A hierarquia militarizada do Comando Vermelho Megaoperação

A hierarquia militarizada do Comando Vermelho

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Denúncia do Ministério Público que o MyNews teve acesso revela hierarquia no Complexo da Penha

A denúncia do Ministério Público, que deflagrou a megaoperação de mandados de prisão no Complexo da Penha e Alemão no Rio, revelou um organograma rígido e compartimentalizado. A hierarquia criminosa está dividida em três níveis distintos, garantindo que desde o comando estratégico até a execução nas ruas, todas as atividades, incluindo tráfico, logística e expansão territorial, sejam rigorosamente coordenadas. A investigação catalogou a totalidade dos 69 denunciados dentro desta estrutura.

A análise da hierarquia do Comando Vermelho no Complexo da Penha revela uma organização criminosa com um grau de sofisticação que transcende a percepção de um grupo delinquente. A arquitetura de três níveis garante uma cadeia de comando eficaz, disciplina interna e notável eficiência operacional. As implicações desta estrutura para as forças de segurança são profundas.

 A estrutura da fação assemelha-se à de uma empresa multifacetada, com “departamentos” funcionais: finanças (contabilidade e auditoria), segurança (proteção de executivos e ativos), logística (gestão da cadeia de abastecimento) e recursos humanos (recrutamento e remuneração). Este nível de sofisticação representa um desafio formidável e persistente, exigindo estratégias de inteligência e intervenção igualmente complexas e focadas na desarticulação das suas funções de gestão, e não apenas na sua força de rua.
Em suma, a análise da estrutura interna desta fação é um imperativo para compreender a verdadeira natureza da ameaça e para o desenvolvimento de estratégias eficazes para a sua neutralização.

Nível 1: liderança máxima e comando estratégico

No topo da pirâmide criminosa, o Nível 1 é composto pelas “principais cabeças da facção”. É neste escalão que residem o poder de decisão e o comando supremo sobre o tráfico, a guarda de drogas e armas, e a contabilidade da organização.

O líder principal identificado é Edgar Alves de Andrade, conhecido como DOCA ou URSO. Ao seu lado, atua o Co-Líder Pedro Paulo Guedes, o PEDRO BALA. A relevância deste co-líder é tal que é necessária a ordem dele, ou de “DOCA”, para determinar a execução de alguém .

Edgar Alves de Andrade – DOCA

Pedro Paulo Guedes – Pedro Bala

Nível 2: gerência geral, logística e expansão armada

Este nível funciona como o núcleo executivo da facção, sendo composto integralmente pelos homens de confiança de “DOCA”. Os membros do Nível 2 são responsáveis por traduzir as ordens estratégicas da cúpula em ações operacionais.

Os Gerentes Gerais: administração e violência

O nível 2 é encabeçado por dois Gerentes Gerais, que dividem as responsabilidades de administração e de força bélica:

• Carlos da Costa Neves (GARDENAL): Considerado o braço direito de “DOCA”. Ele é o líder da expansão violenta da facção, encarregado da organização bélica (incluindo a aquisição de drones) e da manutenção da disciplina, tendo a prerrogativa de ordenar execuções de subordinados. “GARDENAL” também foi denunciado por envolvimento em Tortura.

Carlos da Costa Neves – Gardenal

• Washington Cesar Braga da Silva (GRANDÃO / SÍNDICO DA PENHA): O homem de maior confiança de “DOCA”, sua função é estritamente administrativa. É ele quem se encarrega da gestão de pessoal, estabelece as escalas de plantão e postos de segurança para os soldados, e organiza a remuneração (pagamentos) dos traficantes.

Washington Cesar Braga da Silva - Grandão/Síndico da Penha

Washington Cesar Braga da Silva – Grandão/Síndico da Penha

Liderança Operacional de Elite
A execução violenta conta com um líder especializado:

• Juan Breno Malta Ramos Rodrigues (BMW / BW): Este gerente é o chefe do “Grupo Sombra”, identificado como o grupo de matadores da facção . “BMW” atua como treinador de soldados e participa dos “tribunais do tráfico” com autonomia para determinar execuções. (SAIBA MAIS: As torturas dos denunciados da Penha)

Juan Breno Malta Ramos Rodrigues – BMW

O Nível 2 conta ainda com gerentes especializados em diversas áreas vitais, incluindo contabilidade, segurança e logística de produtos:

• Logística de vendas: Gerentes são designados por tipo de produto, como Rosemberg da Silva Medeiros  (BERGUE) para o crack e Samuel Almeida da Silva (SAMUCA DA 29) para a maconha .

• Controle financeiro: Eduardo Lisboa de Freitas (DU MEC) controla o fluxo de dinheiro , e Thiago Soares Leite (TIZIL) gerencia a contabilidade e pontos de venda, prestando contas diretamente a “DOCA” e “GARDENAL” .

• Segurança: Caio César da Silva Sant’anna é o chefe de segurança das lideranças , e José Augusto de Santana Martins (PERNA) é a segurança de maior confiança no perímetro da casa de “DOCA” .

• Expansão e homiziamento: O complexo serve como refúgio para líderes de outras comunidades, como Daniel Afonso de Andrade (DANADO), “Frente” do Morro Jorge Turco, e José Severino da Silva Junior (JETTA / SORÓ), chefe em Castelar/Palmerinha, que são obrigados a prestar contas à cúpula da Penha .

Nível 3: soldados do tráfico e membros de menor hierarquia

O Nível 3 constitui a base da pirâmide e é a Força de Execução e Segurança Territorial da facção. É neste nível que se concentram os membros responsáveis por executar as ordens recebidas do Nível 2 .

• Execução armada: A maioria dos membros utiliza arma de fogo de grosso calibre, geralmente fuzil . Eles operam em escalas de plantão e muitos integram grupos específicos de lealdade à cúpula, como a “Tropa do EDGAR/URSO” .

• Funções táticas: As funções variam desde a segurança direta de “DOCA” (como o soldado Leonardo de Araujo Alves da Silva / FIELZIN) , até o monitoramento de área (função de “visão”, exercida por Rosimaria Victor de Souza) , e a logística interna de drogas (como Thiago Lira Fernandes/ PIMENTA, que confere cargas de drogas recebidas) .

• Violência e recrutamento: membros como Fagner Campos Marinho (BAFO) foram denunciados por estarem incursos em Tortura . A facção também emprega adolescentes como soldados do tráfico, a como apresenta a denuncia

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