sofre guinada com novos nomes.

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Para quem não acredita que já está decidida a eleição presidencial de outubro, esta semana entre 28 de março e 2 de abril pode ser a última a estimular expectativas de mudança. Na segunda-feira (28) acaba a janela partidária e também o prazo de desincompatibilização para quem é titular de cargo executivo e pretende chegar ao legislativo da União ou dos estados.

Conhecido o placar da troca-troca entre deputados e senadores e também o número de governadores, ministros e secretários estaduais dispostos a colocar seu retrato na tela de uma urna, o contexto político continuará quase tão confuso quanto agora, mas oferecerá mais dados para todo tipo de especulação.

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Vai-se saber, por exemplo, se as pesquisas mudarão os partidos, ou – esperança de alguns – se as mudanças mudarão as pesquisas. Pelo que se conhecia na quinta-feira (24) em que escrevo, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, crescia de 42 para 63 deputados. Com isto já se transformava no maior partido da Câmara e esperava, pelo menos, mais cinco adesões até domingo.

O modesto Podemos, do neófito ex-juiz Sergio Moro, perdia dois deputados e dois senadores e ganhava um deputado. Entre o que mais cresce e o que começou a minguar dá para perceber o que pensam os mudancistas sobre o futuro. Bolsonaristas se aglutinam no partido do notório Valdemar da Costa Neto e com isso agradam ao seu candidato a presidente, reforçam a campanha deste pelo país inteiro, e acham que aumentam suas próprias chances de reeleição. Já o Podemos…

A surpresa até agora é o que ocorre com o recém-criado União Brasil (UB), saído do Dem e do PSL com a pretensão de ser o maior partido no Congresso e destinatário do maior fundão eleitoral e o maior tempo de TV e rádio. Acontece que encolheu de tamanho e peso assim que foi gerado, um fenômeno. Feitas as contas, vai acabar em terceiro lugar. Tinha 81 deputados e agora tem 52, a maioria dos 29 fugitivos, originária do PSL, foi se abrigar no guarda-chuva do PL.

O DEM arrastou o senador brasiliense José Reguffe, ex-Podemos, mas perdeu o deputado João Roma, hoje ministro da Cidadania de Bolsonaro. Último reduto dos que ainda pensam na viabilidade da terceira via, o UB continua sem aspirante à presidência à espera de que eventuais aliados, todos menores do que ele, indiquem o concorrente dele (do União) ao palácio do Planalto.

Pernambucana, Maríla Arraes deixou PT. Foto: Vinicius Loures (Câmara dos Deputados)

O PT permanece com a segunda bancada na Câmara. Tinha 54 deputados e vai continuar com eles. Perdeu, entretanto, Marília Arraes em Pernambuco, que, descontente por ter sido preterida na escolha do candidato ao senado, vai concorrer ao governo do estado pelo Solidariedade, uma defecção compensada com o ingresso do senador Fabiano Contarato do Espírito Santo, vindo do Rede.

O PT sempre foi reticente ao ingresso em massa de aderentes. Com zelo cultivado nas suas origens da esquerda radical, o PT não tinha o rigor dos partidos comunistas no recrutamento de filiados, mas andou perto até recentemente. Tais cuidados, aliás, não chegaram a impedir o comportamento que o ministro Antônio Palocci e o senador Delcídio Amaral tiveram ao final dos governos Lula e Dilma.

O Partido Progressista (PP) do presidente da Câmara Arthur Lira e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, perdeu um deputado e ganhou nove. O Republicano (PR), outro governista , ganhou oito e perdeu 1. Ingressaram no PR os ministros Damares Alves e Tarcísio Freitas.

O PSD de Gilberto Kassab tinha um placar de quatro a dois a seu favor até o dia 24, mas ainda confiava na filiação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para oferecer-lhe a candidatura a presidente. Essa tão comentada saída de Leite do PSDB recebia menos apostas na quinta-feira do que nas semanas anteriores. A presença do gaúcho na lista de candidatos seria possivelmente a mais importante novidade no atual panorama eleitoral.

Na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, no cenário sem João Dória (PSDB), Eduardo Leite aparece com 1%. Lula mantém a liderança com 43% dos votos, no primeiro turno. Seguem-se Bolsonaro, 26%; Sergio Moro, 8%; Ciro Gomes, 6%; João Doria, 2% (cenário sem Leite); Janones (Avante) 2%; Vera Lúcia (PSTU), 1%; Simone Tebet, 1%; Felipe D’Ávila (Novo), 1%; Em branco/nulo/nenhum: 6%; Não sabem: 2%.

Como acontecia com o Santos no auge da dupla Pelé – Coutinho, o empolgante neste campeonato será a disputa pelo segundo ou terceiro lugar.

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PT na Bahia: sem Jaques Wagner, consolida-se favoritismo de ACM Neto https://canalmynews.com.br/paulo-totti/pt-na-bahia-sem-wagner-candidato-a-governador-consolida-se-favoritismo-de-acm-neto/ Mon, 14 Mar 2022 13:39:43 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=26448 Lula é que terá de conseguir votos para o Partido dos Trabalhadores (PT) em solo baiano, já que Jaques Wagner desistiu da corrida eleitoral. Expectativa é que favorito seja ACM Neto (União Brasil).

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Quarto colégio eleitoral do Brasil, a Bahia contribuiu durante 16 anos ao bom desempenho do PT nacionalmente. Mesmo em 2018, quando Jair Bolsonaro derrotou Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial, o candidato do PT alcançou na Bahia 72,69%. Na mesma eleição, Rui Costa, também do PT, se reelegeu governador no primeiro turno com 75,5% dos votos contra Zé Ronaldo, do DEM (22,26%). No entanto, nenhum desses impressionantes números se repetirá este ano.

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Pequena será a contribuição dos petistas baianos na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente. As pesquisas indicam vitória de Lula na Bahia, mas a margem será bem mais modesta da que favoreceu Haddad há quatro anos. Lula é que terá de esforçar-se, e muito, para que seu prestígio penetre fundo na política do estado e ajude o PT a ter pelo menos uma votação razoável para governador, senador e deputados federais e estaduais.

Uma vitória geral, tipo barba, cabelo e bigode, será difícil. Essa era uma possibilidade até o dia em que, para surpresa geral, o senador Jaques Wagner anunciou a desistência de sua candidatura ao governo do estado. A partir daí, o PT da Bahia percebeu que não tem mais puxadores de votos. É um deserto de outros políticos com currículo para disputas importantes como a de governador. Sua situação é semelhante à do União Brasil (UB), fusão do DEM com o PSL, em relação à presidência da república – o PT (e seu aliado no estado, PSD) não tem candidatos à exceção de Wagner ou Otto Alencar; o DEM e o PSL não têm candidatos para concorrer com Lula ou Bolsonaro, à exceção de ACM Neto e Ronaldo Caiado.

