O Brasil enfrenta uma onda de calor, e alguns estados, como o Rio Grande do Sul, suspenderam as aulas. O forte calor prejudica o rendimento de crianças, adolescentes e professores. O MyNews conversou com exclusividade com Lívia Ciacci, neurocientista parceira do Supera – Ginástica para o Cérebro. Desse modo, ela explicou como as altas temperaturas afetam os alunos e seus impactos nas salas de aula.
R: Dificuldade de concentração: O calor excessivo aumenta a frequência cardíaca e a respiração, enquanto o cérebro reduz sua atividade quando a temperatura passa dos 38°C.
Fadiga: O calor provoca cansaço e sonolência, dificultando a atenção e o engajamento nas atividades escolares. Crianças mais novas correm maior risco de desenvolver sintomas graves, como desmaios, vômitos e confusão mental, pois ainda não têm um sistema de regulação térmica maduro.
Irritabilidade: O desconforto térmico pode aumentar a irritação e dificultar o controle das emoções, prejudicando o relacionamento com colegas e professores.
Desidratação: Comum em dias quentes, a desidratação compromete o funcionamento cerebral, dificultando de memória e raciocínio.
Sistema límbico sobrecarregado: Essa região do cérebro, responsável pelas emoções e pela memória, sofre impactos que dificultam a formação de novas memórias e o aprendizado.
Aumento do cortisol: O estresse térmico eleva a produção desse hormônio, prejudicando a memória e a capacidade de aprendizado.
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Dificuldade em manter a atenção dos alunos: Com os estudantes mais cansados e irritados, os professores enfrentam desafios para manter a turma engajada.
Aumento do estresse: O calor também afeta os professores, causando fadiga, irritabilidade e dificuldade de concentração.
Adaptação das aulas: Para minimizar os efeitos do calor, os professores precisam modificar a dinâmica das aulas, incluindo atividades mais leves, pausas frequentes e atenção aos sinais de estresse térmico ou desidratação.
Quando o corpo enfrenta temperaturas extremas, entra em estado de alerta e prioriza funções vitais, como a regulação térmica. O cérebro percebe esse cenário como uma “crise” e redireciona seus recursos para manter o organismo funcionando.
Todavia, no Rio de Janeiro, mesmo com o calor intenso, muitas escolas mantêm suas atividades normalmente. Lívia Ciacci explica qual deveria ser a temperatura mínima para o trabalho dos professores.
Lívia Ciacci, neurocientista parceria do Supera-ginástica para o cérebro / Foto: Divulgação
R: Nenhuma criança ou adolescente deveria permanecer em ambientes fechados com temperaturas tão elevadas, ao haver risco de danos graves à saúde. A Norma Regulamentadora (NR) 17, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece que a temperatura efetiva deve variar entre 20 °C e 23 °C, com velocidade do ar inferior a 0,75 m/s e umidade relativa acima de 40%. Se essa norma vale para ambientes de trabalho, as escolas deveriam segui-la também.
Caso não haja ar-condicionado, é necessário adotar ajustes estruturais para resfriar os ambientes, como mudanças nos materiais de revestimento, alteração no tamanho e posição das janelas, ampliação das áreas sombreadas, instalação de quebra-sol nos prédios e uso de ventiladores silenciosos e eficientes.
Por fim, o calor também afeta as cordas vocais dos professores, dificultando a condução das aulas. Apenas o ar-condicionado resolveria esse problema ou outras medidas seriam necessárias? A neurocientista responde:
R: “O ar-condicionado pode ressecar as pregas vocais, causando rouquidão. Por isso, professores que trabalham nesse ambiente devem manter sempre uma garrafa de água por perto e evitar forçar a voz. Embora o ar-condicionado seja essencial para garantir o conforto térmico de alunos e professores, ele não é a única solução. Medidas individuais e coletivas são fundamentais para prevenir problemas e garantir um ambiente saudável. O mais importante é levar essa discussão a sério e mobilizar equipes para adaptar a rede escolar brasileira às mudanças climáticas”, finalizou Lívia.