Por outro lado, número de desaparecidos aumentou no país
O ano de 2024 apresentou uma queda no número de mortes violentas intencionais no Brasil. Foram registradas 44.127 vítimas o menor número desde 2012. A taxa por cem mil habitantes chegou a 20,8, também a mais baixa da série histórica, com redução de 5,4% em relação ao ano anterior.
Por outro lado, o número de pessoas desaparecidas continua preocupante e atingiu 81.873. A maioria foi assassinada por facções criminosas e enterrada em cemitérios clandestinos. Os dados constam no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na manhã desta quinta-feira (24).
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que a queda no número de mortes pode ser comemorada, mas sempre com o alerta do crescimento dos desaparecimentos.
“As duas facções do Sudeste, que inauguraram no Brasil algumas práticas para sumir com os corpos, hoje operam em rede nacional. Quando vemos um aumento de 5% nos desaparecimentos e uma queda nos homicídios, é sinal de que esses números podem esconder outro fenômeno “, alertou Samira, citando principalmente o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e o PCC, de São Paulo, ambos com filiais e bases espalhadas pelo país.
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Apesar da queda, a letalidade no Brasil ainda é considerada alta em comparação ao cenário mundial. O país lidera o ranking global de homicídios em números absolutos e ocupa a 16ª posição entre os mais violentos, segundo levantamento da UNODC, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, com base em dados de 103 países.
As 10 cidades mais violentas do Brasil estão todas no Nordeste. Samira chamou atenção para a situação na Bahia.
“Isso nos leva a refletir sobre o fato de termos polícias que produzem muita violência e muitas mortes nessas intervenções. Entre os três estados do Nordeste que concentram as dez cidades mais violentas, na Bahia a polícia é parte do problema. Se houvesse mecanismos de controle no uso da força, a Bahia provavelmente sairia rapidamente desse ranking” concluiu Samira.
Ainda conforme o Anuário, as mortes decorrentes de intervenção policial, termo técnico para os assassinatos cometidos pela polícia, representavam 8,1% do total de mortes violentas do país em 2017. Já no ano passado, essa participação alcançou 14,1% de todas as mortes.
Maranguape (CE) – 79,9 homicídios por 100 mil habitantes
Jequié (BA) – 77,6
Juazeiro (BA) – 76,2
Camaçari (BA) – 74,8
Cabo de Santo Agostinho (PE) – 73,3
São Lourenço da Mata (PE) – 73,0
Simões Filho (BA) – 71,4
Caucaia (CE) – 68,7
Maracanaú (CE) – 68,5
Feira de Santana (BA) – 65,2