Como nenhum dos quatro se atreve a concorrer à presidência (UB), ou ao governo (PT), sobra-lhes o recurso a correligionários inexpressivos, sabidamente condenados ao fracasso. São eles o pernambucano Luciano Bivar pelo União Brasil, oriundo do PSL onde era dono da legenda, e Jerônimo Rodrigues, secretário estadual da Educação, pelo PT. O UB, maior partido parlamentar e donatário de mais de um bilhão de reais do fundão eleitoral, tenta fugir à completa desmoralização se, com a improvável aliança com PSDB e MDB, aderir à candidatura de João Dória ou Simone Tebet. Já o PT, na Bahia, escolheu Jerônimo Rodrigues, engenheiro agrônomo natural de Jequié, com ficha isenta de algo desabonador, mas também de notoriedade e acervo eleitoral.

Lula ao lado do atual governador da Bahia Rui Costa (PT) e do senador Jaques Wagner (PT). Foto: Divulgação (Governo da Bahia)

Nessas condições Lula é que terá de conseguir votos para os correligionários subalternos, ao contrário do que vinha acumulando até aqui desde 2006, quando Jaques Wagner, à frente de uma muito bem articulada política de alianças, se elegeu governador pela primeira vez.

Entre os membros dessas alianças mantiveram-se fiéis ao PT políticos filiados ao Partido Progressista (PP), hoje com quatro deputados federais e e nove estaduais. O vice-governador João Leão pertence ao PP e o governador Rui Costa costuma dizer que descobriu no companheiro de chapa, desde a primeira eleição em 2014, não só um aliado fiel mas também um verdadeiro amigo. Ao decidir não concorrer ao senado e continuar governador até o final do mandato, Rui teria descumprido o compromisso de ceder ao vice o Palácio de Ondina por nove meses.

João Leão se considerou traído e seus íntimos dizem que, entre esta segunda (14) e a sexta-feira  (18), trocará o PT pelo apoio a ACM Neto ou ao ministro da Cidadania, João Roma, também do PP, nacionalmente integrado à campanha de Jair Bolsonaro. Jaques pediu perdão pelo esquecimento de consultar Leão na hora do PT decidir se Rui continuaria ou não no governo até janeiro de 2023. O senador chegou a chamá-lo carinhosamente de “Leãozinho”. Parece que não adiantou. Nos bastidores do PT, contudo, afirma-se que Rui decidiu não se desincompatibilizar para impedir que Leão, um bolsonarista em potencial, assumisse o governo durante o período eleitoral.

Outro problema que o PT enfrenta na Bahia é o senador Otto Alencar, igualmente aliado desde 2014. O partido de Otto, PSD, prometeu votar em Lula só no segundo turno, mas seu líder nacional, Gilberto Kassab, quer atrair para o primeiro turno Eduardo Leite, a um passo de tornar-se ex-PSDB. Mas Leite vacila, pois, entre outras razões, gostaria de ter um partido para levá-lo ao segundo turno. E, sem dúvida, apoiá-lo na rodada final da eleição.

Ao contrário do que ocorre com João Dória (PSDB), Sergio Moro (Podemos) e até com Ciro Gomes (PDT), concorrer para ser apenas o melhor colocado entre os aspirantes da derrotada terceira via não empolga o governador gaúcho – a não ser, é claro, o zumbido de uma sedutora mosca azul. Quando Wagner era o candidato a governador e Rui Costa a senador, o PT pensava em Otto Alencar para suplente de Rui.
Agora, o próprio Alencar ainda não sabe se será apoiado para a reeleição.

Lula, evidentemente, não contava com tais problemas. Estava prevista a ida a Salvador no domingo (13), para participar do festivo lançamento de Wagner para governador. A viagem foi adiada e ainda não se sabe quando o líder nacional será apresentado a Jerônimo Rodrigues. O certo por enquanto é que uma vitória de Jerônimo contra Neto é tão improvável quanto a de Volodymyr Zelensky contra Vladimir Putin.

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Problemas para o PT na Bahia: desistência de Wagner deixa partido sem candidato https://canalmynews.com.br/paulo-totti/problemas-para-o-pt-na-bahia-desistencia-de-wagner-deixa-partido-sem-candidato/ Fri, 04 Mar 2022 12:38:43 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=25390 Senador Jaques Wagner desistiu da intenção de concorrer ao governo baiano. Partido dos Trabalhadores no estado está sem opções no horizonte e cogita apoiar candidatura de Otto Alencar (PSD).

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A desistência do senador Jaques Wagner de concorrer ao governo da Bahia pode acelerar a aliança nacional do PT com o PSD e fortalecer as chances de Lula ganhar a eleição para presidente no primeiro turno. Mas cria desde já sérios problemas para o PT baiano que ainda não sabe quem e como escolher o substituto de Wagner.

O PT não tem um nome expressivo para a missão e a solução seria adotar a candidatura de Otto Alencar, senador do PSD, hoje em final de mandato, e aliado confiável desde 2010 quando se elegeu vice-governador na chapa do próprio Wagner. Em 2014 foi eleito senador, com apoio do PT, do PSD e mais seis partidos, ao derrotar Geddel Vieira Lima (PMDB) e Eliana Calmon (PSB).

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Ao adotá-lo como candidato na Bahia, Lula terá nova oportunidade de tentar convencer o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, dono do PSD, a antecipar em 28 dias (para 2 de outubro) o voto só prometido para o segundo turno, no dia 30. Com mais um candidato a governador, o PSD poderia conquistar mais votos para sua bancada na Câmara.

As razões da desistência de Wagner não foram totalmente esclarecidas. Aos íntimos, Wagner disse que está “sem tesão” para a campanha e também para ocupar por mais quatro anos o Palácio de Ondina, onde morou de 2011 a 2019. Por seu estilo pessoal nunca pareceu muito emocionado com o que lhe acontecesse na vida, para o bem ou para o mal. Os adversários chegam a acusá-lo de preguiçoso, mas a maioria dos baianos, admiradores do temperamento semelhante de Dorival Caymmi, nunca negou a Wagner a simpatia e o voto.

