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Economia

Opinião – Maurício Vargas

A gente não quer só preço, quer atendimento e qualidade

O preço não deixou de ser importante, mas a confiança, cada vez mais, é a palavra chave

por Maurício Vargas em 17/12/20 15:55

Mais de 7 milhões de novos consumidores passaram a fazer compras online, uma das consequências que a economia viu nascer a partir da pandemia do novo coronavírus. O que antes era impensável para muitos tornou-se uma rotina, como compras roupas sem experimentar, milhares de produtos diferentes para casa, sapatos, fazer supermercado entre outros itens. O próprio Reclame AQUI é um termômetro que confirma esse movimento, uma vez que tivemos um crescimento de 40% nos acessos ao portal.

Mas o que isso significa? Qual a importância disso?

Primeira coisa, indica que o consumidor está comprando muito mais online, está atento e não quer ser enganado. Segundo, mostra que as empresas precisam entregar um bom atendimento. E terceiro, aponta que estamos no caminho certo, andando lado a lado com o consumidor para que ele tenha respostas e um atendimento cada vez melhor. E ao lado das empresas para que elas entendam, conheçam e entreguem a melhor experiência para seus clientes.

Esse crescimento mostra também que não há mais tempo a perder. Uma tendência que já vinha crescendo nos últimos anos e que agora veio para ficar é que o consumidor passou a viver intensamente a experiência de compra com a Covid-19. O preço não deixou de ser importante, mas a confiança, cada vez mais, é a palavra chave. Tanto é que aprendeu outro hábito nesse período: mudar de marca, trocar a loja e buscar o melhor atendimento. E no meio desse jogo, acabamos nos fortalecendo como um “trustee” para ambos os times. 

E-commerce, vendas, comércio
Quem pensa só na venda e não no pós venda, sai perdendo.
(Foto: Pixabay)

Esses temas foram amplamente discutidos com dezenas de  empresas entre as mais importantes do país, como Magalu, iFood, BTG, Hotel Urbano e etc, para citar algumas com as quais tivemos contato.

A empresária Luiza Trajano, disse que dói ver uma reclamação. É doído. Manter o cliente é mais barato do que conquistar um novo e trocar de fornecedor é mais simples do que lidar com a dor de cabeça de uma compra mal feita.

 E agora vou falar da minha experiência. Percebi que nós, no ReclameAqui, o meu próprio atendimento não estava bom como eu gostaria. Esse olhar para dentro é importante, difícil, mas reconhecer que temos problemas e que sempre precisamos melhorar é combustível importante para o crescimento. O que eu fiz? Larguei tudo e mergulhei, me mudei para o atendimento. Estou na linha de frente para cuidar, pessoalmente, dessa área e do meu principal cliente, o consumidor. Qual a experiência que estou entregando? O que está funcionando e o que eu preciso deixar de lado ou aprimorar? O que posso trazer de novo? O que o meu cliente está falando de mim? 

Eu digo sempre que é preciso ter o DNA do consumidor, e não é de hoje. Os presidentes, diretores etc, precisam saber quem é o seu público, não adianta se trancar numa sala e resolver questões burocráticas. O setor de atendimento talvez seja o que mais tenha informações estratégicas para o crescimento sustentável por meio de um serviço de excelência. Atender bem e ter o Feedback é uma arma poderosa, uma questão de sobrevivência. Você, que é o CEO, experimente passar uma semana, um mês, alguns dias pelo menos ao lado do seu time e veja como é o atendimento da sua empresa, ouça o seu cliente, o seu consumidor. 

Os times das empresas precisam estar cada vez melhor preparados e prontos para, em poucas horas, virar o jogo. As empresas aéreas foram citadas como um exemplo. As que se saíram melhor, ou menos pior, foram as que buscaram uma resposta rápida, com um alto nível de negociações e acordos com seus clientes. Isso vale para qualquer companhia. Sem essa estratégia, muitas estão fadadas a virar pó. Os bancos, por exemplo, estão correndo atrás para ter de volta os clientes que migraram para as fintechs, e elas mesmas, estão se reinventando para dar conta do recado. Nós também nos reinventamos com uma nova plataforma de comparação de oferta, reputação de empresas e alertas de preços, algo que o nosso público demandava e cobrava.

Quem pensa só na venda e não no pós venda, sai perdendo. Esse ano digo que o “safety car” entrou na pista e nivelou todos os concorrentes. Mas, ao mesmo tempo, abriram-se inúmeras oportunidades e quem soube e ainda souber acelerar no tempo certo pode ganhar posições. Quem é o quarto pode ser primeiro e vice versa. As empresas que passaram na frente da corrida conseguiram manter um bom relacionamento com o consumidor foram para o pódio.

Mas a temporada continua e ainda temos o GP Final, o Natal,  com um desafio gigante que é atender mais de 7,5 milhões de novos consumidores,  que serão implacáveis em buscar a melhor experiência de compra. Preparem as suas máquinas, o consumidor está no grid de largada.


Maurício Vargas é fundador e CEO Global do Reclame AQUI

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