De janelas e desincompatibilização: PL de Bolsonaro é o partido que mais cresce ELEIÇÕES 2022

De janelas e desincompatibilização: PL de Bolsonaro é o partido que mais cresce


Para quem não acredita que já está decidida a eleição presidencial de outubro, esta semana entre 28 de março e 2 de abril pode ser a última a estimular expectativas de mudança. Na segunda-feira (28) acaba a janela partidária e também o prazo de desincompatibilização para quem é titular de cargo executivo e pretende chegar ao legislativo da União ou dos estados.

Conhecido o placar da troca-troca entre deputados e senadores e também o número de governadores, ministros e secretários estaduais dispostos a colocar seu retrato na tela de uma urna, o contexto político continuará quase tão confuso quanto agora, mas oferecerá mais dados para todo tipo de especulação.

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Vai-se saber, por exemplo, se as pesquisas mudarão os partidos, ou – esperança de alguns – se as mudanças mudarão as pesquisas. Pelo que se conhecia na quinta-feira (24) em que escrevo, o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, crescia de 42 para 63 deputados. Com isto já se transformava no maior partido da Câmara e esperava, pelo menos, mais cinco adesões até domingo.

O modesto Podemos, do neófito ex-juiz Sergio Moro, perdia dois deputados e dois senadores e ganhava um deputado. Entre o que mais cresce e o que começou a minguar dá para perceber o que pensam os mudancistas sobre o futuro. Bolsonaristas se aglutinam no partido do notório Valdemar da Costa Neto e com isso agradam ao seu candidato a presidente, reforçam a campanha deste pelo país inteiro, e acham que aumentam suas próprias chances de reeleição. Já o Podemos…

A surpresa até agora é o que ocorre com o recém-criado União Brasil (UB), saído do Dem e do PSL com a pretensão de ser o maior partido no Congresso e destinatário do maior fundão eleitoral e o maior tempo de TV e rádio. Acontece que encolheu de tamanho e peso assim que foi gerado, um fenômeno. Feitas as contas, vai acabar em terceiro lugar. Tinha 81 deputados e agora tem 52, a maioria dos 29 fugitivos, originária do PSL, foi se abrigar no guarda-chuva do PL.

O DEM arrastou o senador brasiliense José Reguffe, ex-Podemos, mas perdeu o deputado João Roma, hoje ministro da Cidadania de Bolsonaro. Último reduto dos que ainda pensam na viabilidade da terceira via, o UB continua sem aspirante à presidência à espera de que eventuais aliados, todos menores do que ele, indiquem o concorrente dele (do União) ao palácio do Planalto.

Pernambucana, Maríla Arraes deixou PT. Foto: Vinicius Loures (Câmara dos Deputados)

O PT permanece com a segunda bancada na Câmara. Tinha 54 deputados e vai continuar com eles. Perdeu, entretanto, Marília Arraes em Pernambuco, que, descontente por ter sido preterida na escolha do candidato ao senado, vai concorrer ao governo do estado pelo Solidariedade, uma defecção compensada com o ingresso do senador Fabiano Contarato do Espírito Santo, vindo do Rede.

O PT sempre foi reticente ao ingresso em massa de aderentes. Com zelo cultivado nas suas origens da esquerda radical, o PT não tinha o rigor dos partidos comunistas no recrutamento de filiados, mas andou perto até recentemente. Tais cuidados, aliás, não chegaram a impedir o comportamento que o ministro Antônio Palocci e o senador Delcídio Amaral tiveram ao final dos governos Lula e Dilma.

O Partido Progressista (PP) do presidente da Câmara Arthur Lira e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, perdeu um deputado e ganhou nove. O Republicano (PR), outro governista , ganhou oito e perdeu 1. Ingressaram no PR os ministros Damares Alves e Tarcísio Freitas.

O PSD de Gilberto Kassab tinha um placar de quatro a dois a seu favor até o dia 24, mas ainda confiava na filiação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para oferecer-lhe a candidatura a presidente. Essa tão comentada saída de Leite do PSDB recebia menos apostas na quinta-feira do que nas semanas anteriores. A presença do gaúcho na lista de candidatos seria possivelmente a mais importante novidade no atual panorama eleitoral.

Na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, no cenário sem João Dória (PSDB), Eduardo Leite aparece com 1%. Lula mantém a liderança com 43% dos votos, no primeiro turno. Seguem-se Bolsonaro, 26%; Sergio Moro, 8%; Ciro Gomes, 6%; João Doria, 2% (cenário sem Leite); Janones (Avante) 2%; Vera Lúcia (PSTU), 1%; Simone Tebet, 1%; Felipe D’Ávila (Novo), 1%; Em branco/nulo/nenhum: 6%; Não sabem: 2%.

Como acontecia com o Santos no auge da dupla Pelé – Coutinho, o empolgante neste campeonato será a disputa pelo segundo ou terceiro lugar.

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