O contrário estava para acontecer agora na eleição para governador. O preferido pelos baianos é o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), tão implacável inimigo do PT quanto seu avô, Antônio Carlos Magalhães. A vitória de Neto parece tão real quanto a de Lula, como apontam as últimas pesquisas realizadas na Bahia: ACM, 45%, Wagner, 30%; Lula, 52%, Jair Bolsonaro (PL), 23%. O candidato de Bolsonaro a governador, João Roma, ministro da Cidadania, não vai além dos 10%.

Senador Otto Alencar (PSD) é um dos nomes cotados para receber apoio do PT na Bahia. Foto: Wilson Dias (Agência Brasil)

O receio de perder foi a real razão para Wagner preferir a tranquila vida de senador por mais quatro anos. Na eleição passada para governador, quem fugiu foi Neto, que não se atreveu a enfrentar Ruy Costa (PT), candidato à reeleição. Se Otto concorrer a governador, estará aberto o caminho para Ruy Costa sair candidato a senador.

Nas duas últimas eleições para prefeito em Salvador, o PT percebeu que não teria chances respectivamente de derrotar Neto, candidato à reeleição, ou Bruno Reis, apoiado por Neto, e transferiu ao PCdoB a responsabilidade de perder nas duas oportunidades.

Agora, o problema estará criado se Otto também não quiser enfrentar Neto diretamente. Quando seu nome aparece nas pesquisas como candidato em lugar de Wagner, Neto sobe para 48% e o senador do PSD não chega aos 20%.

Este é o mês em que o PT terá de definir-se, pois desde a última semana de fevereiro está aberta, até 1º de abril, a permissão para deputados e senadores mudarem de partido e Ruy Costa terá que se desincompatibilizar, também até abril, se quiser ser candidato a algum posto, pois não pode mais se reeleger.

O senador Otto Alencar só apareceu nacionalmente com mais destaque durante a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Covid-19, mas na internet há registros de participação no senado que mostram seu alinhamento com o PT. Em 2016, ele votou contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Em 2017, votou contra a reforma trabalhista, e no mesmo ano votou contra a manutenção do mandato do senador Aécio Neves (PSDB), acusado de receber propina do empresário Joesley Batista. Já em 2019, votou contra o Decreto das Armas de Bolsonaro que flexibilizava porte e posse de armas para o cidadão. Só não acompanhou o PT ao votar a favor do teto de gastos.

Há um mês ninguém na Bahia acreditava que o PT teria tantos problemas para consolidar sua aliança com o PSD como está tendo em São Paulo com o PSB.

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O presidente não entende de diplomacia e o ministro não o impede de dizer bobagens https://canalmynews.com.br/paulo-totti/o-presidente-nao-entende-de-diplomacia-e-o-ministro-nao-o-impede-de-dizer-bobagens/ Sat, 26 Feb 2022 15:05:44 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=24767 O prepotente e autoritário Bolsonaro decidiu mandar sozinho no Itamaraty

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Escrevo ao anoitecer de quinta-feira, 24, e até agora não sei como o Brasil se posiciona ante a guerra no Leste Europeu. O presidente Jair Bolsonaro, em Moscou na semana passada, disse que se solidarizava com o “irmão” Vladimir Putin. E, agora, diante do mundo que se levanta em protesto contra a escandalosa invasão – flagrante desacato ao estabelecido na Carta das Nações Unidas – o mambembe tzar brasileiro não sabe o que dizer. Esteve duas vezes em público, no cercadinho do Alvorada e na inauguração de um arremedo de obra pública no interior de São Paulo. Falou até de futebol (a camiseta vermelha que ostentava era do América, time da cidade) mas nada sobre a guerra.

“Putin escolheu a guerra”, disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, 16 horas depois de a Rússia invadir a Ucrânia por terra, mar e ar. “Bolsonaro escolheu seu irmão”, diria o mesmo Biden se, em meio às atribulações causadas por Putin, tivesse tempo de preocupar-se com o Brasil e com o ex-capitão. Este, aliás, ocupado com a difícil reeleição, também não se preocupou em providenciar previamente a proteção dos cidadãos brasileiros esquecidos em Kiev e outras cidades, especialmente jovens jogadores de futebol. Na semana anterior à invasão, o embaixador brasileiro, Nestor Rapesta, declarou diversas vezes à Globonews que a situação era tranquila e seus compatriotas não corriam perigo.

O mutismo de Bolsonaro, até agora, não é surpresa. Ele nada entende de política internacional (política nacional também não, como tem demonstrado nos três anos e dois meses de governo. Afinal, de que entende sua excelência?). Em Moscou falou por falar, por estar sem assunto ou inebriado por sentar-se meio metro ao lado de Putin, sem ter de respeitar a distância destinada a Emmanuel Macron e Olaf Scholz, políticos europeus que certamente considera de menor expressão.

Jair Bolsonaro em visita à Rússia.

Jair Bolsonaro em visita à Rússia. Foto: Alan Santos/PR (Flickr)

Outros brasileiros exerceram a presidência ou o ministério de Relações Exteriores sem dominar a prática da diplomacia, entre eles, Itamar Franco e Olavo Setúbal. Mas se socorriam da competência de profissionais da casa de Rio Branco.

O prepotente e autoritário Bolsonaro decidiu mandar sozinho no Itamaraty e estreou na chefia de governo querendo fazer de seu filho o embaixador do Brasil em Washington. “Eduardo morou nos Estados Unidos e aprendeu a fritar hambúrguer”. Com tais atributos reunia méritos para a função. Felizmente, a ideia foi abortada pela oposição no Senado. Mas sobreviveram um dinossauro na chancelaria e Filipe Martins na assessoria especial. Este último continua assessor com o único mérito explícito de ter intimidade com o cumprimento secreto dos supremacistas brancos americanos.

Ainda não está muito claro o que Bolsonaro foi fazer em Moscou. E também, no dia seguinte, o que foi fazer em Budapeste, a não ser para um abraço afetuoso em seu companheiro de extremismo Viktor Orbán, ou acompanhar o filho Carluxo em visita ao grupo neonazista, o ucraniano Right Sector (denominação em inglês), que desfilou nas avenidas de Brasília durante as manifestações de bolsonaristas com uma faixa que revelava suas pretensões: “Ucranizar o Brasil”.

Quase às 20 horas desta quinta, o presidente apareceu ao lado do ministro do Exterior, Carlos Alberto França, não para condenar a invasão ou mais uma vez confirmar a solidariedade a Putin (ou, ainda, lamentar que a Ucrânia tenha sido largada sozinha nesta guerra, apesar de muito discurso e ameaças com sanções cujas consequências só se conhecerão daqui a um ano). Bolsonaro veio a público para desautorizar o vice, general Hamilton Mourão, que, pela manhã, declarara que “o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano”. Bolsonaro foi categórico: “Quero deixar bem claro que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final”. Em outro momento, o presidente disse que, autorizados por ele, só o ministro França ou o ministro Braga Neto, da Defesa, poderiam falar ”sobre esse assunto”.

