Joice Hasselman (Podemos) concede entrevista ao MyNews | Foto: Reprodução/MyNews
Corrupção
A jornalista e ex-deputada Joice Hasselmann, que chegou a ser líder do governo no Congresso durante o governo Bolsonaro, abriu o jogo sobre os bastidores da política nacional no programa Segunda Chamada, do canal MyNews.
Ela revelou o que chamou de “núcleo sujo” durante o primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro. Segundo a ex-deputada, a política brasileira, para quem não se curva, não é para amadores, sendo um ambiente onde “tem valido tudo”.
As revelações mais contundentes de Hasselmann giram em torno da corrupção, da deslealdade política e da articulação de um possível golpe de Estado.
Joice Hasselmann, que fez campanha intensamente por Bolsonaro motivada pela pauta lavajatista e pelo desejo de derrotar o PT, disse ter entrado na política com uma perspectiva ingênua sobre o então presidente.
Ela acreditava que Bolsonaro era um “burrão honesto” e que, se cercado de ministros qualificados, o país avançaria. Essa percepção ruiu rapidamente:
Joice esclareceu que o “casamento com o Centrão” ocorreu apenas depois que ela deixou a liderança do governo (após a Reforma da Previdência), pois Bolsonaro “não aguentou tocar o governo” e o “alugou para o Centrão”.
Neste contexto, o papel de Ciro Nogueira (PP), que se tornou Chefe da Casa Civil e líder da União Progressistas, foi central. Ela o descreveu como “mais sujo do que pau de galinheiro”, um “lord” que faz esquemas absurdos e um ás na “política baixo nível mesmo”. Atualmente, Ciro Nogueira comanda uma bancada de 109 deputados e é o “homem mais poderoso do Brasil”.
Uma das denúncias mais graves envolveu o planejamento de uma intervenção militar. Joice soube do “primeiro desenho” para chamar o Artigo 142 (intervenção militar) em meados do primeiro ano de governo.
Ela relatou um diálogo com o então Vice-Presidente, Hamilton Mourão:
“Eu cheguei para brincar com o Mourão tirando uma onda falei: ‘E aí esse negócio do artigo 142 hein que loucura!’ Ele falou: ‘Loucura não Joyce já tem um documento dentro da gaveta é só assinar'”.
Chocada com a seriedade da resposta, Joice procurou o então presidente do STF, Dias Toffoli (que ela chamou de “amiguinho do Bolsonaro”), pois não podia ir à polícia.
No encontro, ela disse a Toffoli: “Ó tem já um documento um rascunho de um documento chamando o artigo 142 isso é gravíssimo […] toma que o filho é teu”. Segundo Joice, a intervenção do STF segurou o Bolsonaro por um tempo.
O episódio de Gustavo Bebianno, um dos apoiadores mais devotos de Bolsonaro, foi um marco da deslealdade interna. A queda de Bebianno começou porque Carlos Bolsonaro “enfiou na cabeça do Bolsonaro que o Bebiano poderia ter alguma coisa a ver com a facada”.
Joice tentou negociar uma saída honrosa para Bebianno (uma embaixada), alertando Bolsonaro que “o Bebiano sabe demais”, incluindo detalhes sobre os “esquemas nas redes sociais” que começaram no gabinete.
Contudo, Bebianno foi exonerado “pela TV” por ação de Carlos Bolsonaro antes mesmo de o presidente assinar o documento. Joice contou que Bebianno entrou em “depressão profunda” e chorava muito, ameaçando “jogar caca no ventilador”.
Pouco antes de sua morte, Bebianno “tinha certeza que Bolsonaro preparava um golpe”. Joice lamentou que o celular de Bebianno não tenha sido entregue à polícia pela família, por segurança, pois “ali sim teria muita coisa”.
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