Lula, durante discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, na última terça-feira | Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto
Em semana favorável, Lula se destaca nas redes e anima Planalto
De afagos de Trump na ONU a declaração de Motta de reeleição garantida, petista vive bom momento e ganha espaço também no universo digital
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra a semana com “indicadores” que animam o Palácio do Planalto. Para o governo, o petista vive um bom momento, em especial nos últimos dias, e a expectativa é que fatos gerados e ocorridos nessa semana reverberem em futuras pesquisas de opinião. Entre os palacianos, é que Lula reverta a curva e apareça com avaliação maior que a reprovação.
Quatro episódios específicos ocorridos de terça-feira até agora são citados nesse “arco de boa expectativa”, como disse um ministro ao Canal MyNews. A começar pela reverberação do discurso do presidente na Assembleia-Geral da ONU, na última terça, considerado de firmeza e quem marcou posição, ao que tem sido chamado de bônus desse encontro, os afagos de Donald Trump, que, no seu discurso se referiu a Lula como um “amigo” e com quem sentiu ter uma “química boa”. Se encontraram no “backstage” por 39 segundos, na cronometragem do presidente norte-americano.
Não bastasse as palavras elogiosas de Trump a Lula indignarem os bolsonaristas, esse grupo político sofreu alguns reveses no Congresso, concentrados na figura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Na Câmara, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) negou ao filho de Bolsonaro autorização para ser o líder da Minoria. Seria um “mandato simbólico”, já que Eduardo nem no Brasil está.
Na esteira, o Conselho de Ética da Câmara abriu processo contra o parlamentar, acusado de conspirar contra o Brasil dos Estados Unidos, sendo responsabilizado pelo PT pelo tarifaço de Trump imposto à economia brasileira e pela perseguição ao Judiciário e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator da ação penal que culminou com a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão.
A semana passou, o noticiário deu conta que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse a aliados que deve desistir da disputa pela Presidência da República. Ele enfrenta problemas com os próprios bolsonaristas e não deslancha nas pesquisas. O comemorado bom momento de Lula foi “coroado”, expressão usada no Planalto, com a declaração de Hugo Motta, na sexta, de que Lula caminha para nova reeleição e rumo a seu quarto mandato em 2026.
Virada digital de Lula
As boas notícias para o petistas refletiram no seu desempenho digital. Levantamento da Ativaweb, especialista em dados e minúcias das redes, mostra que a participação de Lula na Assembleia-Geral da ONU mudou sua performance no ambiente digital: o presidente alcançou taxa média de engajamento (ER) de 2,56%, índice três vezes superior ao de Jair Bolsonaro, que não passou de 0,81% no mesmo período.
Ainda na ONU, o encontro com Donald Trump e a defesa da soberania nacional geram uma onda digital com 68,8 milhões de interações em apenas oito publicações, com quase 47 milhões de interações favoráveis.
“Mais do que números, o estudo aponta uma mudança de patamar: Lula deixou de apenas reagir e passou a liderar narrativas globais de forma digitalmente eficaz”, conta Alek Maracajá, responsável pela Ativaweb e renomado analista digital no país.
“Mais importante do que acumular seguidores é transformar símbolos em legitimidade digital. O Efeito ONU mostrou que Lula alcançou esse ponto de virada”, segue Maracajá na sua análise.
