Direto de Brasília, MyNews mostra a cobertura do julgamento do ex-presidente
No seu voto no julgamento da trama golpista, Alexandre de Moraes está apresentando um voto duro contra os réus e demonstra que as sentenças que virão serão pesadas. O ministro relembra passo a passo toda a história, remonta a episódios ainda de Jair Bolsonaro, presidente e reforça sua participação como líder da organização criminosa.
Moraes foi buscando desmontar todas as etapas, como a desconfiança e críticas das urnas eletrônicas, citou a reunião ministerial de julho de 2022, as reuniões, as minutas e as demais provas que já constam na peça do procurador-geral da República.
O relator lembrou ainda dos discursos de Bolsonaro feitos no 7 de setembro de 2021, para ele, a prova de viva voz da tentativa de golpe. E reforçou uma frase do ex-presidente citada pelo procurador Paulo Gonet na sua denúncia:
“Só saio (da Presidência) preso, morto ou com a vitória. Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso”, lembrou Moraes.
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Moraes afirmou que foram frases que foram repetidas ao longo do tempo, como os ataques às urnas. E cita outra passagem de ataques de Bolsonaro a ministros do STF: “Ou o chefe desse Poder (Judiciário) se enquadra. Ou pode sofrer aquilo que não queremos”.
“Ele (Bolsonaro) confessa novamente de viva voz o crime de abolição do estado de direito… Isso é um presidente da República instigando milhares de pessoas contra o STF”.
E disse mais o então presidente: “Tem tempo ainda para ser redimir e arquivar seus inquéritos”.
E seguiu Moraes lembrando os ataques de Bolsonaro aos ministros.
“Sai, Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo. Esse presidente da República não cumprirá mais sua decisão.
Moraes afirma no seu voto que não há dúvidas sobre a existência de uma tentativa de golpe e que Jair Bolsonaro é o líder da organização criminosa que tentou implementá-lo.
Moraes citou mensagens trocadas entre integrantes do grupo golpista e citou conteúdo de autoria do deputado Alexandre Ramagem (PL-RS), também réu nesse núcleo.
“O réu Ramagem confirmou a titularidade do documento em que foi localizado esse arquivo digital, salientando, porém, que as anotações foram só para ele, particulares, uma espécie de diário, meu querido diário. Não é razoável que todas as mensagens fossem escritas direcionadas ao presidente, na terceira pessoa, depois essas informações são utilizadas na live e alegação de Ramagem de que era só para ele deixar guardadas as suas ideias, seus pensamentos”.
E continuou:
“Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do senhor no 1º turno […]. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. […] A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente. […] Deve-se dar continuidade àqueles argumentos, com devida e constante publicidade […]. Essas questões que devem ser massificadas”.
“Isso não é uma mensagem de um delinquente que o PCC para outro. Isso é uma mensagem do diretor da Abin para o PR. A organização criminosa já iniciava os atos executórios para se manter no poder independente de qualquer coisa e para afastar o controle judicial previsto constitucionalmente. E ainda com ofensas à lisura e integridade de ministros do Supremo”