Em resumo, conservadores e progressistas conseguem concordar que a atual estrutura social é eficiente o suficiente para que nos adaptemos aos tempos futuros.
por Aniello Olinto Guimarães Greco Junior em 19/07/22 08:06
Este é o segundo texto de uma série na qual pretendo esclarecer o significado de termos que são muito usados no debate político atual e infelizmente pouco compreendidos. No primeiro texto eu apresentei o contexto histórico e o atual significado para os termos direita e esquerda.
Dois termos usados como quase sinônimos de direita e esquerda hoje são conservadores e progressistas, apesar de haver diferenças significativas entre o significado destes. Relembrando, a direita é o grupo que defende que a liberdade é o fator mais importante para uma sociedade justa. Já a esquerda defende que a igualdade deveria ser a maior preocupação.
Já na polarização entre conservadores e progressistas o tema é sobre a velocidade que a sociedade deve mudar. Os conservadores acreditam que os valores, as instituições e as soluções tradicionais funcionaram por séculos, e que, portanto, deveríamos ser muito cuidadosos ao decidir por novos valores e métodos. Mudanças feitas de forma impensada poderiam gerar desordem e conflitos desnecessários.
Já os progressistas acreditam que o progresso é o motor da história, e que as sociedades devem estar atentas as mudanças sociais e se adaptar a medida que elas acontecem. Eles acreditam que retardar as mudanças acabaria por manter estruturas antiquadas e gerando atraso, conflitos e prejuízos.
Mas isto não encerra a questão, pois tanto conservadores quanto progressistas acreditam que as mudanças devem ocorrer sem rupturas, sem choques violentos. Ambos acreditam que o caminho para decidirmos quando mudar o que deve ser pelo diálogo, negociação e consenso. Há, no entanto, grupos que acreditam que rupturas são necessárias. Que sem destruir o presente não é possível construir uma nova sociedade. São os radicais.
O progressista radical é o revolucionário. Este acredita que o status quo não irá ceder a reformas, e que um progresso dialogado apenas serviria para enganar aqueles que se beneficiariam com a mudança que desejam. Para se construir a nova sociedade é necessário uma revolução, a destruição da ordem vigente para que não haja impedimentos de construir uma nova sociedade. O exemplo clássico de revolucionários seriam os marxistas. Cabe destacar que nem todo marxista defende uma revolução armada, mas sem a destruição do modo de produção capitalista não haveria como construir o socialismo marxista.
O conservador radical é o reacionário. O termo reacionário vem de reação, reacionário é aquele que reage. Para os reacionários as mudanças sociais dos dias atuais corromperam a sociedade, e a modernidade é um obstáculo ao progresso humano. Apesar de defenderem uma nova sociedade, os reacionários acreditam que a novidade necessária é o resgate de valores passados. Muitas vezes a visão do passado do reacionário é idealizada, ou até mitificada. E este resgate do passado deve ser feito pela demolição do modernismo decadente. Somente após uma ruptura que a sociedade poderá voltar a avançar. Não é propriamente uma reconstrução do passado, mas uma segunda versão, que teria aprendido os com os danos causados pelos modernistas. Este é o caminho típico dos fascistas.
Em resumo, conservadores e progressistas conseguem concordar que a atual estrutura social é eficiente o suficiente para que nos adaptemos aos tempos futuros. São defensores da democracia, dos valores republicanos, da divisão dos poderes, eleições, etc. Já os reacionários e revolucionários acreditam que é necessário abandonar os conceitos de democracia vigentes para construir uma outra estrutura social. Mas diferente dos conservadores e progressistas, quase nenhum diálogo é possível entre reacionários e revolucionários. Muitas vezes estes grupos radicais não conseguem dialogar com nada além deles mesmos.
Mas diante deste cenário, o que seria o “conservador nos costumes, liberal na economia”? Para entender este estranho conceito precisamos aprender um pouco mais sobre o que é liberalismo, capitalismo, democracia e república. Assunto para meu próximo texto.
*Aniello Olinto Guimarães Greco Junior é servidor público concursado do Tribunal Superior do Trabalho, Aniello Greco passou tempo demais na universidade, sem obter diploma. Já fingiu ser jogador de xadrez, de poker, crítico de cinema, sommelier de cerveja. Sabe de quase tudo um pouco, e quase tudo mal.
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