Como se percebe, o Brasil está à deriva, perdido num mar de incompetências. Sem governo para enfrentar as crises internas e sem chanceler para impedir o presidente de dizer bobagens comprometedoras. O chanceler, por sinal, é outro paspalhão. Melhor do que o antecessor, é verdade. Mas qual é a vantagem de ser um pouco melhor do que Ernesto Araújo?

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Mambembe e perigoso, Bolsonaro pode ir além de seu mestre Donald Trump https://canalmynews.com.br/paulo-totti/mambembe-e-perigoso-bolsonaro-pode-ir-alem-de-seu-mestre-donald-trump/ Fri, 18 Feb 2022 20:39:46 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=24137 Ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luís Roberto Barroso classificou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de 'reprodução mambembe' de Donald Trump.

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Ao despedir-se na quinta-feira (17) da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso classificou, sem citar-lhe o nome, o presidente Jair Bolsonaro (PL) de “reprodução mambembe” de Donald Trump. O apropriado perfil político e mental do ex-capitão seria perfeito se viesse acompanhado de mais um adjetivo: “perigoso”. Mambembe, segundo os dicionários, aplica-se a circos e indivíduos ruins, medíocres, inferiores, insignificantes, ordinários, reles. Atribuída a Bolsonaro, a qualificação chega a aproximar-se do atenuante, pois mais do que a ausência de caráter, o mambembe no caso poderia ter desculpável origem no ambiente familiar. Bolsonaro influencia seus filhos ou são os filhos que influenciam Bolsonaro?

“Perigoso”, que embute o “mentiroso” em seu significado, define o medíocre que é cópia fajuta do ídolo, mas adiciona a intenção de segui-lo e, por incrível que pareça, tem aparentemente mais poder para concretizar os malfeitos que ao mestre não foram permitidos. Bolsonaro se considera mais poderoso do que Trump. O perigoso é que isto pode ser sua única verdade.

Vejamos as coincidências. Bolsonaro e Trump (e também o execrável Viktor Orbán, da Hungria, como o Brasil soube esta semana) comungam de um deus raivoso, que odeia costumes modernos e condenaria ao inferno o papa Francisco; chamam de pátria amada a pátria que desconsidera como patrícios os cidadãos de seu próprio país, se forem pobres, gente que pensa e age diferente na política, na orientação sexual, na atividade cultural; ambos não se comovem com o sofrimento da família que não tem o que comer a não ser a migalha da mendicância e que não tem onde morar a não ser na encosta de um morro frágil, e, enfim, exaltam a liberdade revelada nas estatísticas do sistema que livra os brancos ricos da prisão e superlota os presídios de negros e brancos pobres.

Trump e Bolsonaro em aperto de mãos. Foto: Alan Santos (PR)

Trump e Bolsonaro mentem compulsivamente. Trump foi o presidente que mais mentiu durante o mandato. Fez “pelo menos uma afirmação falsa ou tendenciosa em 91 dos seus primeiros 99 dias de governo”, segundo The New York Times. The Washington Post contou 1.318 mentiras nos primeiros 263 dias na Casa Branca. O mesmo jornal publicou que, até novembro de 2020, três meses antes de encerrar o mandato, Trump “fez pelo menos 29.508 alegações enganosas ou falsas”.

No Brasil, os jornais não chegaram a detalhes da falácia presidencial, mas – exemplo recente – meia dúzia de mentiras foram ditas em dois dias de visita oficial a Moscou e a Budapest. Bolsonaro mente no exterior e no Brasil, nas lives transmitidas pelas TVs amigas e no cercadinho, ou curral, do Alvorada. Em Moscou foi além: considerou “coincidência ou não” a fake news divulgada pelos bolsonaristas de que a retirada de alguns soldados russos da fronteira com a Ucrânia se deveu à intermediação do presidente brasileiro. Na campanha eleitoral se dirá que Bolsonaro salvou o planeta da terceira guerra mundial.

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Presidente Jair Bolsonaro em live semanal. Foto: Reprodução (Redes sociais).

Como Trump a insistir sem provas que a vitória de Joe Biden foi uma fraude, Bolsonaro vem numa escalada de acusações ao processo eleitoral brasileiro, tachando-o de manipulado por seus inimigos – “o TSE já tem candidato”. A diferença é que, se Trump fracassou ao tentar o golpe na invasão do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, Bolsonaro pode tentar o mesmo após uma provável derrota a 2 de outubro – ou antes, se medrar antecipadamente a esperança de ganhar. Um de seus filhos já disse que bastam um jipe, um cabo e três soldados para fechar o STF. E o pai acrescentou que a democracia brasileira sobrevive porque as Forças Armadas fazem-nos essa concessão. Como concessão, pode ser suspensa ou cassada a qualquer momento.

A Marinha já demonstrou como se pode ocupar militarmente Brasília ao desfilar com tanques e blindados pela esplanada dos ministérios. A Força Aérea Brasileira (FAB), por enquanto, só ameaçou as janelas do STF com voos rasantes de seus caças. E o Exército, sob comando de um general picado pela mosca azul da vice-presidência, exigiu explicações sobre o processo eleitoral, como se a Constituição lhe desse direito a tal intromissão. Com isso, ensejou mais uma mentira televisa do presidente.

Os ministros Barroso e Edson Fachin, do alto de seus poderes morais, asseguraram que haverá eleições e que o resultado será respeitado. Que assim seja, pelo bem de nossa democracia. Mas permitam-me depositar cautela nesse otimismo.

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Macho é o cara que vai ao lugar de onde todo mundo está querendo sair https://canalmynews.com.br/paulo-totti/macho-e-o-cara-que-vai-ao-lugar-de-onde-todo-mundo-esta-querendo-sair/ Mon, 14 Feb 2022 19:47:24 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=23853 Paulo Totti discute casos de 'autoridades que abandonam seu local de trabalho e tomam destinos inesperados e inexplicáveis'. Enquanto isso, articulações políticas se montam no país em ano de eleição.

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A vida em Brasília deve estar mesmo muito difícil, insuportável. Quem pode foge do Distrito Federal, mesmo que por uns poucos dias. Autoridades abandonam seu local de trabalho e tomam destinos inesperados e inexplicáveis. O presidente, por exemplo, vai para Moscou no auge do inverno russo. Em Brasília faz calor, mas no Palácio da Alvorada, onde, a esta altura do ocaso de gestão, o cafezinho pode ser frio, mas não acredito que o ar-condicionado deu defeito e não se saiba onde anda o sargento de serviços gerais.

