Ex-vereador em Cotia (SP), o ator foi condenado por atribuir a Jean Wyllys frase em defesa da pedofilia, não dita por ele, entendeu a Justiça
Durou menos de sete anos a meteórica carreira do ator Alexandre Frota na política. Artista de novela da TV Globo, com trabalhos em filmes adultos, Frota teve seu mandato de vereador em Cotia (SP), cidade paulista com 290 mil habitantes, cassado na última sexta-feira. Era filiado ao PDT, legenda fundada por Leonel Brizola.
A Câmara cassou seu mandato cassou após condenação por difamação e calúnia contra o ex-deputado federal Jean Wyllys, que foi do PSol e hoje é filiado ao PT, que foi associado por Frota ao crime de pedofilia. O caso é de 2017, quando o agora ex-vereador atribuiu a Wyllys uma frase falsa, sendo a seguinte:
“A pedofilia é uma prática normal em diversas espécies de animal (sic), anormal é o seu preconceito”, que o ex-deputado provou na Justiça nunca a ter expressado.
Desde então, Frota tem sido condenado, inclusive a dois anos de prisão, em 2018. Agora, sua condenação foi definitiva, incluindo limitação em sair de casa.
Frota entrou na política no veio bolsonarista. Foi muito próximo de Jair Bolsonaro, circulou com ele pela campanha de 2018 e foi o deputado federal dos mais votados naquele ano, com mais de 150 mil votos. Mas romperam logo depois. Ainda no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, o então deputado rompeu com o presidente e passou a criticá-lo. E foi expulso do PSL.
Em agosto de 2019, ele se absteve na votação da reforma da Previdência, um voto de protesto contra o governo Bolsonaro. Criticava a articulação do governo, em especial a tentativa do presidente em levar Eduardo Bolsonaro para embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Em entrevista a Mara Luquet, do MyNews, naqueles dias, Frota afirmou que Bolsonaro “poderia ter ajudado mais” no processo de votação e discussão da reforma.
“Quando a gente fala do resultado expressivo nos dois turnos é trabalho do Rodrigo Maia (então presidente da Câmara) fica muito claro. O meu voto foi em cima disso, que não faria diferença. Fica aí um voto de protesto”, afirmou o deputado.
Frota tinha interlocutores na esquerda, como os deputados Marcelo Freixo, Benedita da Silva e Paulo Pimenta.
“Não falo para o Bolsonaro só o que ele quer ouvir. Falo o que ele nao quer ouvir. Dei nota 4 a ele e disse que muitas vezes podia ficar calado. A indicação do Eduardo Bolsonaro para embaixada não foi boa. E outras questões”.
Em abril de 2018, Frota estava ao lado de Bolsonaro nas ruas, em Brasília, protestando contra Luiz Inácio Lula da Silva, que seria julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que, por 6 a 5, não concedeu habeas corpus preventivo ao então ex-presidente, que, depois foi preso.
Em 2022, Frota tentou se eleger deputado estadual em São Paulo, obteve apenas 24.224 votos e não se elegeu. Quatro anos antes, com Bolsonaro, em 2018, ele foi eleito deputado federal com 155,5 mil votos. Em 2024, se elegeu vereador com 2.893 votos, apenas o nono mais bem votado da Câmara Municipal.
Num vídeo, após a cassação, Frota afirmou estar enfrentando uma tempestade, agradeceu aos apoios que recebeu nesse momento e que fez, nesse quase dois anos de vereador, um mandato “profissional, íntegro, honesto” e comprometido com o amor ao próximo e aos mais necessitados, combatendo a desigualdade social e cuidando dos mais vulneráveis.