Pequenas e médias empresas na mira dos hackers: o que fazer? Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Pequenas e médias empresas na mira dos hackers: o que fazer?

Muitos empreendedores ainda subestimam a importância da segurança digital, priorizando investimentos em áreas mais visíveis do negócio.

Ferramentas de cibersegurança a preço acessível podem ser uma das respostas para conter ataques cibernéticos a pequenas e médias empresas (PMEs). Antes vistas como “pequenas demais” para atrair atenção, hoje em dia as PMEs representam terreno fértil para ataques cibernéticos — principalmente porque possuem menos recursos técnicos e financeiros para se proteger.

Além da limitação orçamentária, as PMEs também enfrentam uma vulnerabilidade técnica significativa. A falta de equipes especializadas em cibersegurança, sistemas desatualizados e ausência de protocolos robustos de prevenção tornam essas empresas alvos fáceis para hackers. Muitos empreendedores ainda subestimam a importância da segurança digital, priorizando investimentos em áreas mais visíveis do negócio, o que amplia o risco de invasões, vazamentos de dados e sequestros de informações (ransomware). Esse cenário cria uma lacuna tecnológica entre pequenas empresas e grandes corporações, que dispõem de infraestrutura e pessoal qualificado para mitigar ameaças em tempo real.

Leia mais: “Riscos da Inteligência Artificial diante do acompanhamento psicoterapêutico de crianças e adolescentes”

Essa disparidade também reflete uma desvantagem competitiva crescente. Quando uma empresa de pequeno porte sofre um ataque, o impacto financeiro e reputacional pode ser devastador, levando à perda de clientes, à interrupção das operações e, em muitos casos, ao encerramento das atividades. Paradoxalmente, são justamente essas empresas que desempenham papel essencial na economia — gerando empregos, impulsionando a inovação local e fomentando a competitividade em diversos setores. Portanto, fortalecer a cibersegurança das PMEs não é apenas uma questão técnica, mas uma estratégia econômica crucial para garantir a sustentabilidade e a resiliência do mercado como um todo.

Contra dados não há argumentos?

Segundo levantamento da Serasa Experian, o Brasil registrou quase 7 milhões de tentativas de fraude apenas no primeiro semestre de 2025, um aumento de 29,5% em relação ao mesmo período do ano anterior — o equivalente a uma tentativa a cada 2,3 segundos. Vale destacar que o setor bancário destaca-se como o principal alvo: em 2024, o total de fraudes bancárias digitais e golpes com cartões alcançou o valor de R$ 10,1 bilhões.

Na mesma medida, os crimes cibernéticos vêm aumentando exponencialmente em setores que, recentemente, passaram a depender mais de operações digitais e meios eletrônicos de pagamento. Brechas no sistemas operacionais das organizações – privadas e públicas – têm sido exploradas: como senhas fracas, falta de autenticação em duas etapas e falhas em sistemas desatualizados — para aplicar golpes de phishing, invadir plataformas de gestão e interceptar pagamentos.

Para as grandes corporações, há fôlego financeiro e tecnológico para reagir, enquanto as PMEs, quando atingidas, enfrentam um cenário muito mais crítico. Sem reservas suficientes ou equipes dedicadas, muitas não conseguem retomar as operações e acabam encerrando suas atividades.

Como o alto custo de soluções de cibersegurança afastam pequenas e médias empresas da lógica da prevenção?

Dentre os caminhos para reverter o quadro destaca-se a prevenção como o investimento mais eficiente. Estratégias básicas, como uso de autenticação multifatorial, atualizações automáticas de sistemas, monitoramento contínuo de acessos e treinamentos de equipe, reduzem consideravelmente o risco de incidentes. Entretanto, conforme já destacado, a adoção de medidas de cibersegurança ainda é limitada, principalmente devido aos altos custos das soluções tradicionais.

Nesse contexto, alternativas tecnológicas mais acessíveis tornam-se essenciais — como plataformas que oferecem proteção de e-mails corporativos, análise de risco de terceiros e monitoramento automatizado de vulnerabilidades a preços compatíveis com a realidade dessas empresas. Essas ferramentas não apenas democratizam o acesso à segurança digital, como também fortalecem a capacidade de defesa de negócios que antes permaneciam vulneráveis.

Em um cenário em que fraudes digitais ocorrem a cada poucos segundos, a falta de acesso à proteção cibernética não pode ser um obstáculo. A cibersegurança acessível e estratégica deve ser encarada como um novo pilar da sustentabilidade empresarial. Garantir que PMEs tenham meios eficazes para se proteger é, hoje, tanto uma prática de gestão responsável quanto uma necessidade de política pública fundamental para o fortalecimento da economia digital brasileira.

* Juliana Roman é mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com o Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA/DAAD). Especialista em Compliance pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Especialista em Direito do Consumidor pela Universidade de Coimbra (FD/UC). Especialista em Direito Digital pela Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP). Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Clique neste link e seja membro do MyNews — ser inscrito é bom, mas ser membro é exclusivo!

Compartilhar:

Relacionados