O presidente já mostrou que é homem valente, por gênese e por formação militar. Não o abateu a gripezinha que atingiu o país em 2020 e não será impedido de fazer o que quer por causa da hipótese de uma guerrinha como essa da Rússia com os Estados Unidos por causa da… “Ô, Felipe, como é o nome daquele paisinho de nome difícil?… Sim, sim, Ucranhas, claro. [A viagem pode ser suspensa de última hora, como aconteceu em 7 de setembro, quando foi abortado algo que parecia a preparação de um golpe.]

O secretário especial de Cultura é outro exemplo. Cansado de nada fazer no planalto central, além de “dezimar as mamatas” da Lei Rouanet, resolveu viajar para Nova York. Já que lá estava, foi visitar o amigo Renzo Gracie e colher subsídios para um projeto cultural “que envolve audiovisual, cultura e esporte”. Levou um assessor para não se perder sozinho na grande cidade. Reclamaram que a missão da dupla custou quase R$ 80 mil ao erário. O que é que vocês queriam? Que ele fosse de Uber?

Secretário da Cultura Mario Frias ao lado do lutador de jiu-jítsu Renzo Gracie. Foto: Reprodução (Twitter)

​E o que dizer do candidato a presidente Sergio Moro? Saiu de Brasília e foi passar um dia em Teresina, onde o calor é tanto que os hotéis não precisam instalar água quente nos chuveiros. Viajou 1.314 quilômetros em linha reta e só 30 pessoas foram ouvi-lo. Uma delas, bolsonarista. E desaforado.

Enquanto isso ocorre e merece destaque na mídia, os partidos se envolvem em negociações intermináveis para formação das federações previstas em lei e agora com prazo fixado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre elas, as que mais têm reais chances de acontecer de imediato são a do PSOL com a Rede, ambos em grande parte formados por antigos dissidentes do PT, e a do PSDB com o Cidadania, unidos desde que o PT nasceu há 40 anos. A do PT com PSB, PCdoB e PV, que parecia a mais provável e sólida, está travada por desentendimentos regionais, notadamente o de São Paulo, onde Márcio França quer sair candidato a governador sem esperar se as pesquisas confirmarão Haddad como o preferido pelos eleitores.​

Melancólica é a situação do PSDB, reduzido a pouca representação parlamentar e dirigentes desconhecidos, dividido antes, durante e depois da prévia que deveria indicar o candidato à sucessão de Bolsonaro. Até se fala em anular a prévia, situação que não será novidade na história do partido, que já foi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedir a anulação da vitória do PT na eleição presidencial de 2014. PSDB e MDB conversam sobre o futuro, mas o MDB parece mais interessado em casar-se com o recém-criado União Brasil, maior bancada da Câmara, mas um deserto de gente em condições de candidatar-se e ganhar a eleição.

​No governo, fala-se muito pouco em formar federação, certamente porque o Centrão já é uma federação. E o que acontece com o PSD e o PDT? Gilberto Kassab quer voo solo por enquanto à espera da janela partidária em março, quando é permitido mudar de legenda, mas antecipou que vota em Lula. E do PDT de Ciro Gomes? Este procura votos e o partido, parceiros.

Se o Brasil não tivesse um beócio no ministério da Educação e um sociopata na presidência, estaríamos agora ocupados na execução de um ambicioso plano nacional de recuperação do tempo perdido nas escolas durante a pandemia.

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A coisa certa https://canalmynews.com.br/paulo-totti/a-coisa-certa-guerra-eleitoral/ Fri, 04 Feb 2022 17:30:40 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=23540 A guerra eleitoral de 2022 não é a mesma de 2018

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Winston Churchill em sua “Memórias da Segunda Guerra Mundial”, conta que ao assumir em 1940 o cargo de primeiro ministro acumulado com o de ministro da Defesa, dizia-se como piada que, até ali, o governo de Sua Majestade costumava preparar-se para as guerras passadas e não para a futura, que já estava para começar. No Brasil dos nossos tempos a guerra é política e parece que dois ilustres candidatos à presidência estão muito bem armados para a campanha passada, a de 2018, não para a do próximo 2 de outubro, praticamente depois de amanhã.

São eles Jair Messias Bolsonaro e Sérgio Fernando Moro. O primeiro, veterano de sete mandatos como deputado federal, faz guerra pública ao comunismo desde 1991. Até então, pelo que sabemos, a beligerância era voltada contra o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE). O movimento que Bolsonaro idolatra e do qual não participou por causa da idade, levantou-se contra o comunismo em 1964, quando nem os comunistas pensavam, ou desejavam, que o governo de João Goulart fosse, ou devesse ser, comunista. Ao derrotar Fernando Haddad há quatro anos, o comunismo foi mais uma vez combatido como prioridade, apesar de Haddad não ser comunista e o comunismo já ter deixado de existir. Na guerra atual, o inimigo ainda é o comunismo, uma ameaça tão velha e fantástica quanto, na minha terra, a lenda de Teiniaguá, a Salamandra de Jarau. No cercadinho do Palácio da Alvorada e dali espalhados pelo Brasil em conexão de ilegais robôs cibernéticos, voltarão a chamar o adversário de “Nove dedos” e a inventar que João Pedro Stedile, líder do MST, vai mandar no agronegócio. Em São Paulo, repetirão que Haddad, se eleito, substituirá a educação física pelo homossexualismo no currículo do ensino médio.

A guerra para alcançar o Palácio do Planalto precisa ser atualizada. Foto: Pixabay

O Bolsonaro de 2022 desembainhará novamente a espada da anticorrupção e invocará a seriedade da tradição militar para o combate. Neste particular o propósito será decepcionante, pois o eleitor, desiludido com o falso salvador da pátria, já percebeu que a seriedade era um engodo e que, por exemplo, a ocupação fardada do ministério da Saúde resultou na criminosa fuzarca que todos conhecemos. O exército, que um dia adotou a ciência como primado de sua cultura e por isso chegou a ser exageradamente chamado de positivista, acoberta hoje e por mais um século os malfeitos de um general chegado ao terraplanismo.

Não é isso que o leitor de agora quer e as pesquisas já estão a demonstrar. O eleitor quer emprego, comida na mesa, assistência médica com gratuidade estendida aos medicamentos, opção de morar longe de encostas que desabam, avenidas, estradas e linhas de metrô sem crateras no meio do caminho, Amazônia e Pantanal protegidos contra desmatamento e incêndios. Um país, enfim, sem discriminação odiosa de raça, cor e gênero, e, como anunciou o eleito no Chile, com um governo que não declare guerra a seu próprio povo.

