Embates entre secretário da Prefeitura e responsável pela segurança pública do estado marcam mais um duelo da disputa eleitoral de 2026 que foi antecipada
O Rio de Janeiro viveu mais um episódio de violência que já se tornou rotina para os cariocas. Na madrugada desta quinta-feira (18), um grupo de milicianos invadiu o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste, com a intenção de executar um rival. A ação não teve sucesso, mas gerou um novo embate entre a Prefeitura e o Governo do Estado.
A crise começou quando o secretário de Segurança do governo Cláudio Castro, Victor Santos, chamou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, de “mentiroso”. Soranz reagiu nas redes sociais, disse ter se sentido intimidado e comparou a atitude de Victor à ação criminosa. Ele reforçou ainda que, somente neste ano, unidades de saúde da capital precisaram fechar 516 vezes por conta da violência.
“O que vemos hoje é o resultado de uma política de segurança desestruturada, que abandona territórios e deixa a população refém da violência. A saúde resiste, mas precisa de um Estado presente e forte. Não existe ‘cracolândia’ sem venda de crack. Com um mínimo de inteligência investigativa, é possível identificar de onde vem a droga e interromper o abastecimento que alimenta esse cenário de degradação social.”
Soranz, aliás, é filiado ao PSD, mesmo partido do prefeito Eduardo Paes, que pretende disputar o governo estadual em 2026. Embora Paes e Castro, do PL, tenham firmado um pacto de não agressão, a trégua não se estendeu aos secretários. Ainda na manhã desta quinta-feira, Victor Santos concedeu coletiva e voltou a atacar o titular da Saúde:
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“O secretário Soranz é um mentiroso ao dizer que a segurança pública do Rio está um caos e que existe insegurança. Hoje temos os melhores números da série histórica da segurança pública do estado. Esse tipo de mentira causa insegurança à população. Ele afirmar que existem 516 ocorrências de segurança envolvendo hospitais é mentira. Hoje temos pouco menos de 20% das ocorrências ligadas a unidades do município. Precisamos ter responsabilidade para levar segurança às pessoas de bem que moram naquela comunidade.”
“Se a Prefeitura quer ajudar a segurança pública, que coloque guardas municipais nas unidades hospitalares, devolva os policiais militares cedidos e pague os R$ 115 milhões que deve à PM referentes a salários da contrapartida. Quer ajudar? Contribua com a segurança pública, não com declarações irresponsáveis como a desta manhã.”
Soranz respondeu com novos ataques, citando casos recentes de insegurança no Rio:
“O secretário de Segurança parece que não vive no Rio de Janeiro. Ele acha normal invadir uma unidade de saúde com 300 pacientes internados sem que a polícia tenha o mínimo de inteligência para investigar. Se ele não vê unidades sendo fechadas por violência diariamente, é porque não vive nesta cidade. É uma política que envergonha qualquer cidadão do estado. O secretário devia ter inteligência para entender o que acontece e não passar vergonha diariamente com incursões que não levam a lugar nenhum, sem apreender armas, permitindo que tráfico e milícia avancem e até cobrem extorsão no estacionamento ao lado do Pedro II.”
Secretário da Civil, Felipe Cury, reforçou as críticas a Soranz e o acusou de criar fatos mentirosos
“É importante enfatizar a irresponsabilidade desse secretário, ao querer jogar para a plateia e criar factoides com mentiras sobre invasões de hospitais. Ele disse que havia 516 ocorrências, o que é mentira. Podemos provar: a maioria não foi registrada em nenhuma delegacia da Polícia Civil. Ele é um mentiroso.”