É tudo uma questão de recursos.
por Paulo Totti em 22/04/22 14:09
Congresso Nacional. Foto: Agência Brasil
De repente, não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, numa semana em que aconteceu de tudo na vida brasileira – desde o general presidente do STM sentir-se feliz porque sua Páscoa não foi estragada por notícias sobre tortura de presos políticos durante a ditadura militar, até a polícia municipal de Goiânia premiar com uma pistola semiautomática de 15 tiros o cidadão vencedor de uma rifa – ganha corpo no PSDB a ideia de que é melhor não ter candidato do que ter João Doria na cabeça de chapa para presidente. O deputado Aécio Neves (MG) fez a revelação em entrevistas na quarta-feira (20).
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Estaria acontecendo com Doria no PSDB o que aconteceu com Sergio Moro no Podemos. Influentes membros de ambos os partidos passaram a defender que, em lugar do desperdício do Fundão Eleitoral numa campanha já perdida para o Planalto, seria “mais estratégico” investir nos candidatos a governador, senador e deputados. Moro foi procurar abrigo no União Brasil, onde não melhorou sua vida de calouro na política. E Dória permanece cada vez mais candidato de si próprio e cada vez menos do PSDB.
Concentrar os recursos na tentativa de reforçar sua bancada no Congresso e eleger governadores não deixa de ser uma solução pragmática, mas é a confissão da fragilidade eleitoral e a pobreza programática dos partidos alheios às alianças em torno de Lula e Bolsonaro. O petista e o presidente contribuem para a eleição de aliados em todo o país. Pesquisas apontam que o quase desconhecido aspirante a governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, aumenta as chances quando seu nome é associado ao de Lula. E o que seria de Tarcísio de Freitas em São Paulo, sem o apoio de Bolsonaro?
Rodrigo Garcia, substituto de Doria no governo de São Paulo, sabe que, se ultrapassar os 10% nas pesquisas, não creditará o sucesso à companhia de Doria. Rodrigo também não cresceria sob o guarda-chuva de Eduardo Leite, de acordo com as mesmas pesquisas.
E Bivar ajuda a reeleger-se um deputado estadual em Santa Catarina? Ciro, de tão empenhado na perseguição de um dígito, perde o conhecimento que tem das regras da economia brasileira e acusa Lula, se eleito, de manter Campos Neto na presidência do Banco Central. Esqueceu-se que essa é a lei, o mandato no BC vai até 2024.
Faltam candidatos e mensagem aos candidatáveis do Campo Democrático (cada vez que ouço falar em troca de nome da Terceira Via me vem à cabeça a mudança do sofá da sala).
Paulinho da Força, (Solidariedade, SP) cuja inconstância é uma das suas principais virtudes, andou em conversas com as lideranças dos principais adversários de Lula e voltou com mais informação de bastidores do que a repórter Andreia Sadi. Com Aécio, confirmou que a candidatura de Doria realmente derreteu. Com o senador Ciro Nogueira apurou que, com Lula eleito, o Centrão adere ao governo aos seis meses do novo mandato.
Enquanto isso, com o início da distribuição de mil reais aos mutuários do FGTS, Bolsonaro diminuía 6% no recordista índice de rejeição e a campanha de Lula ganhava um indireto “apoio crítico” de Armínio Fraga que se declarou a favor da revisão do teto de gastos (“zero investimento público não dá”) e de algum imposto sobre as grandes fortunas. Como diria Brizola, estará Armínio costeando o alambrado?
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