O ex-juiz Moro, cristão novo da política, é o outro que aparece municiado para a guerra que já passou. Em 2018, os eleitores, embalados talvez pelo ainda mal estudado movimento de massas de 2013, esperavam, até exigiam, a chegada do outsider, alguém vindo de fora para exorcizar a política, expurgá-la de todos os maus costumes, entre eles o da corrupção. Com essa mensagem e 57,79 milhões de votos (55,13% dos válidos), Bolsonaro ocupou o espaço. Deu no que deu. A mensagem convincente, que emerge destes tristes tempos de pandemia, mira a mitigação das iniquidades, o caminho que conduza ao fim de um mundo desigual. Lembrete histórico: Churchill, com apoio de Franklin Delano Roosevelt, rearmou a Inglaterra e animou Londres à sobrevivência, dias e noites, ante a novidade das bombas voadoras de Hitler. Nosso exército fez a coisa certa: foi à guerra ao lado de Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética.

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Moro ajuda Lula https://canalmynews.com.br/sem-categoria/moro-ajuda-lula/ Thu, 27 Jan 2022 19:18:52 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=23292 Menos de dois anos depois, Lula e Moro (Podemos) enfrentam-se novamente. Agora, o confronto será nas urnas

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Na noite de 7 de abril de 2018, o g1, portal da Rede Globo, registrava assim a prisão de Lula (PT) em São Bernardo do Campo: “O ex-presidente saiu a pé da sede do sindicato às 18h42 e caminhou até um prédio próximo, onde equipes da PF o aguardavam. Ele entrou no carro da PF às 18h47. A saída teve de ser feita dessa maneira porque, às 17h, Lula tentou sair de carro, mas foi impedido pela militância. O comboio seguiu por vias de São Bernardo e de São Paulo até a Superintendência da Polícia Federal, na Lapa, Zona Oeste (da capital do estado), onde chegou às 19h44”.

Médicos do IML realizaram o exame de corpo delito e um helicóptero da Polícia Militar levou Lula ao Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul. Prossegue o g1: “O monomotor turboélice, de pequeno porte, prefixo PR-AAC, pertencente à própria PF, decolou com Lula às 20h46 e chegou a Curitiba às 22h01”.

Em Curitiba, na mesma noite, o juiz da 13ª Vara Federal, Sergio Fernando Moro, ligou para Deltan Dallagnol: “Já está na PF de Curitiba. Preso. Parabéns”. Respondeu o chefe dos procuradores da PGR: “Parabéns a você”. (Diálogo colhido entre as probabilidades comprováveis)

Mora condenara o ex-líder metalúrgico a 12 anos e 11 meses de prisão – caso do triplex de Guarujá – , sentença confirmada pela corte de segunda instância – o TRF4, em Porto Alegre – e perdia o direito de concorrer à presidência seis meses adiante.

Passados 580 dias, todas Tvs e rádios noticiaram que, às 17h34 de 8 de novembro de 2019, uma sexta-feira, Lula saiu livre da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, No dia anterior, o Supremo Tribunal Federal considerara inconstitucionais as prisões sem processo inteiramente passado em julgado.

Menos de dois anos depois, Lula e Moro (Podemos) enfrentam-se novamente. Desta vez, o paranaense de Maringá já não mais veste toga e a “sublime convicção” não lhe será suficiente para enviar o ex-sertanejo de Garanhuns de volta ao mundo dos excluídos.

Colocados ambos na posição de igualdade, o pernambucano saltou na liderança das pesquisas, e mais, o paranaense vai ajudá-lo a chegar com mais facilidade ao Palácio do Planalto. A vida e a política oferecem-nos irônicas surpresas.

Se não, vejamos. O principal adversário de Lula é Jair Bolsonaro (hoie no PL). Ambos são os contendores do segundo turno. Moro, se continuar à frente do pelotão dos menos votados Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB), Simone Tebet (MDB), Rodrigo. Pacheco (PSD), terá de crescer muito para derrotar pelo menos um dos favoritos no primeiro turno. Bolsonaro é o que lhe está mais próximo. É o adversário a ser batido. Bolsonaro e Moro já estiveram juntos, têm aproximação no que reverenciam e também no que detestam. Mas um conseguirá sobreviver com o que abocanhar do prato eleitoral do outro ou não deixar o outro desfalcar o seu. Moro, por enquanto, tem menos força que Bolsonaro, é estreante nessa guerra sem quartel e sem escrúpulos, dificilmente vencerá, mas na derrota levará o consolo dos votos que poderão faltar a Bolsonaro para competir com Lula, desde agora decidido a levar Geraldo Alckmin como companheiro. Lula já percebeu o involuntário papel de Moro e se verá que, em breve, os ataques petistas a Moro não serão tantos nem tão ácidos. Este é um cenário da eleição antevista com a distância de sete meses e pouco.

Há outro caminho a ser tentado por Moro. O ex-juiz pode encontrar acolhida no oferecimento que fez para candidatar-se pelo União Brasil, fusão do Dem com o PSL, um futuro partido com maior bancada, mais dinheiro e mais tempo de TV e de rádio do que todos os outros, mas carente de quadros próprios para lançar à presidência. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta não se candidatam. E não querem Moro como seu candidato. Acostumados a mandar, os dois primeiros só estarão tranquilos com quem já conhecem e sabem que nele poderão confiar. Até completar a chapa do UB está complicado. O presidente do atual PSL, o inexpressivo Luciano Bivar, já disse que a fusão só existe porque ele será o vice.

Se o acordo não sair e as chances de fortalecer-se sozinho o decepcionarem, Moro, para conseguir um mandato, terá de apressar-se, pois não será governador do Paraná face à quase certa reeleição de Ratinho Júnior. Neste ano, só um senador será eleito por estado, e Álvaro Dias, um dos patronos de Moro, também não abre mão da reeleição. Restará a candidatura a deputado. Mas isto é pouco para quem se crê predestinado a governar o Brasil e purificar sua política e seus costumes. Moro é por demais noviço na política para seguir o exemplo do ex-governador Aécio Neves, que se contentou com o mandato de deputado, ou de Eduardo Suplicy e César Maia, respectivamente ex-senador e ex-governador e agora vereadores em São Paulo e no Rio.

Em tempo, Dallagnol será deputado federal (bem votado) no Paraná.

