Segurança Pública
General diz que não tem como combater o crime organizado sem combater paralelamente a corrupção no mesmo ambiente
Omissão governamental histórica, corrupção escancarada, impunidade, população abandonada, milhares de incursões, emprego de Forças Armadas, legislação deficiente, etc. Em 28.10.2025, última terça-feira – megaoperação no Alemão e na Penha. Policiais mostrando coragem e heroísmo em combate urbano contra um grupo fortemente armado. Quatro policiais mortos e suas famílias destruídas. Cerca de 120 mortos. De acordo com as informações iniciais da polícia, não houve dano colateral e todos eram ligados ao crime organizado, apesar de não ter atingido os chefões criminosos e os procurados especificamente com mandado judicial.
Confronto inevitável, nesse caso. Grupos criminosos sempre acreditam poder defender seu território de domínio, quando são fortemente armados e dominam a área por longo tempo.
Omissão, incompetência, corrupção, impunidade e cumplicidade em todos os níveis são responsáveis pela entrega das áreas e das populações ao controle dos criminosos.
Não tem como combater o crime organizado sem combater paralelamente a CORRUPÇÃO no mesmo ambiente.
Legislação – Sempre necessita de aperfeiçoamento e segue o ritmo político, os interesses, a defesa da oportunidade de meter a mão no imenso valor das emendas parlamentares incontroláveis e nos fundos que facilitam cada vez mais a corrupção e queda de qualidade dos legisladores. Mesmo assim, temos que manter o foco nos benefícios à população, objetivo final de tudo. Atualmente há mais uma discussão politizada, com características populistas e até mesmo americanizada de classificação do crime organizado como “narcoterrorismo”, sem se saber exatamente ainda o que isso muda na atitude necessária para combater o crime.
Tudo o que se faz tem que ter o objetivo de levar benefícios à população. No caso da operação, dois objetivos eram nítidos, pelo menos se espera que fossem: cumprir ordens judiciais e recuperação do controle da área, estabelecendo a presença do estado para livrar a população das barbaridades criminosas.
Cinco dias após a operação, as estatísticas são favoráveis à ação e aos dividendos políticos. Isso é muito comum, em qualquer lugar. As reações mais estáveis acontecem com o passar do tempo. É natural que existam consequências políticas e eleitorais, mas essas não podem ser a motivação principal. Como já dito anteriormente, o objetivo sempre tem que ser o benefício à população. Assim, já se pode começar a pensar em algumas ideias:
1) Qual o efetivo e a unidade policial que permaneceu no Alemão e na Penha, mantendo a presença do estado na área, impedindo o retorno de criminosos, patrulhando para mostrar que está protegendo a população e que o estado chegou para ficar? Ainda não se tem essas fotos.
2) Operacionalmente também é necessário um plano de continuidade, de perseguição ao grupo criminoso, para não o deixar se reorganizar e muito menos voltar ao Alemão e à Penha. Os mortos têm substituição imediata e os prejuízos materiais (drogas, fuzis etc) não são significativos no total do ambiente criminoso. Se não manter o terreno, o crime volta.
3) A partir de amanhã, 3.11, segunda-feira, vamos ver se médicos, professores, enfermeiros, uber, mototáxi, concessionárias etc. podem subir sem precisar permissão de bandidos e passar por checkpoints dos criminosos.
4) Se os moradores poderão ir e vir com liberdade, sem precisar utilizar só os transportes “autorizados” pelos criminosos.
5) Se o transporte público vai melhorar.
6) Se as escolas irão funcionar com objetivo de melhorar a qualidade de ensino, do material e da merenda escolar.
7) Se os postos de saúde vão ter médicos, enfermeiros e medicamentos.
8) Se iniciam as atividades de limpeza pública, saneamento, iluminação, urbanismo etc.
9) Se vamos ter anúncio de outros projetos de apoio à população.
Subir, enfrentar o confronto inevitável, perder policiais, arriscar danos colaterais, descer no final da tarde e não manter o território é frustrante para todos os que se sacrificaram, para seus familiares e para a população.
A ação em força tem que ser parte de uma estratégia maior. A ação policial, no caso, tem que ser um dos componentes dessa estratégia.
Se não for assim, os resultados e os sacrifícios se transformam em frustração e a politicagem faz a festa de sempre. Os primeiros sinais já são bem nítidos.
O governo federal é responsável, possui obrigação e recursos para empregar TODOS OS MEIOS em ações e operações conjuntas com ministérios, estados e municípios para acabar com o domínio territorial de crime organizado no Brasil.
Consequências eleitorais? Que cada cidadão faça o que quiser do seu voto. Politicagem? Inevitável.
Importante é acabar com a estrutura criminosa EM TODOS OS NÍVEIS e levar benefícios à população.