Foto: reprodução
Comando Vermelho
Denúncia do Ministério Público, obtido pelo MyNews, detalha os crimes de tortura cometidos pelos alvos do mandado de prisão na megaoperação do Rio
Aldenir Martins do Monte Junior foi arrastado por vias do Rio, amarrado a um carro com violência e sem camisa, para delatar informações de companheiros.
Embora a cena lembre torturas do período da ditadura militar, esta tortura é recente. Foi infligida por Juan Breno Malta Ramos, o “BMW”, um dos alvos dos mandados de prisão na megaoperação que abalou o Rio de Janeiro. Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), obtida pelo MyNews, o objetivo era obter declaração de interesse da facção, causando-lhe intenso sofrimento físico.
Não é a única e nem a pior barbárie que consta no relatório. Essa é apenas uma das descrições aterrorizantes contidas na denúncia que resultou na emissão de mandados de prisão e de busca e apreensão contra líderes e integrantes do crime organizado no Rio. A peça evidencia o grau de violência e domínio territorial imposto pela facção.
A denúncia lista 69 indivíduos e detalha os crimes cometidos por eles, que se enquadram majoritariamente na Associação para o Tráfico de Entorpecentes, com agravantes, e em crimes de Tortura. Algumas dessas torturas:
Torturas atribuídas ao Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o “BMW”, de alta relevância e periculosidade dentro da hierarquia do Comando Vermelho no Complexo da Penha, sendo classificado no Nível 2: Gerência Geral, logística e expansão armada.



Tortura atribuida a Fagner Campos Marinho, o “Bafo”, soldado do tráfico.
Em data e local imprecisos, em região próxima ao Complexo da Penha, Fagner constrangeu a vítima, que estava totalmente dominada e em seu poder, com emprego de violência, causando-lhe intenso sofrimento físico, como forma de aplicar castigo pessoal e medida de caráter preventivo de interesse da facção criminosa Comando Vermelho. Segundo a denúncia, a conduta violenta consistiu em agredir insistentemente a vítima, que ensanguentada e parcialmente desnuda, estava caída ao solo, amarrada e sem reação. O denunciado gravou vídeo com a vítima ensanguentada, gemendo de dor,
reconhecendo que foi ele quem torturou (“deu massagem”) aquela pessoa, e, logo após, indagando à vítima “quer morrer?”

O crime principal imputado a todos os 69 denunciados é o de Associação para o Tráfico de Entorpecentes (Artigo 35, caput, da Lei n.º 11.343/06).
Essa associação criminosa, identificada como a facção Comando Vermelho (CV) no Complexo da Penha e comunidades adjacentes, operou com as seguintes causas de aumento de pena (agravantes), que se aplicam a todos os 69 denunciados:
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