 

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É como na corrida de São Silvestre https://canalmynews.com.br/paulo-totti/e-como-na-corrida-de-sao-silvestre/ Wed, 19 Jan 2022 17:28:19 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=23063 Como os números da disputa presidencial podem direcionar as posturas e estratégias para tocar primeiro na linha de chegada

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Enquanto a pandemia avança implacável, inabalável, o governo já bate dois dígitos de inflação em 12 meses (10,06%), e a Petrobrás anuncia novos preços da gasolina, do diesel e do gás natural, a campanha presidencial faz uma pausa à espera da volta da atividade parlamentar em fevereiro. Mas a situação eleitoral não mudou e bolsonaristas começam a temer que nada ou muito pouco mudará até 2 de outubro. Só foi generosa com o PT a pré-estréia da campanha em dezembro, quando todos os principais partidos, à exceção da fusão Dem-PSL, tornaram públicos os que pensam ser seus mais expressivos nomes. Lula saiu na frente em todas as regiões do país e em todas as categorias de renda e parcelas etárias.

É como na Corrida de São Silvestre, Um atleta que largou junto dos outros na Avenida Paulista, esquina com Ministro Rocha, já chegou a Higienópolis; seu escudeiro anda pelo Museu do Futebol e o imensurável pelotão de retardatários – todos os demais – apenas atingiu o Instituto do Coração. A velocidade que o líder desenvolve parece a do etíope Belay Bezabh, vencedor de ponta a ponta na última corrida, e não a do conhecido “Coelho”, que costuma sair na liderança em desabalada carreira, mas logo cansa e abandona a disputa, satisfeito por ter recebido um punhado de aplausos.

Até agora, o favorito Lula da Silva tem 48% das apostas no último Datafolha Os demais, aí incluído o próprio Jair Bolsonaro (22%), mais Sergio Moro (9%), Ciro Gomes (7%), João Dória (4%), Simone Tebet (1%) e Rodrigo Pacheco (1%) somam apenas 44%. Não pontuam Alessandro Vieira, Aldo Rebelo e Felipe D’Ávila. Noves fora os brancos e nulos, se o ritmo futuro for o mesmo de agora, Lula chegará sozinho, rápido e folgadamente, à frente do prédio da Fundação Casper Líbero, na volta à Avenida Paulista.

É a maioria absoluta, obtida na primeira volta da corrida, como se não existisse outra. Pesquisa mais recente, da mineira Quaest, confirma o levantamento do Data Folha: Lula, 45%; Bolsonaro, 23%; Moro, 9%; Ciro,5%; Dória, 3% ;Tebet, 1%. Os demais não pontuaram]

É claro que uma corrida de marmanjos pelo centro de São Paulo não tem a mesma importância e nem a mesma seriedade de uma sucessão presidencial, mas para quem conhece São Paulo é fácil entender a magnanimidade das diferenças desenhadas no mapa da cidade. Quem não conhece entenderá os números.

Antes de permitir que estas constatações, apenas retóricas e metafóricas, se transformem em dura realidade nos próximos nove meses, ilustres líderes do Centrão – excluídos os descerebrados do “cercadinho” – passam a pensar em mudar o tom das manifestações presidenciais, a admitir – por enquanto reservadamente – que comportamentos recentes como o da sabotagem à vacinação infantil ou o da caluniosa insinuação de que a Anvisa serve a interesses inconfessáveis, mais prejudicam do que contribuem à conquista de votos para manter Bolsonaro na presidência até 2026.

O recesso parlamentar faz com que sugestões de mudança de rumos sejam apenas murmuradas, mas a partir de fevereiro poderão ficar mais explícitas. E terá chegado o momento de o próprio Centrão oficializar seu desconforto. Este é um agrupamento político que se mantém fiel ao aliado mas se recusa a acompanhá-lo até o inferno.

A partir de resultados nas pesquisas que reprisem o observado hoje, outros setores do bolsonarismo poderão defender a mesma posição, entre eles estamentos militares mais civilizados (a gente não comprova que existam, mas certamente existirão, em nome de Jesus). Se os setores mais serenos do bolsonarismo (que também existirão, benditos sejam) mudarem a campanha, mostrarem que querem resolver as disputas na supremacia do voto, embora sua vitória seja uma ilusão no estágio atual da composição de forças, nossa frágil democracia estará salva.

Se nada mudar, é por que Bolsonaro já desistiu de ganhar a eleição. E é no golpe que pensa e se prepara.

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Teto furado era lindo https://canalmynews.com.br/paulo-totti/teto-furado-era-lindo/ Wed, 19 Jan 2022 17:15:51 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=23058 A semana começou com duas boas razões para candidatos e eleitores refletirem acerca da pandemia resiliente e suas consequências sobre o Brasil, há séculos mergulhado na tragédia das desigualdades regionais, de renda, de raça, de gênero.

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A semana começou com duas boas razões para candidatos e eleitores refletirem acerca da pandemia resiliente e suas consequências sobre o Brasil, há séculos mergulhado na tragédia das desigualdades regionais, de renda, de raça, de gênero.

 

1) A Oxfam, organização internacional ligada ao chamado “mercado”, isenta de suspeitas de esquerdismo, revelou que um novo bilionário surgiu no mundo a cada 26 horas desde março de 2020, quando a Covid-19 começava a espalhar-se pelo planeta. Os 10 homens mais ricos do mundo dobraram suas fortunas durante o período, enquanto a renda de 99% da humanidade diminuiu.

 

2)O Brasil desapareceu do mapa global de investimentos produtivos desde 2016, publicou o Valor Econômico, em texto de Daniel Rittner. Nos três anos anteriores, o Brasil disputava com China e Estados Unidos posições de liderança como mercado atraente para investimentos não especulativos num horizonte de 12 meses. Hoje, segundo relato da empresa de consultoria e auditoria PwC (antiga Pricewaterhouse Coopers), é o 10º citado por executivos das maiores empresas mundiais quando lhes perguntam sobre os países em que pretendem aplicar seu dinheiro.

 

As duas notícias provocaram algum interesse no dia mesmo em que foram publicadas, repercutiram razoavelmente no dia seguinte e já na quarta-feira desapareciam dos jornais e Tvs, enquanto do outro lado do mundo ecoava uma inesperada manifestação de empresários: “Obriguem-nos a pagar mais impostos”. Ilustres políticos brasileiros e seus seguidores ocuparam-se de outros assuntos, dentre os quais elevar novamente para R$ 5,7 bilhões o Fundão eleitoral, pois R$ 4,9 bi é certamente muito pouco.

