Como é o esquema lucrativo de roubo de veículos no Rio de Janeiro Foto: Agência Brasil Comando Vermelho

Como é o esquema lucrativo de roubo de veículos no Rio de Janeiro

Tamanho do texto:

Denúncia do Ministério Público, obtido pelo MyNews, detalha os crimes de roubo de veículos cometidos pelos alvo do mandado de prisão na megaoperação do Rio

O tráfico de drogras representa hoje 11% dos negócios do crime organizado. Essas organizações atualmente são verdadeiros conglomerados empresariais com atuação em diversos setores. Um dos mais lucrativos deles e em crescimento é o resgate de carros roubados. Esta informação foi dada ao MyNews no início deste ano numa entrevista exclusiva do secretário de Segurança do Rio, Vitor Santos. Na denuncia do Ministério Público que resultou na megaoperação do Rio para cumprir mandados de prisão é detalhado como esquema funciona. A denúncia elenca vários crimes, inclusive torturas nas comunidades, saiba mais aqui.

O Gerenciamento do roubo como um negócio

Os líderes do Comando Vermelho administram o roubo de veículos como uma atividade ilícita central, tratando do tema em seus canais de comunicação interna. A coordenação e a autorização para a venda e negociação de veículos subtraídos são delegadas a gerentes de alto escalão.

O gerente geral Carlos da Costa Neves, vulgo “GARDENAL”, é uma figura chave neste esquema. Através de chats privados obtidos via quebra de sigilo telemático, foi verificado que “GARDENAL” envia e encaminha fotografias de diversos veículos roubados, muitas vezes dando sua autorização para a negociação. Esses carros são oferecidos a ele por valores muito abaixo do preço de mercado lícito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A eficácia do sistema de roubo é tamanha que ele cruza as esferas criminosa e, por vezes, a pública: o outro gerente geral, Washington Cesar Braga da Silva, vulgo “GRANDÃO” ou “SÍNDICO DA PENHA”, foi acionado diretamente por um Major da Polícia Militar (PM) para solicitar a recuperação de um veículo subtraído. “GRANDÃO”, por sua vez, acionou os administradores do grupo “CPX DA PENHA” para concretizar a recuperação do carro.

 

A logística da subtração e do desmanche

Na base operacional da facção, os soldados são os responsáveis diretos pela execução dos crimes. Como o caso de  Andrews Lagoa da Silva,  vulgo “SEDEX”, que atua diretamente na subtração ou na intermediação da negociação dos carros roubados com terceiros. Mensagens encontradas em seu dispositivo mostram “SEDEX” negociando veículos roubados. Como, por exemplo, um que foi vendido para um comprador de outra cidade por R$ 8.500,00.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O mesmo soldado se comunicava sobre contatos na “pista”, que realizam o desmanche de veículos, reforçando o aspecto de logística pós-roubo.

O Lucro do “resgate de carro”

Como revelado pelo secretario de segurança publica do estado do Rio de Janeiro em entrevista exclusiva ao MyNews no início deste ano, o alto índice de carros roubados, mas também de carros recuperados, é um indicativo de que o roubo tem como objetivo primário o lucro rápido obtido através do “resgate de carro”, caracterizando uma economia ou negócio para as organizações criminosas.

O modelo de “resgate” opera com criminosos se comunicando com cooperativas de seguro ou empresas recuperadoras, cobrando um valor muito inferior ao preço de mercado do veículo ( 3.000 reais por uma moto, 5.000 reais por um Sedan, e até 30.000 reais por um SUV que pode valer 400 mil reais). Este mercado altamente aquecido é visto pela polícia como uma fonte de renda constante para as organizações criminosas.

Relacionados