Na coluna de Santos Cruz nesta quarta-feira (05), o debate sobre forma de enxergar política
por Gerenal Santos Cruz em 05/02/25 13:57
Carlos Alberto Santos Cruz. Foto: Isac Nóbrega (PR)
Faz algum tempo que boa parte da sociedade brasileira vive num ambiente de polarização e extremismo político. Nesse contexto, os assuntos políticos muitas vezes são tratados como religião, onde cada um tem todo o direito e liberdade para suas crenças, preferências e interpretações. As discussões não levam a nada e as consequências normalmente são negativas.
No sábado, 1º de fevereiro, as eleições para a presidência do Senado Federal e da Câmara dos Deputados mostraram a discrepância entre a realidade e a disseminação/manipulação de “verdades políticas” apaixonadas fora das paredes dos palácios dos Poderes.
As observações não têm nenhuma ideia de entrar no mérito das pessoas, desqualificar o processo de escolha e os resultados. Se a nossa democracia, correntes ideológicas e projetos partidários de país estão bem representados ou não, estas são questões de avaliação individual. Também não há ideia de reprovar o direito de cada senador, deputado federal e partidos de fazerem suas escolhas e negociações, como é a prática política na democracia. Se elas são feitas por motivos de interesse nacional, pela prática política normal ou por interesses pessoais e partidários por poder e acesso ao dinheiro público, também é problema de cada um avaliar.
Afinal, como disse, tento destacar aqui a diferença entre o interior dos Poderes e os entusiasmos moralistas, fanatizados, polarizados e extremados nas ruas e nas redes sociais, com uma grande massa vivendo numa bolha de vida fora da realidade.
Desse modo, as eleições de sábado para a presidência da Câmara e do Senado chamam a atenção para diversos pontos:
David Alcolumbre (União Brasil – AP) – 73 votos
Marcos Pontes (PL – SP) – 4 votos
Eduardo Girão (Novo – CE) – 4 votos
Brasil unido!? Que bom! Extremos e extremados, centrão, “patriotas”, conservadores (de quê? Para alguns, de privilégios!) etc. União que pode ser por objetivos nacionais ou conveniências pessoais e partidárias, acesso ao dinheiro público. Avaliação de cada um. Sem moralismo.
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Hugo Motta (REP – PB) – 444/513 votos (Aliança PT + PL + …….)
Pastor Henrique Vieira (PSOL – RJ) – 22 votos
Marcel van Hatten (Novo – RS) – 31 votos
União também bastante forte, com motivações e avaliações idem acima. Número de deputados federais por partidos: PL – 99, PT – 68, União Brasil – 59, PP – 47, PSD – 42.
E fora das paredes dos Poderes, gente brigando por política, políticos e ideologias. Alguns brasileiros até parecem “Brazilian-American”, mesmo morando aqui, usando gorrinho Trump e Make America Great Again, achando que os problemas do Brasil serão de interesse dos EUA. Quase todos coitados empurrados, manipulados e incentivados para a frente dos quartéis e a baderna de 8/1, cumprindo penas ou enfrentando longos processos (sem entrar no mérito da questão legal).
Mas quase nenhum incentivador, patrocinador ou super-herói de WhatsApp: na baderna e presos, só “peixe pequeno”, gente iludida, muitos inocentes úteis, claro que com exceções. Nada de “peixe grande”. Mas é assim mesmo: os covardes nunca estão na linha de frente.
É para se conjecturar, então, por que esse dinamismo, esse jogo político feito para as eleições da Câmara e do Senado não foi aplicado para produzir paz social (uma das principais tarefas dos chefes), reconhecer a eleição de 2022 (na época), organizar uma oposição efetiva e de qualidade (tão importante quanto o governo na democracia) e tentar ganhar a próxima eleição, de acordo com o jogo democrático?
Assim, as eleições de ontem no Senado e na Câmara mostram que o tempo passa, e estamos a caminho de uma eleição que acontecerá em apenas um ano e nove meses. Não havia necessidade das cenas ridículas teatrais de sofrimento, pessoas acampando em frente aos quartéis, fuga do país, baderna de 8/1 e planos mirabolantes.
Todavia, por que naquela época não houve comportamento político semelhante ao de agora para manter a paz social? Por anarquismo intrínseco, covardia, despreparo, “espírito de porco”?
Por fim, é triste, lastimável, ver que poderia e deveria ter sido evitado o sofrimento de pessoas e famílias, o desgaste de instituições e os prejuízos ao país.
Santos Cruz.
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