True crime: Guto Barra detalha sucesso das séries de Daniella Perez e Bateau Mouche Foto: divulgação

True crime: Guto Barra detalha sucesso das séries de Daniella Perez e Bateau Mouche

MyNews conversa com roteirista e diretor, para falar sobre esse fenômeno de contéudo que cresce no Brasil

Nos últimos anos, o conteúdo de True crime se intensificou e virou sucesso em nosso país. Casos como os de Daniella Perez e do Titanic brasileiro, o Bateau Mouche, tiveram produções incríveis, criando um público fiel. Assim, o MyNews teve a oportunidade de conversar com Guto Barra, roteirista e diretor, para falar sobre esse fenômeno.

Guto, aliás, esteve presente junto de Tatiana Issa, nas produções sobre Daniella Perez, lançada em 2022, e também do Bateau Mouche, que estreou agora em 2025.

R: “O público brasileiro sempre teve interesse por histórias de crimes. Nos anos 70 e 80, os jornais que cobriam, de maneira inclusive bem apelativa, os crimes das grandes cidades eram incrivelmente populares. Muitas novelas giravam em torno de crimes e do mistério sobre ‘quem matou?’. Então, acredito que o que vemos hoje não é uma moda ou uma onda de interesse por histórias de crimes. O que existe é uma nova conexão com a linguagem chamada de ‘true crime’, que consegue se aprofundar nas histórias de uma maneira que talvez o jornalismo já não consiga.”

Quem mais procura contéudos sobre True crime e motivos?

O roteirista explica o que não pode faltar em um conteúdo de true crime e o que o público mais costuma procurar.

R: “Existem estudos que evidenciam que o público do true crime é majoritariamente feminino e que esse público se interessa muito pela mente dos assassinos e criminosos. Mas acho que essas histórias despertam interesse porque a maioria das pessoas tem empatia pelas vítimas e suas famílias e quer, de certa forma, entender aquele sofrimento, colocá-lo em perspectiva em relação às suas vidas. O que não pode faltar são justamente os elementos que ajudam a criar essa conexão, como a emoção real dos entrevistados e a vontade de abrir a porta sobre episódios muito difíceis de se superar.”

VEJA: Pri Helena, a Zezé de Ainda Estou Aqui, fala sobre expectativa do Oscar e sua carreira

Por sua vez, é sempre complicado tocar em feridas abertas e que não cicatrizaram ao longo dos anos. Assim, o produtor, portanto, detalha quais mensagens os conteúdos tentam passar, inclusive sobre a ausência de punição aos envolvidos nos crimes.

R: “Infelizmente, há muitos crimes acontecendo o tempo todo. Por isso, achamos importante contar histórias que vão além do crime em si e apontam para outros erros, seja da imprensa, das autoridades ou de outros fatores. Precisamos muito continuar mostrando as falhas do sistema jurídico e do sistema penitenciário para tentar criar alguma mudança no país. A ideia não é simplesmente usar a revolta como elemento de engajamento, mas inspirar uma discussão mais profunda, que possa fazer com que novas gerações ajudem a corrigir os erros do passado.”

Diferença e semelhanças entre Daniella Perez e Bateau Mouche

Contudo, a série de Daniella conta o relato de uma atriz no auge de sua carreira, morta por um motivo banal por Guilherme de Pádua. O motivo era a inveja da companheira, além de o ator, na ocasião, cobrar mais destaque. Já o Bateau Mouche foi um barco que naufragou no réveillon de 1988 para 1989, no Rio de Janeiro. Cinquenta e cinco pessoas faleceram. Desse modo, Guto explica semelhanças e diferenças entre os conteúdos.

R: “A história de Daniella é sobre uma tragédia inimaginável causada por um casal de assassinos e sobre a luta de uma mãe por justiça. O Bateau Mouche é sobre ganância financeira, refletindo a corrupção que existia no Brasil na época. O que nos motiva a contar essas histórias é sempre a vontade de passar a limpo algo que está sendo esquecido e que deveria voltar a ser discutido.

No caso de Daniella, o que havia ficado era uma impressão errônea que insinuava a culpabilização da vítima. No caso do Bateau, muita gente achava que havia sido um acidente apenas por conta da superlotação. A vontade de fazer um registro definitivo sobre a versão verdadeira desses casos é o que nos interessou. Nas duas produções, nosso objetivo era dar voz a versões que não haviam sido contadas corretamente ou que já haviam caído no esquecimento.”

 Guto Barra explica seus trabalhos e revela que está desenvolvendo novos conteúdos.

R: “Estamos trabalhando em outros projetos documentais. Um deles também envolve um crime, com uma história que inclui, além de mortes, um elemento de golpe bem complexo. Ainda não podemos revelar detalhes. Sou diretor e roteirista, tendo sido indicado 11 vezes para o Emmy de Nova York e vencido três. Eu e Tatiana Issa fundamos, em Nova York, há 12 anos, a Producing Partners, que cria e produz séries em diversos gêneros para canais como HBO, Disney, Amazon, Globoplay, entre outros. Minha paixão é sempre contar boas histórias sob uma perspectiva fresca. (Se precisar de mais informações, por favor, visite o nosso site: www.producingpartners.com“, concluiu ao MyNews.

Clique neste link e seja membro do MyNews — ser inscrito é bom, mas ser membro é exclusivo!

Relacionados