O BRASIL É UM PAÍS GRANDE! Foto: Agência Brasil

O BRASIL É UM PAÍS GRANDE!

Antiamericanismo é besteira, disparate. Os EUA são importantes para o Brasil e para o mundo na economia, na tecnologia, no comércio e em muitas outras áreas. Não é por causa de atitudes e características de governantes temporários que vamos alterar todos os conceitos.

Alterar tarifas, mesmo unilateralmente, não é ilegal; é da autonomia nacional; uma questão comercial por interesses econômicos. Mas, de qualquer forma, a confiança é quebrada, contratos se tornam sem validade, acordos internacionais são desrespeitados, insegurança jurídica estabelecida e empresas e pessoas prejudicadas nos dois lados no Brasil.

Na realidade, a confiança do “fio do bigode” nunca existiu nesse caso. Talvez existisse essa sensação de confiança da parte brasileira por sermos latinos e emocionais. O problema é a alteração de tarifas vinculada a razões pessoais, proteção de supostos amigos, interferência em problemas internos, tendo como base o “eu quero, eu posso, I can!”.

O problema não é o aumento de tarifas

Isso é próprio de discussões que resultam em ajustes, perdas e ganhos. O inaceitável é a vinculação a uma postura política-ideológica, com uma exigência sobre decisões cuja discussão do mérito compete exclusivamente ao Brasil.

Vincular tarifas e soberania é estupidez, pois são conceitos com parâmetros diferentes. Tarifa é caso de diálogo e negociação.

Medidas para enfrentar o problema

Vida real, problema instalado. Em consequência, são necessárias medidas para reduzir o impacto, proteger empresas e trabalhadores atingidos, manter a economia e o desenvolvimento. Também são necessárias ações para diminuir ou acabar com a dependência do Brasil em alguns pontos.

É fundamental manter abertos o diálogo e a negociação com os EUA. A diplomacia precisa ser praticada incessantemente, mesmo que os resultados por esse caminho sejam improváveis, pois não é princípio nem comportamento do autor das pretendidas imposições. Ao mesmo tempo, é importante repudiar interferência em assuntos internos, não aceitar chantagens e responder à altura atitudes de desrespeito, arrogâncias e ameaças.

Interesses políticos por trás

Existem vários interesses nesse caso. Um deles é naturalmente político, talvez o objetivo final: apoiar e colocar no governo do Brasil alguém da mesma sintonia política. Daí o resto dos interesses vêm como consequência natural, como diz o gorrinho MAGA! Isso é um aproveitamento oportuno do radicalismo e da polarização inúteis, do extremismo direita x esquerda, do entusiasmo dos “brazilians patriots” (que alguém chamou de bi-patriotas!).

As atividades de brasileiros no exterior, com objetivos próprios, contra os interesses nacionais, instituições e pessoas (apoio à interferências externas, tarifas, sanções etc.), são mais um caso para a Justiça. Não se pode confundir direito de contestação com covardia e traição.

Questão de princípios

Não se trata aqui de considerações sobre pessoas atingidas e envolvidas, se são boas ou más, prejudicadas ou beneficiadas, certas ou erradas. A dimensão é muito maior. É uma questão de princípios que atinge a independência e a soberania nacional na economia, na política, na solução de assuntos internos.

A aplicação de uma lei sem qualquer princípio e procedimento processual, distorcendo seus fundamentos, por vontade pessoal, é inaceitável. “Eu quero” como princípio legal precisa ser repudiado universalmente. Não pode ser validada a aplicação da lei num caso que não tem nada a ver com ela. Aplicação da lei fora das finalidades, baseada em falso moralismo, é hipocrisia.

Aceitar que imposição externa tem direito de ser feita não é só falta de patriotismo; é o reconhecimento da incapacidade de se organizar para resolver os próprios problemas; é atestar a incompetência para lutar pelo que se quer; é a mediocridade de aceitar que não vamos aprender nunca. A validação de um “corregedor” externo é vergonhosa. É regressão aos tempos coloniais; é mentalidade de submissão. Nós temos que aprender a resolver as disputas internas, mesmo com intensidade, como aconteceu muitas vezes na nossa história.

Luta interna e soberania

Somos nós que temos que aprender a lutar por aquilo que queremos, que achamos correto, e pelos aperfeiçoamentos necessários no nosso país. Não é uma autoridade estrangeira que vai definir o que é certo ou errado no Brasil.

A disputa da direita x esquerda extremadas não trouxe e não traz nada de bom. O extremismo político não deixa ver o que interessa ao Brasil. Até agora só levou ao populismo e ao enfraquecimento do patriotismo e do nacionalismo. Existe o perigo de alguns evoluírem para entreguismo, traição e aceitação de um novo colonialismo político, criando até “justificativas” para sua própria submissão.

A briga pelo poder baseada no fanatismo faz perder a noção do que é aceitável e inaceitável; faz perder a capacidade de discernimento. Um dos sintomas dessa perda de critério é quando, em manifestações, algumas pessoas se embrulham em bandeiras de outros países que nada têm a ver com os objetivos pleiteados pelos manifestantes. Outra demonstração da perda de limites é o uso de gorrinho com motivação política em outro contexto. Isso é mau exemplo, mediocridade, vergonha, vassalagem. É o famoso viralatismo.

Unidade acima de ideologias

Divergências e disputas políticas internas são normais e fazem o dinamismo positivo necessário à evolução da democracia. No entanto, as diversas correntes políticas precisam estar unidas em pontos básicos da soberania e do patriotismo.

Crises são oportunidades para mudanças e conscientização do que somos capazes. Superar crises é sempre difícil. Mas é a própria dificuldade que traz energia para enfrentá-la. Desafios, arrogâncias e ameaças multiplicam motivação, coragem, criatividade, descobrimento de novas soluções, disposição para sair da rotina.

O Brasil pode e deve enfrentar o desafio

Temos força estratégica. Somos 212 milhões, metade da população e do PIB da América do Sul, um mercado imenso (mesmo considerando uma redução na capacidade de consumo pela nossa imoral desigualdade social), empresariado dinâmico, recursos e muitas opções para enfrentar essa crise temporária.

Podemos reduzir e otimizar gastos públicos, combater desperdício e corrupção, valorizar nosso empresariado, trabalhadores e produtos, indústria, agricultura, evolução tecnológica, abrir mercados, utilizar sistemas próprios na economia, na tecnologia etc.

Assim como em qualquer sociedade, o Brasil, as instituições e as pessoas têm problemas. A necessidade de aperfeiçoamento é constante, interminável. De qualquer forma, o Brasil já atingiu a maioridade. A dimensão brasileira não aceita mais qualquer tipo de imposição do que comprar e vender, de quem e para quem, em que moeda fazer seus contratos, obrigatoriedade de alinhamento político, do que deve e o que não deve fazer.

É hora de crescer mais do que o problema para poder resolvê-lo, transformar a situação numa oportunidade para lutar por mudanças internas, reduzir algumas dependências, acreditar na capacidade do país, despertar lideranças, reforçar a soberania, o patriotismo de verdade e o nacionalismo sem distorções.

O Brasil é um país grande!
Carlos Alberto dos Santos Cruz

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