 

Este momento em que a campanha presidencial entra em banho-maria, no aguardo de que R$ 400 de Auxílio Brasil possam recuperar a ilusão perdida por milhões de eleitores, e o maior partido em criação, o União Brasil, saldo da liquidação dos capengas Dem e FSL, consiga no deserto de filiados um candidato para chamar de seu, seria propício para gente decente começar a pensar no Brasil e responder prontamente ao que, em plena crise sanitária, desemprego e fome, brasileiros ouvidos pelo Datafolha em todo o país ofereceram como caminho das soluções para quem lhes foi perguntar sobre o que fazer diante da desigualdade. Conhecedores sofridos das agruras que o Brasil enfrenta, 86% dos pesquisados afirmaram que o progresso está condicionado à redução da desigualdade entre pobres e ricos; 62% disseram que o acesso à saúde é uma das três principais prioridades para uma vida melhor, ao lado do “estudo” e da “fé religiosa”; 84% sugeriram aumentar os impostos de pessoas mais ricas para financiar políticas sociais; 67% concordaram que o fato de ser mulher impacta negativamente na renda obtida; 78% consideraram que a Justiça é mais dura com os negros; 76% disseram que a cor da pele influencia na contratação por empresas no Brasil; 62% apoiaram a manutenção, após a pandemia, do auxílio emergencial para as pessoas que hoje o recebem.

 

Entre os milhares de candidatos a presidente (sim, também, entre os presidenciáveis), governadores, senadores, deputados federais e estaduais há uma maioria que não sabe o que dizer para o eleitorado, mais preocupados estão com os privilégios do cargo. Pois bem, aí está um bom programa.

 

É o que o povo quer e, se atendido, assegurará não só a eleição de hoje como todas as futuras.

 

Quanto à perda do lugar antes ocupado pela economia brasileira perante o mundo, há também soluções rápidas e para as quais o país só precisa de independência e caráter, A primeira é abandonar as políticas que provoquem desemprego. Sem emprego não há sequer arrecadação que sustente a máquina de cobrar impostos, e se terá, a cada cinco anos, de provocar mais desemprego com nova, inútil, reforma da previdência. O restante se alcançará com concretas e reais medidas voltadas para o desenvolvimento. Esta é uma palavra de que se ouvirá muito falar neste ano e nos que se seguirem.

 

Acabar com a desigualdade é impossível, fazem coro Paulo Guedes, Henrique Meirelles e Affonso Pastore. Temos de cuidar do teto, proclamam.

 

Parecia impossível controlar a superinflação. E a dívida externa? Esta era considerada eterna. Alguns bravos, bem intencionados (e também inteligentes) brasileiros conseguiram controlá-las.

 

Pois agora é hora de acabar com as desigualdades. Pelo menos começar a mitigá-las, acabar com o maldito teto, que tem de ser furado todos os dias para, por exemplo, aumentar o salário de policiais. Teto furado só era lindo em 1935, na canção de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas, “Chão de Estrelas”: A porta do barraco era sem trinco/ Mas a lua, furando o nosso zinco,/ Salpicava de estrelas nosso chão.”

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A primeira semana de 22 https://canalmynews.com.br/paulo-totti/a-primeira-semana-de-2022/ Thu, 06 Jan 2022 17:04:41 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=22803 O ano começa com cenário quase definido e, para alguns, a corrida eleitoral de 2022 pode ser mais fácil do que outros pleitos já disputados.

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Agora parece tudo resolvido. Já se sabe quem são os principais candidatos a presidente e até eu já sei quem será o vencedor. Falta oficializar o vice. Este, também já conhecido, disse que antes de tudo quer resolver o partido a que se vai filiar. Interessante esta situação. Para o ex-governador Geraldo Alckmin é mais tranquilo o caminho da vice-presidência do que foram todas as disputas de que participou em 33 anos de vida pública, inclusive as que perdeu para presidente como no segundo turno da eleição de 2014 quando teve menos votos do que no primeiro turno ou no fiasco da última campanha ao Planalto (4%). Dir-se-ia que nem ele chegou a pensar nisso, morar no Jaburu a convite do seu principal adversário em São Paulo. E derrotar a dezena de políticos que ambicionavam a vaga, até os que se candidatavam a presidente à espera de um caridoso chamado para ser suplente na chapa vitoriosa. Você acha que Rodrigo Pacheco, Simone Tebet, João Dória, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta, Alessandro Vieira, Felipe Dávila, até o Cabo Daciolo, não pensavam nisso? O abandonado general Mourão, por exemplo, aguardava patrioticamente o soar dos clarins para continuar em sua trincheira nos fundos do Palácio do Planalto. Enganou-se, era apenas a repórter Andréia Sadi que chegava.

É claro que, em dez meses até a eleição, algo pode mudar. Surpresas existem na vida das pessoas e das nações. Bolsonaro não levou uma facada em Juiz de Fora três meses antes da eleição em 2018? (A recente obstrução intestinal não fez esquecer a falta de compaixão com o drama da Bahia?) Serra, na campanha de 2014, não escapou incólume, e sem votos, do petardo de uma bolinha de papel no subúrbio de Campo Grande, no Rio? Mas agora, pelo menos, tudo indica que Moro ande atrás de votos e não possa abortar a candidatura do favorito às vésperas do pleito. A certeza que se consolida da vitória de Lula decorre de diversas situações da atualidade, a começar pela criatividade do convite a Alckmin e à bagunça generalizada do governo do capitão, uma tragédia perfeita por todos os ângulos em que se o examine. Com a inflação de dois dígitos a despedir-se de 2021, ignora-se quem é o principaI cabo eleitoral de Lula: o próprio Bolsonaro ou o vendedor do botijão de gás a R$ 120, R$ 130.

Há problemas paroquiais a serem superados como a quantidade de candidatos a governador na série de partidos que Lula pretende arregimentar sob uma federação de esquerda ou, mais ambiciosa, sob o que já se passa a chamar de frente ampla para a necessária reconstrução do país. O PSB apoia o PT em cinco estados e quer apoio em outros cinco. Grave é, porém, a situação da Terceira Via, uma esperança que talvez não sobreviva ao presente verão: nenhum dos quatro ou cinco candidatos tem condições de chegar sozinho ao segundo turno. E os outros não desistem em seu favor.

E o Centrão? Num discurso que pode confundir-se com o de Sérgio Moro, vai usar muito as palavras “corrupção”, “petrolão”, “ex-presidiário”, na campanha. O senador e ministro Ciro Nogueira, porta-voz do grupo, diz confiar na vitória: “o povo não vai querer de volta o Zé Dirceu, o Lindenberg, a Gleisi Hoffmann…” É impossível, porém, trair a natureza da espécie: se se acentuar o derretimento das chances de Bolsonaro, começará o abandono do barco.

 

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