STF
Análise aponta que o novo presidente já vinha pavimentando o terreno para uma gestão marcada pela cautela e pelo reforço da colegialidade.
Luiz Edson Fachin assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) com a expectativa de impor um estilo de liderança mais discreto e focado na institucionalidade, em forte contraste com a postura comunicativa e de convencimento adotada por seu antecessor, Luís Roberto Barroso.
As mudanças esperadas com a chegada de Fachin ao comando do STF foram debatidas pelos jornalistas Felipe Recondo, Juliana Cesário Alvim e Diego Verneck no podcast “Sem Precedentes”. A análise aponta que, embora Barroso e Fachin tenham perfis distintos, o novo presidente já vinha pavimentando o terreno para uma gestão marcada pela cautela e pelo reforço da colegialidade.
O Ministro Fachin é frequentemente descrito como um juiz discreto, cujo foco está no ato de julgar. Essa postura o aproxima do perfil da Ministra Rosa Weber, que também é marcada pela descrição.
Um dos maiores contrastes esperados em relação à gestão de Barroso reside na comunicação:
Embora o linguajar de Fachin possa ser percebido como “difícil para algumas pessoas de compreenderem”, suas mensagens são enviadas de formas “muito direta” e “muito bem postas”.
Um desafio central que Fachin terá de enfrentar é o reforço da colegialidade do tribunal, buscando reverter a “erosão das regras de submissão obrigatória ao plenário”. Fachin demonstrou ser sensível a esse problema e espera-se que ele use sua autoridade moral para recolocar o foco na função essencial do juiz: julgar.
Essa busca por legitimidade institucional pode se manifestar em sua “prontidão para perder”:
Fachin também tem usado mensagens públicas para a magistratura, como em um artigo baseado em palestra para novos juízes. Nesses textos, ele reforça que o papel do juiz é julgar e que a magistratura deve se lembrar de seus “deveres”, além de seus direitos, impondo limites à atuação dos magistrados.
Na relação com a política, o contraste é notável. Fachin raramente é visto em encontros com políticos e evita a participação nas discussões da conjuntura.
Em sua agenda substantiva, Fachin traz um forte compromisso com os direitos fundamentais. A primeira pauta de sua presidência incluiu casos trabalhistas (como a “uberização”) e ambientais. A escolha dos temas trabalhistas, em particular, é vista como um mérito para o tribunal “se confrontar” com a crítica de que há ambiguidades e retrocessos na pauta de direitos fundamentais, especialmente nessa área.
O histórico de Fachin em litígios estruturais, como a ADPF das Favelas e o caso do socioeducativo, também deve moldar sua abordagem, preparando-o para dinâmicas complexas onde o tribunal é alvo de acusações de que estaria “emperrando a política” na defesa de direitos.
O novo presidente do STF já deu o tom de sua gestão em declarações institucionais, afirmando que “A toga que os ministros vestem só se verga à democracia” e que “A Constituição é o pão nosso de cada dia”.